O presidente Lula (PT) recebeu o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para avisar que ele não será indicado ao Supremo Tribunal Federal e que o escolhido é o advogado-geral da União Jorge Messias, num gesto interpretado como o “beijo da morte” às pretensões do mineiro e reafirmando a lógica política de que convites presidenciais não se recusam, e desconvites jamais se ignoram.
A reunião ocorreu no Palácio do Planalto nesta segunda, 17. Lula foi direto ao ponto ao afirmar que precisa de Pacheco na disputa pelo governo de Minas em 2026. Disse que governar o estado é tarefa mais estratégica do que ocupar uma cadeira no Supremo, reposicionando o mineiro como peça central da disputa regional.
O Blog do Esmael já havia antecipado que Pacheco dificilmente seria levado ao STF. Na análise publicada na semana passada, este site apontou que Lula fortalecia Messias em silêncio, ao mesmo tempo em que empurrava o presidente do Senado para a arena mineira. O encontro privado apenas confirmou a leitura anterior deste blog.
A movimentação irritou o presidente do Senado Davi Alcolumbre (União-AP), que trabalhava pela indicação do mineiro. Líderes do Senado reconhecem que Pacheco era o preferido da maioria, mas Lula sustenta que a prerrogativa de indicar é exclusiva da Presidência da República. Aos senadores cabe aprovar ou rejeitar, mas uma rejeição abriria crise grave entre os Poderes, já que somente cinco indicações foram barradas em 134 anos, todas no governo Floriano Peixoto.
Nos bastidores, aliados avaliam que a escolha de Messias reorganiza dois tabuleiros simultâneos. O primeiro, a disputa interna pelo Supremo. O segundo, a sucessão mineira, onde Lula pretende ampliar influência no Sudeste e reconstruir bases eleitorais para 2026.
A aposta do Planalto é que Pacheco, consolidado politicamente, pode liderar uma coalizão com potencial de romper a hegemonia de forças conservadoras no estado. O gesto presidencial funciona como um empurrão obrigatório, típico dos movimentos mais calculados de Brasília.
Para Alcolumbre, a decisão expõe a fragilidade de sua articulação. Ele terá de presidir uma sabatina politicamente tensa, sabendo que parte do Senado preferia outro nome. Mas, no Planalto, a versão é uníssona: Lula não volta atrás quando fecha questão sobre o Supremo. E Messias já se movimenta como ministro em potência.
A porta do STF se fechou para Pacheco, e, em Brasília, quando o presidente fecha uma porta dessas, geralmente está abrindo outra bem maior no horizonte político.
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Jornalista e Advogado. Especialista em política nacional e bastidores do poder. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.




