Luciano Huck e Marina Silva na live do FHC, do jeito que o Diabo gosta

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o FHC, vem se esforçando para montar uma frente de centro-direita para preservar os direitos de banqueiros e especuladores. Para isso, ele vem seduzindo com sua live mágica alguns setores e consolidando outros — que já estavam a estibordo, o lado direito da embarcação.

Neste sábado (13), Dia de Santo Antônio, o casamenteiro, o grupo “Direitos Já — Fórum Pela Democracia” vai “livear” (se é que existe esse verbo) com o apresentador Luciano Huck, a ex-ministra Marina Silva, o deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), o general Santos Cruz e a ministra do STF Carmén Lúcia.

Nesta quinta-feira (11), durante uma coletiva com youtubers, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) rejeitou peremptoriamente a ideia de frente única proposta por FHC e Ciro Gomes (PDT).

Na entrevista que durou cerca de duas horas e meia, o petista disse que esse modelo não vingará no Brasil. No entanto, Lula destacou a importância de uma frente eleitoral com programa democrático, que condene as privatizações e defenda distribuição de renda.

O ex-presidente Lula atribuiu ainda a eleição de Jair Bolsonaro (sem partido) a Ciro Gomes e ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. “O Ciro viaja para Paris, o FHC anula o voto e eles vêm dizer que PT elegeu Bolsonaro? Tenha dó”, criticou.

O ex-ministro José Dirceu não tem dúvidas de que o establishment quer uma transição por cima, sem a participação do povo.

Economia

“Fernando Henrique, Ciro Gomes, Marina e a Globo avançam para uma proposta de frente ampla e é evidente que vão trabalhar para uma transição por cima”. Ele lembra:“Já tivemos esta experiência no Brasil. Temos que trabalhar para uma ruptura e uma transição por baixo nas ruas, como se deu na campanha das Diretas Já”.

Quanto a live de centro-direita, deste sábado, liderada por FHC, participarão as seguintes pessoas:

  • Carmen Lucia, ministra do STF;
  • Marina Silva, ex-ministra do Meio Ambiente;
  • Luciano Huck, apresentador da Globo e pré-candidato à Presidência da República;
  • General Carlos Santos Cruz, ex-ministro da Secretaria de Governo de Jair Bolsonaro; e
  • Alessandro Molon (RJ), líder do PSB na Câmara.

Nos bastidores da política, a conversa é que FHC articula uma chapa com Huck na cabeça e o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), na vice.

No sábado passado, Dino também esteve na live com FHC, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e governador do Ceará, Camilo Santana (PT).

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Forças Armadas não podem intervir nos demais Poderes, decide STF

O ministro Luiz Fux, vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), em resposta a um pedido do PDT, decidiu nesta sexta-feira (12) que as Forças Armadas não são ‘poder moderador’ e não podem intervir nos Poderes.

Na prática, Fux disse o ‘óbvio ululante’ acerca da interpretação de que o artigo 142 da Constituição Federal autorizaria as Forças Armadas a fazerem uma “intervenção constitucional” em casos de conflitos entre Poderes.

O PDT afirmou no pedido que a hipótese de intervenção das Forças Armadas seria inconstitucional. Fux concordou com a análise do partido de Ciro Gomes e Carlos Lupi:

“A prerrogativa do presidente da República de autorizar o emprego das Forças Armadas, por iniciativa própria ou em atendimento a pedido manifestado por quaisquer dos outros poderes constitucionais, não pode ser exercida contra os próprios poderes entre si.”

Agora, após interpretar Fux a Constituição, falta combinar com os militares e os aloprados ligados ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Como disse certa feita o ex-juiz Sérgio Moro, “In Fux We Trust” [“Nós confiamos no Fux”].

Leia trecho da decisão de Fux, que fulmina os intervencionistas:

1) A missão institucional das Forças Armadas na defesa da Pátria, na garantia dos poderes constitucionais e na garantia da lei e da ordem não acomoda o exercício de poder moderador entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário;

2) A chefia das Forças Armadas é poder limitado, excluindo-se qualquer interpretação que permita sua utilização para indevidas intromissões no independente funcionamento dos outros Poderes, relacionando-se a autoridade sobre as Forças Armadas às competências materiais atribuídas pela Constituição ao Presidente da República;

3) A prerrogativa do Presidente da República de autorizar o emprego das Forças Armadas, por iniciativa própria ou em atendimento a pedido manifestado por quaisquer dos outros poderes constitucionais – por intermédio dos Presidentes do Supremo Tribunal Federal, do Senado Federal ou da Câmara dos Deputados –, não pode ser exercida contra os próprios Poderes entre si;

4) O emprego das Forças Armadas para a “garantia da lei e da ordem”, embora não se limite às hipóteses de intervenção federal, de estados de defesa e de estado sítio, presta-se ao excepcional enfrentamento de grave e concreta violação à segurança pública interna, em caráter subsidiário, após o esgotamento dos mecanismos ordinários e preferenciais de preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, mediante a atuação colaborativa das instituições estatais e sujeita ao controle permanente dos demais poderes, na forma da Constituição e da lei.