Tarcísio x Ratinho: disputa pelo espólio da direita em 2026

Oligarcas apostam em Tarcísio; Ratinho tenta surfar o impasse

A possível revogação da prisão domiciliar de Jair Bolsonaro (PL), decretada no inquérito que apura coação contra o Judiciário, virou o centro da articulação dos oligarcas do sistema financeiro e da mídia corporativa. Como mostrou o Blog do Esmael, a defesa protocolou no Supremo Tribunal Federal um pedido para encerrar as medidas cautelares, já que a PGR não incluiu o ex-presidente na denúncia contra Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o jornalista Paulo Figueiredo. Para juristas, sem denúncia, a prisão perde objeto.

É aí que política e toga se encontram. Se o STF aceitar a tese e Bolsonaro for solto, o passo seguinte seria o anúncio de apoio formal a Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), que se apresenta como candidato viável da direita em 2026. O próprio Bolsonaro deixou claro que só apoiaria o governador paulista depois de resolver seu problema judicial.

Nos bastidores, o recuo de Tarcísio é lido como gesto de prudência. Sem a libertação do padrinho político, qualquer movimento mais ousado arriscaria transformá-lo em alvo preferencial de ataques, tanto da esquerda quanto do bolsonarismo radical. A visita agendada para segunda-feira (29) ao ex-presidente em Brasília pode ser o marco simbólico da candidatura, desde que a chave da prisão domiciliar seja virada.

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O deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), líder do partido na Câmara, assumiu o papel de bombeiro e viajou aos Estados Unidos para entregar ao “03”, deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), a ordem do ex-presidente: é hora de baixar as armas. De quebra, Eduardo ainda ganhou um relator para chamar de seu no processo de cassação em curso no Conselho de Ética.

Enquanto a toga decide a Câmara passa pano, Ratinho Junior (PSD-PR) tenta se projetar em São Paulo. Circulou com Gilberto Kassab, presidente do PSD, conversou com empresários e sondou lideranças regionais. Seu movimento é visto como tentativa de ocupar espaço no maior colégio eleitoral do país, mas analistas avaliam que o governador paranaense só tem chance real se os oligarcas não conseguirem liberar Bolsonaro para chancelar Tarcísio.

O PSD mantém a hierarquia: Tarcísio como primeira opção, Ratinho como plano B e Eduardo Leite (PSDB-RS) como plano C. “Se Bolsonaro sair da prisão, Tarcísio vira candidato no dia seguinte”, resumiu ao Blog do Esmael um dirigente paulista.

A indefinição do clã Bolsonaro, que mantém o discurso de candidatura do ex-presidente apesar da condenação a 27 anos de prisão, amplia a tensão. Para aliados, trata-se de blefe que atrasa a reorganização da direita. O senador Ciro Nogueira (PP-PI) revelou a preocupação ao cobrar unidade: “Ou nos unificamos ou vamos jogar fora uma eleição ganha outra vez.”

O jogo está claro: o pedido de soltura de Bolsonaro no STF é a senha que os oligarcas precisam para lançar Tarcísio. Enquanto isso, Ratinho Junior tenta surfar o impasse, mas segue como peça secundária. Se a toga não resolver, a direita corre o risco de entrar em 2026 dividida e vulnerável diante de Lula.

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