Racha no PSD cresce, Greca desafia Ratinho e caso Master pressiona governo

O governador Ratinho Júnior entra dezembro sitiado por tempestades políticas. O racha no PSD, o avanço das investigações sobre consignados e o escândalo do Banco Master criam um ambiente de desgaste que corrói a autoridade do Palácio Iguaçu.

Ratinho não pode disputar um terceiro mandato e ainda não decidiu se conclui a gestão ou renuncia para buscar outro cargo. Sua pretensão presidencial perdeu sustentação, como o Blog do Esmael antecipou. Enquanto isso, a disputa interna virou guerra campal.

A conflagração entre os três pré-candidatos governistas é total. Guto Silva, Alexandre Curi e Rafael Greca, todos do PSD, afirmam que não recuarão da disputa pelo Palácio Iguaçu em 2026. A propaganda recente do PSD, com o “ninguém solta a mão de ninguém”, virou ficção.

Nos bastidores, Greca e Curi selaram um pacto. Se Ratinho apontar Guto Silva, ambos deixam o PSD. Curi migraria para o Republicanos. Greca rumaria ao Podemos, embora também seja disputado pelo PP. Os dois se veem como governador e vice, em qualquer ordem.

Greca elevou a tensão ao confirmar, em vídeo recente, que é pré-candidato ao governo e lançou um recado direto a Ratinho. Disse que lidera as pesquisas internas do campo governista, que espera não ser contrariado e que pode trocar de partido.

Pediu até oração.

“Oremos pela inteligência do Ratinho”, disse o ex-prefeito.

A cena foi lida como desafio público à autoridade do governador, que assiste ao derretimento da própria base.

Enquanto a base racha, o PT avança. O partido articula a candidatura do deputado Requião Filho (PDT) para liderar uma frente de esquerda na sucessão de Ratinho. O movimento inclui PT, PDT, PCdoB, PV e a federação PSOL-Rede. A esquerda enxerga oportunidade diante do enfraquecimento do PSD.

O líder da oposição, deputado Arilson Chiorato, intensificou a ofensiva. Além de monitorar a operação sobre o Banco Master e denunciar descontos indevidos em servidores, Arilson afirma que pessoas próximas ao governador receberam mais de R$ 5 milhões em publicidade em campanhas ligadas aos empréstimos consignados.

Segundo ele, há vínculos diretos entre operadores políticos do governo e ações publicitárias voltadas ao sistema de consignados no serviço público.

“Estamos de olho e vamos investigar”, disse Chiorato após receber denúncias de servidores que relataram descontos não autorizados pelo Master.

As denúncias não param nos consignados. Arilson montou um dossiê completo sobre a concessão dos pátios do Detran, apontando supostos sobrepreços e irregularidades estruturais no modelo adotado pelo governo. O tema deve ser levado à Comissão de Fiscalização da Assembleia Legislativa.

Outro foco de investigação é o programa PoupaTempo do Paraná, alvo de questionamentos pela escolha de uma única empresa para operar um contrato de R$ 1 bilhão. O contraste com São Paulo, onde o mesmo programa foi fracionado entre seis empresas, reduzindo custos e dispersando riscos, virou munição para a oposição. Arilson afirma que o contrato paranaense carece de justificativa técnica e de transparência.

Mas não para por aí.

Como confusão pouca é bobagem, o PT passou a lupa sobre contratos de tecnologia firmados pelo governo, inclusive com o Google. Os petistas analisam termos, escopo, valores e possíveis irregularidades de contratação. O objetivo é identificar se houve favorecimento, falta de concorrência, sobrepreço ou desvio de finalidade em parcerias digitais do Estado.

Os petistas também levantam uma relação de bens acumulados por pessoas próximas ao governador, sem origens comprovadas. O levantamento inclui imóveis, veículos, empresas e evolução patrimonial incompatível com a renda conhecida de operadores políticos aliados ao núcleo do governo. Os dados alimentam pedidos de investigação sobre possível enriquecimento sem justificativa.

As investigações sobre consignados ampliam o desgaste. O Ministério Público e o Tribunal de Contas apontaram erros admitidos pela própria Secretaria de Administração e Previdência. O que se sabe hoje: houve um vaivém de empresas, dispensas de licitação e suspeitas de subcontratação total do serviço.

Portabilidade de contrato antigo para consignado CLT começa a valer
O fantasma dos empréstimos consignados rondam o Palácio Iguaçu, segundo o PT.

Mas há um ponto essencial que corrige a narrativa inicial:

A Fundação Parque Tecnológico Itaipu, atual Parquetec, foi vítima do esquema, segundo apurações internas da Itaipu Binacional, e o contrato suspeito foi barrado pelo diretor-geral brasileiro, Enio Verri.

A Parquetec tentou realizar o serviço de forma regular, mas foi induzida a adquirir um software que violava cláusulas contratuais. Ao identificar as irregularidades, Verri determinou a interrupção da operação.

O MP agora investiga por que a secretaria insistiu em processos por dispensa de licitação e em empresas que se revezam no mesmo endereço em Minas Gerais. A Safe Consig aponta ligação operacional entre Salt e Zetrasoft. O governo afirma que tudo foi feito dentro da lei, mas abriu processo administrativo para apurar a contratação equivocada.

No centro do redemoinho, Ratinho assiste à deterioração simultânea de seu grupo político e de sua imagem administrativa. Entre racha no PSD, investigações do MP, pressão da esquerda e pré-candidatos governistas em guerra aberta, o governador perdeu o controle das próprias variáveis.

A sucessão de 2026 deverá redesenhar o mapa de poder do Paraná. E Ratinho, que já viveu dias melhores, encara um dezembro de chuvas e trovoadas.

Enquanto isso, na outra trincheira, o senador Sergio Moro (União), embora também enfrente risco de ficar sem legenda, esfrega as mãos com a possibilidade de mais lama governistas chegarem ao ventilador. Quanto mais sangue e carniça, melhor para o ex-juiz da Lava Jato, que sonha com a cadeira de Ratinho Júnior.

Continue acompanhando os bastidores da política e do poder pelo Blog do Esmael.

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