O Partido Missão entrou no jogo eleitoral paranaense com barulho, ao lançar Luiz França, 31 anos, como pré-candidato ao governo do Paraná, após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) validar a legenda.
O pedetista Requião Filho, pré-candidato da coligação PDT-Federação, reagiu de imediato e ironizou a novidade, dizendo que a sigla “já nasce com uma bíblia própria” e “reza a cartilha do Rato e Moro”, sugerindo uma sublegenda no estado.
O registro do Missão no TSE, relatado pelo ministro André Mendonça, marcou a transição do antigo Movimento Brasil Livre para um partido formal com número próprio, o 14.
A aprovação foi unânime e exigiu mais de 547 mil fichas validadas em nove estados, esforço iniciado em 2023.
O lançamento de França busca ocupar o espaço antipolítica e liberal no estado, com discurso de eficiência pública, repressão às facções criminosas e combate à corrupção.
O advogado aparece como aposta da juventude neoliberal, ex-MBL, em oposição ao pedetista Requião Filho, que tenta estruturar uma frente progressista com o PT, PCdoB e o PV.
A crítica do deputado do PDT, feita nas redes, mirou esse pedigree político.
Na avaliação de Requião Filho, o Missão seria uma versão reciclada do projeto de Ratinho Junior, PSD, e do ex-juiz e hoje senador Sérgio Moro, União Brasil, ambos símbolos da direita institucional paranaense.
“O partido já nasce com uma ‘bíblia’ própria. E vem rezando a cartilha do Rato e Moro. Fala muito sem dizer nada”, escreveu.
A direção do Missão diz que o ciclo político mudou e que o Estado precisa de renovação institucional.
“É o início de um novo ciclo político. O Partido Missão nasce com vocação de protagonismo, não de coadjuvante”, afirmou Willian Pedroso, secretário-geral da sigla.
No plano nacional, Renan Santos será candidato à Presidência da República em 2026.
O fundador do MBL aparece com até 4% em levantamentos iniciais e tenta capturar voto jovem e urbano, diz o dirigente no estado.
O partido aposta no “Livro Amarelo”, manifesto programático elaborado desde 2024.
O Missão corre para montar chapas à Assembleia Legislativa do Paraná e Câmara dos Deputados.
A legenda chega como a 30ª do país em meio a desconfiança de movimentos tradicionais e à fragmentação que costuma favorecer líderes regionais consolidados.
O cenário paranaense projeta uma disputa polarizada, com Requião Filho articulando frente progressista e França tentando se vender como ruptura à extrema direita.
Resta saber se o Missão conseguirá empolgar além da bolha digital e enfrentar máquinas políticas locais poderosas.
A estratégia, porém, pode atiçar o debate estadual, historicamente dominado por grupos tradicionais.
Se cumprir a promessa de “sacudir o tabuleiro”, como dizem seus líderes, a corrida ao Palácio Iguaçu ganha mais tempero.
A aposta do Missão parece mirar o mesmo eleitor que rejeita velhas estruturas e abraça a narrativa de renovação liberal.
A leitura crítica dos partidos progressistas, contudo, aponta para mais uma reedição da desgastada onda moralista que marcou a política brasileira na última década.
Qual projeto conversa mais com a realidade do Paraná e sua urgência social?
A urna dirá.
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Jornalista e Advogado. Especialista em política nacional e bastidores do poder. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.






