Tacla Duran suspende depoimento na Câmara dos Deputados por questões burocráticas

Tacla Duran suspende depoimento na Câmara dos Deputados por questões burocráticas

O advogado Rodrigo Tacla Duran suspende sua vinda ao Brasil para depor na Câmara dos Deputados, alegando questões burocráticas. Ele era aguardado para prestar depoimento em uma Audiência Pública, onde discutiria a suposta venda de sentenças na Lava Jato através de delações premiadas e acordos de leniência durante o período em que o juiz Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol estavam à frente das investigações.

A notícia de que Tacla Duran não compareceria à Câmara na próxima segunda-feira, dia 19/6, foi revelada com exclusividade no Podcast do Esmael, transmitido ontem à noite, criando grande expectativa entre os ouvintes. O ex-advogado da Odebrecht reside na Espanha desde 2017, alegando ser vítima de extorsão por pessoas próximas a Moro e Dallagnol.

O convite para o depoimento de Tacla Duran foi feito pela Comissão de Administração e Serviço Público, aprovado após o requerimento do deputado Rogério Correia (PT-MG) no início de maio.

Confira abaixo a íntegra do comunicado enviado por Tacla Duran à Câmara dos Deputados:

“Assunto: Convite – Audiência Pública

Prezados,

Turismo Foz

Informo que, devido a questões burocráticas, infelizmente não será possível comparecer perante esta Comissão no próximo dia 19/06.

Linha PAI

A cooperação internacional com a Espanha está em tramitação no Ministério da Justiça e, assim que for concluída, entrarei em contato com esta Secretaria para agendar uma nova data.

Agradeço antecipadamente ao Presidente da Comissão, Deputado Bruno Faria, e ao autor do requerimento, Deputado Rogério Correia.

Cordialmente,

Rodrigo Tacla Duran”

A solicitação para o depoimento de Tacla Duran na Câmara foi feita pela Comissão de Administração e Serviço Público, com o objetivo de esclarecer as denúncias feitas pelo advogado sobre a extorsão que ele afirma ter sofrido no âmbito da operação Lava Jato.

Justificativa da convocação, segundo o autor deputado Rogério Correia:

Rodrigo Tacla Duran, advogado acusado na operação Lava Jato, revelou ter sido vítima de extorsão durante essa investigação, alegando ter feito pagamentos a advogados que teriam influência no Ministério Público e no Poder Judiciário para evitar sua prisão ou, inversamente, induzi-la.

Tacla Duran, que atuou como advogado da Odebrecht, foi acusado de lavagem de dinheiro em 2016 pela equipe da Lava Jato. Essa operação, considerada a maior investigação de combate à corrupção e lavagem de dinheiro da história do Brasil, tornou-se conhecida por suas operações policiais de grande repercussão midiática, especialmente após a divulgação de diálogos entre o então juiz Sérgio Moro e os procuradores. No entanto, a Lava Jato enfrentou revés nos tribunais superiores e colocou em xeque a credibilidade do sistema judicial brasileiro.

É importante ressaltar que diversos processos oriundos dessa operação, cujo juiz responsável era o agora senador Sérgio Moro (União-PR), foram anulados, e o próprio Moro foi declarado suspeito pelo Supremo Tribunal Federal.

Em uma entrevista concedida ao jornalista Jamil Chade anos atrás, o advogado relatou que foi obrigado a deixar o país devido à operação Lava Jato. Ele afirmou: “Paguei para não ser preso” e detalhou uma suposta extorsão no valor de US$ 5 milhões, que teria começado quando seu nome se tornou alvo dessa investigação. Tacla Duran alega ter pago uma primeira parcela de US$ 612 mil ao advogado Marlus Arns, ligado à esposa do juiz Sérgio Moro, mas se recusou a pagar o restante.

As graves acusações de corrupção, tráfico de influência ou denunciação caluniosa exigiriam uma investigação para confirmar ou refutar sua veracidade, mas até o momento nada foi feito a respeito.

Em 27 de março de 2023, Tacla Duran prestou depoimento pela primeira vez na Vara de Curitiba, perante o juiz Eduardo Appio, novo responsável pelos processos da Lava Jato, recentemente afastado pelo TRF4, reafirmando as alegações de extorsão que sofreu e associando esse crime ao casal Rosângela e Sérgio Moro, bem como ao ex-procurador e ex-deputado federal cassado Deltan Dallagnol (PODE-PR), que, na época todos com foro privilegiado, o que levou o caso ao Supremo Tribunal Federal.

Além disso, chama atenção o fato de que, mesmo após o encaminhamento do assunto ao Supremo Tribunal Federal, uma vez que Moro e Dallagnol eram parlamentares federais e, portanto, o foro judicial se deslocava para a Suprema Corte, um desembargador do TRF4 determinou a prisão preventiva do acusador Tacla Duran.

Vale ressaltar que o desembargador responsável por essa decisão, Marcelo Malucelli, é pai do advogado João Eduardo Malucelli, sócio do ex-juiz Sérgio Moro em um escritório de advocacia, conforme noticiado pela imprensa brasileira. Caso confirmada, essa conduta evidencia a continuação da degradante utilização do Poder Judiciário para fins políticos, algo que deve ser combatido com veemência por toda a sociedade e, principalmente, pelo Parlamento Brasileiro. Diante dessa realidade, é imprescindível que a Câmara se dedique a esclarecer os fatos, argumento o deputado Rogério Correia.

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