Primeira-dama, que frequentemente é alvo da extrema direita, se solidariza com a ministra responsável pela articulação política do governo Lula
A primeira-dama Janja Lula da Silva usou as redes sociais nesta sexta-feira (2) para sair em defesa da ministra Gleisi Hoffmann, da Secretaria de Relações Institucionais, após um ataque verbal machista proferido pelo deputado Gilvan da Federal (PL-ES), durante sessão da Câmara.
“Minha total solidariedade à ministra Gleisi Hoffmann diante dos ataques misóginos proferidos pelo deputado Gilvan da Federal”, escreveu Janja, com um tom direto e indignado.
A esposa do presidente Lula (PT) cobrou publicamente que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), atue com firmeza para “frear o ciclo de misoginia que vem se alastrando” na Casa Baixa.
Em entrevista exclusiva ao Blog do Esmael, concedida no último dia 9 de abril, a ministra Gleisi Hoffmann também manifestou solidariedade à primeira-dama Janja, que havia se tornado alvo da linha de tiro da extrema direita após uma representação contra suas viagens oficiais como representante do país.
Na época, Gleisi foi direto ao ponto: “Não se faz um debate político com as mulheres. Se faz a desqualificação. É uma pena, porque isso empobrece a política brasileira”, afirmou Gleisi.
“A Janja é forte, determinada, tem personalidade. Isso incomoda aqueles que não pensam como ela”, reforçou a ministra.
“Silenciamento cruel das mulheres no poder”, denuncia Janja
Janja não poupou palavras ao descrever o episódio como mais uma tentativa de silenciamento contra mulheres que ousam ocupar o centro do poder.
“Não é um caso isolado. É a repetição do modus operandi cruel de humilhação contra mulheres públicas”, disparou a primeira-dama.
Ela exigiu ações concretas do comando da Câmara dos Deputados para conter o que classificou como uma “cultura de violência política de gênero” institucionalizada.
O que Gilvan da Federal disse contra Gleisi
Durante uma sessão no dia 29 de abril, Gilvan da Federal atacou Gleisi com insinuações ofensivas, citando a ministra responsável pela articulação política do governo Lula de maneira vulgar e misógina ao falar da planilha de propinas da Odebrecht, mencionando os codinomes “Lindinho” e “Amante” – este último atribuído à petista por delatores da Lava Jato.
“Devia ser uma prostituta do caramba”, disse Gilvan da tribuna, misturando ataques pessoais e acusações infundadas em um discurso recheado de ódio político.
A declaração gerou repúdio imediato de parlamentares e lideranças femininas dentro e fora do Congresso.
Gleisi reage e agradece Câmara por representação
Diante da pressão, o presidente da Câmara, Hugo Motta, autorizou a representação contra Gilvan no Conselho de Ética, com o apoio do colégio de líderes da Casa.
A ministra Gleisi Hoffmann agradeceu em suas redes:
“A representação sinaliza uma atitude rigorosa da Câmara diante de comportamentos abusivos que infelizmente têm acontecido. O Parlamento é a casa da democracia, não da violência”, escreveu.
Entenda o caso Janja, Gleisi e Gilvan da Federal
O que motivou a publicação de Janja nas redes sociais?
Janja se pronunciou após falas ofensivas e misóginas do deputado Gilvan da Federal contra a ministra Gleisi Hoffmann durante sessão na Câmara dos Deputados.
Qual foi a resposta da Câmara ao episódio?
O presidente da Casa, Hugo Motta, autorizou uma representação formal contra o deputado no Conselho de Ética, com apoio de líderes parlamentares.
O que significa misoginia institucional?
É quando a estrutura de poder político normaliza ou tolera atitudes ofensivas contra mulheres, como xingamentos, desqualificações e estigmatizações baseadas no gênero.
O que disse Gleisi Hoffmann?
A ministra agradeceu à Câmara pela reação rápida e afirmou que o Parlamento deve ser um espaço de argumentos e não de ofensas.
Quem é Gilvan da Federal?
Deputado federal do PL-ES, bolsonarista de linha dura, conhecido por falas polêmicas e ataques verbais contra adversários políticos, especialmente mulheres.
Janja e Gleisi têm razão
Enquanto o Brasil tenta avançar rumo à igualdade de gênero na política, a misoginia ainda reina em muitos discursos travestidos de “opinião parlamentar”. O episódio protagonizado por Gilvan da Federal não é exceção — é a regra de um jogo sujo que insiste em marginalizar vozes femininas no poder.
Janja acertou ao expor a ferida. Gleisi respondeu com firmeza institucional. Mas a pergunta que fica é: a Câmara vai, de fato, frear o ciclo de misoginia ou apenas jogar para a plateia?
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Jornalista e Advogado. Especialista em política nacional e bastidores do poder. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.