Tite homenageia Pelé na véspera do jogo Brasil x Coreia do Sul na Copa do Mundo

Envie uma oração para Pelé, pede técnico do Brasil

O ex-jogador Cesar Sampaio, técnico adjunto do Brasil, pediu que todos enviem pensamentos calorosos e uma oração silenciosa à lenda do futebol mundial, Edson Arantes do Nascimente, o Pelé, de 82 anos. Tite também homenageou o Rei. “Saúde, Pelé. Saúde“, disse na véspera do jogo Brasil x Coreia do Sul. Abaixo, leia a íntegra.

“Independente da sua religião, peço a todos que mandem uma oração É um homem que me influenciou muito, não só como jogador, mas também como pessoa”, diz César Sampaio, sobre Pelé.

Pelé está internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde costuma fazer exames de câncer no intestino. A partir daqui, a mensagem é que seu estado é estável, mas que a quimioterapia já foi interrompida, o que indica que não há muito mais que os médicos possam fazer para curar Pelé.

No último boletim médico, divulgado no sábado (03/12), a equipe médica afirma que o “Atleta do Século” segue em tratamento e o estado de saúde continua estável.

“Tem tido boa resposta também aos cuidados na infecção respiratória, não apresentando nenhuma piora no quadro nas últimas 24h”, diz o Einstein.

Economia

O drama de Pelé ganha maior dramaticidade e repercussão porque nesse período de Copa todo o mundo está de olho em assuntos relativos ao futebol. A ansiedade em torno da saúde do “Rei” ganha dimensão porque ele foi o responsável pela universalização do esporte.

Tite também homenageia Pelé

O técnico Tite prestou uma homenagem ao Rei Pelé na entrevista coletiva antes da partida contra a Coreia do Sul pelas oitavas de final da Copa do Mundo FIFA Catar 2022. Além de desejar melhoras ao maior jogador de todos os tempos, o treinador relembrou uma passagem com o craque e como ficou impactado ao conhecê-lo.

Vou falar do meu sentimento. Vou fazer uma abertura. Talvez seja a única pessoa que tenha tremido presencialmente para cumprimentar. Eu estou falando de coração e estou falando de emoção. Em 2018, eu vou contar o episódio. Nós estávamos sentados e aí começaram a falar do sorteio, do técnico histórico, de não sei quem, de tirar foto. E eu não queria nem saber disso aí. Eu estava concentrado. Mas aí disseram, olha, vai lá dar um abraço no Pelé. Eu levantei e tremi, cara. Minha mão suou, pulsação aumentou. Cara, eu vou ter a oportunidade de cumprimentar a representatividade humana… Saúde, Pelé. Saúde. O carinho que posso te dar é transmitido por todos nós”, disse o treinador.

Quem é Pelé

Pelé é considerado o Jogador do Século desde 2000.
Pelé é considerado o Jogador do Século desde 2000.

Edson Arantes do Nascimento (Três Corações, 23 de outubro de 1940), mais conhecido como Pelé, é um ex-futebolista brasileiro que atuava como atacante. Ele é amplamente considerado como um dos maiores atletas de todos os tempos. Em 2000, foi eleito Jogador do Século pela Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol (IFFHS) e foi um dos dois vencedores conjuntos do prêmio Melhor Jogador do Século da FIFA. Nesse mesmo ano, Pelé foi eleito Atleta do Século pelo Comitê Olímpico Internacional. De acordo com a IFFHS, Pelé é o segundo maior goleador da história do futebol em jogos oficiais, marcando 765 gols em 812 partidas, e no total 1283 gols em 1363 jogos que incluem amistosos não oficiais, um recorde mundial do Guinness. Durante sua carreira, chegou a ser durante um período o atleta mais bem pago do mundo.

Pelé começou a jogar pelo Santos Futebol Clube aos quinze anos e pela Seleção Brasileira de Futebol aos dezesseis. Durante sua carreira na seleção, ganhou três Copas do Mundo da FIFA: 1958, 1962 e 1970, sendo o único jogador a fazê-lo. Ele também é o maior goleador da história da seleção brasileira, com 77 gols em 92 jogos. Em clubes, ele é o maior artilheiro da história do Santos e os levou a várias conquistas, com destaque para duas Copas Libertadores da América e dois Mundiais Interclubes, vencidos em 1962 e 1963. Conhecido por conectar a frase “jogo bonito” ao futebol, a “ação eletrizante e a propensão a objetivos espetaculares” de Pelé fizeram dele uma estrela rapidamente, e sua equipe fez turnês internacionais, a fim de aproveitar ao máximo sua popularidade. Desde que se aposentou em 1977, é embaixador mundial do futebol e fez muitos trabalhos de atuação e comerciais. Em janeiro de 1995 foi nomeado ministro do esporte no governo Fernando Henrique Cardoso. Em 2010, foi nomeado Presidente Honorário do New York Cosmos.

Com média de quase um gol por partida ao longo de sua carreira, Pelé era especialista em chutar a bola com qualquer um dos pés, além de antecipar os movimentos de seus oponentes em campo. Embora predominantemente atacante, ele também podia se aprofundar e assumir um papel de playmaker, fornecendo assistências com sua visão e habilidade de passe; também usava suas habilidades de drible para ultrapassar os adversários. No Brasil, é aclamado como herói nacional por suas realizações no futebol e por seu apoio franco a políticas que melhoram as condições sociais dos pobres.Ao longo de sua carreira e aposentadoria, Pelé recebeu vários prêmios individuais e de equipe por seu desempenho em campo, suas conquistas recordes e seu legado no esporte.

Primeiros anos na carreira

Edson Arantes do Nascimento nasceu filho do jogador João Ramos do Nascimento, mais conhecido como Dondinho, e Celeste Arantes. É o mais velho de dois irmãos. Pelé recebeu seu primeiro nome em homenagem ao inventor estadunidense Thomas Edison, de quem Dondinho era fã. Seus pais decidiram remover o “i” e chamaram-no de “Edson”, mas houve um erro na certidão de nascimento, levando muitos documentos a mostrar seu nome como “Edison”, não “Edson”, como é chamado. Ele foi originalmente apelidado de “Dico” por sua família. Edson recebeu o apelido “Pelé” durante seu tempo de escola por conta da forma que pronunciava o nome de seu jogador favorito, o goleiro Bilé do Vasco da Gama de São Lourenço, time inspirado no homônimo carioca, o qual falava de forma equivocada. Pelé não gostava do apelido, e chegou a brigar com o colega de sala que inicialmente lhe atribuíra a alcunha. Em sua autobiografia, Pelé afirmou que não tinha ideia do que o nome significava, nem seus velhos amigos. Além da afirmação de que o nome é derivado de Bilé, e que significa “milagre” em hebreu (פֶּ֫לֶא), a palavra não tem nenhum significado em português.

“Meu nome verdadeiro é Edson. Eu não inventei Pelé. Eu não queria esse nome. Pelé soa infantil em português. Edson é mais como Thomas Edison, o homem que inventou a lâmpada.”

 Pelé, sobre sua recusa inicial do apelido.

Pelé cresceu na pobreza, em Bauru, no estado de São Paulo. Ele ganhava dinheiro extra trabalhando em lojas de chá. Ensinado a jogar futebol pelo seu pai, não tinha dinheiro para comprar uma bola de futebol adequada, e geralmente jogava com uma meia recheada com jornal e amarrada com uma corda ou ainda jogava com uma toranja. A primeira equipe de Pelé foi o Sete de Setembro, equipe que jogava na terra batida, batizada em referência à rua que fazia esquina com a casa de Pelé. Do Sete de Setembro Pelé foi para o Ameriquinha, onde calçou chuteiras pela primeira vez, e foi campeão do Torneio Início local. Com 13 anos, Pelé começou a jogar pelo “Baquinho”, equipe infantojuvenil do Bauru Atlético Clube, que conquistou dois campeonatos infantojuvenis. Pelé era o caçula da equipe. O time do Bauru apresentava uma grande superioridade sobre seus adversários: num dos jogos, chegou a ganhar de 21-0, com Pelé sendo um dos artilheiros, com sete gols. No primeiro ano de atuação, a equipe foi campeã com seis rodadas de antecipação. Pelé já chamava a atenção na época, com muitos espectadores vindo aos jogos para assistir o garoto.  O “Baquinho” foi convidado em 1954 a se apresentar na preliminar de um jogo da segunda divisão do Campeonato Paulista, enfrentando o campeão infantojuvenil de São Paulo. O time de Bauru venceu a partida por 12-1, com cinco gols de Pelé, que foi destaque em jornal local da cidade.

A equipe do “Baquinho” se desfez em 1955, e os garotos resolveram criar uma nova equipe, dessa vez para jogar futebol de salão. Deram o nome à equipe de “Radium”, em referência ao Radium Futebol Clube, da cidade de Mococa. O futebol de salão tinha acabado de se tornar popular em Bauru quando Pelé começou a jogar. Ele fez parte da primeira competição de futsal na região. Pelé e sua equipe ganharam o primeiro campeonato e vários outros. Pelé se destacou nesses campeonatos; a superioridade técnica do garoto sobre os demais era tamanha que a Liga de Futebol Amador determinou que Pelé só poderia atuar no gol ou na zaga. Se passasse do meio-campo com a bola, seria falta para o adversário. De acordo com Pelé, o futsal apresentou desafios difíceis; ele disse que era muito mais rápido do que o futebol na grama e que os jogadores eram obrigados a pensar mais rápido, uma vez que todo mundo está perto de todo mundo em campo. Pelé creditou o futebol de salão por ajudá-lo a pensar melhor e mais rápido. Além disso, o futebol de salão permitiu-lhe jogar com adultos quando tinha cerca de 14 anos de idade. Em um dos torneios em que participou, foi inicialmente considerado muito jovem para jogar, mas enfim se tornou o artilheiro da competição com quatorze ou quinze gols; “isso me deu muita confiança”, afirmou posteriormente.

Em 1956, Pelé recebeu uma proposta do Bangu Atlético Clube, que foi recusada por Celeste, mãe de Pelé, que não queria que ele fosse “para uma cidade grande”, em suas próprias palavras. Pelé também foi convidado a jogar no Esporte Clube Noroeste, de Bauru. Waldemar de Brito, seu técnico no Bauru Atlético Clube, se opôs a ideia, com receio que Pelé se lesionasse jogando pelo Noroeste. Brito sugeriu então a ida ao Santos Futebol Clube. A mãe de Pelé inicialmente era contra a ideia, já que não desejava que Pelé se tornasse um jogador de futebol; ela acabou sendo convencida, e Pelé foi com Brito para a cidade de Santos.

A rivalidade com Maradona

Pelé ganhou três Copas do Mundo: 1958, 1962 e 1970
Pelé ganhou três Copas do Mundo: 1958, 1962 e 1970

Apesar de não terem sido contemporâneos em campo, Pelé e Diego Maradona protagonizaram uma forte rivalidade, sobretudo a partir do século XXI, sobre qual dos dois seria o melhor jogador da história. A rivalidade entre os dois é considerada como uma das maiores do futebol.

No início de sua carreira, Maradona era fã de Pelé: em 1979, quando tinha dezoito anos e ainda era considerado uma promessa, se reuniu com o brasileiro, após revelar a um jornalista da revista argentina El Gráfico seu desejo de conhecer Pelé. Segundo o jornalista, Guillermo Blanco, um dos sonhos de Maradona era conhecer Pelé. A revista promoveu o encontro, estampando em sua manchete “Maradona realizou seu sonho”. Naquela época, Maradona afirmava que procurava imitar Pelé, declarando que ele era o melhor de todos os tempos.

Em 1982, após ter atuado em sua primeira Copa do Mundo e ter trocado o Boca Juniors pelo Barcelona, Maradona passou a ser comparado a Pelé, bem como apontado como possível “sucessor” do brasileiro. Ainda naquela época, Maradona rejeitava as comparações, afirmando que Pelé era insuperável, e que fora o maior jogador que vira jogar. As constantes comparações irritaram Pelé, que em 1986 afirmou que elas não faziam sentido, já que Maradona não era ambidestro como ele, tampouco fazia gols de cabeça. As críticas de Pelé azedaram as relações entre ambos, e Maradona passou a criticar a proximidade de Pelé com a FIFA, afirmando que esse “vendeu o coração à FIFA e à cartolagem”. Pelé, por sua vez, criticava a dependência química de Maradona, rotulando-o como “mau exemplo”.

Apesar das trocas de acusações entre os jogadores, a imprensa argentina considerava Pelé como o maior jogador de todos os tempos. Em 1990, quando Pelé foi contratado para ser colunista do jornal Diario Clarín, foi apresentado como “aquele que foi o melhor da história do futebol”. Segundo Ronaldo George Helal, sociólogo que estudou a cobertura da imprensa portenha das Copas do Mundo de 1970 a 2006, a rivalidade entre ambos não existia até o final da década de 1990, com a imprensa argentina considerando Pelé como o maior de todos os tempos e Maradona seu “herdeiro”.

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