Eduardo Paes pode ser o próximo alvo da PF de Bolsonaro

Se o Brasil não é para principiantes, como diria Tom Jobim, o Rio de Janeiro não é para os fracos.

A queda do governador Wilson Witzel (PSC), afastado do Palácio das Laranjeiras por seis meses, beneficia o clã do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Já foi registrado aqui mais cedo pelo Blog do Esmael.

No jogo político-eleitoral sempre haverá um vitorioso, se houver um derrotado.

O beneficiário secundário da vitória de Bolsonaro, no entender desta página, é o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), candidato à reeleição à Prefeitura do Rio.

Por outro lado, para facilitar mais ainda a vida de Crivella, a Polícia Federal de Bolsonaro terá de deflagrar uma outra operação contra o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM).

Paes lidera as sondagens das intenções de voto para a eleição de 15 de novembro, portanto, o ex-prefeito pode ver o k-suco ferver para o lado dele.

Economia

Repousa no STF (Supremo Tribunal Federal) uma delação premiada contra Eduardo Paes sobre suposta propina recebida da Odebrecht para facilitar a assinatura de contratos de obras da Prefeitura do Rio de Janeiro relacionadas às Olimpíadas de 2016.

Eduardo Paes também foi delatado ex-governador Sérgio Cabral (MDB), que, em julho do ano passado, afirmou que ajudou na arrecadação de caixa dois de campanha eleitoral do ex-prefeito. A bronca foi parar na mão do juiz Marcelo Brettas, “papagaio do pirata” Jair Bolsonaro.

Em maio passado, o juiz se tornou alvo de um procedimento disciplinar por ida a ato político com o presidente Jair Bolsonaro no Rio de Janeiro.

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Afastamento de Witzel é vitória de Bolsonaro no Rio

O afastamento imediato do governador Wilson Witzel (PSC) do cargo, por irregularidades na saúde, pode ser considerado um trunfo para o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e sua família no Rio de Janeiro.

A determinação do afastamento de Witzel foi do Superior Tribunal de Justiça (STJ), nesta sexta-feira (28), inicialmente por seis meses, mas pode ser ad eternum. O ex-juiz também é alvo de um processo de impeachment na Assembleia Legislativa do estado (Alerj).

O governador afastado vinha confrontando com Bolsonaro desde o ano passado, mas a situação se agudizou com as investigações do Ministério Público do Rio e da Polícia Civil do Rio acerca do envolvimento do senador Flávio Bolsonaro (Repúblicanos) com a milícia, as rachadinhas operadas pelo ex-assessor Fabrício Queiroz e o assassinato da vereadora Marielle Franco.

Neste ano, com a pandemia do novo coronavírus, a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou Witzel e mais oito pessoas por corrupção na área da saúde.

De acordo com a PGR, o afastamento do governador do Rio se deu por três motivos:

  1. A caixinha da propina;
  2. Os restos a pagar;
  3. Sobras de duodécimos.

Segundo delação do ex-secretário de Saúde, Edmar Santos, o governador Wilson Witzel, por meio do escritório de sua mulher, Helena, recebia propinas de contratos irreguladores com a Organização social Iabas.

A PGR diz que a “caixinha de propina” abastecida um fundo de campanha pelo direcionamento de licitações de organizações sociais (OSs).

A PGR ainda suspeita que o Poder Judiciário possa ter sido utilizado para beneficiar agentes com vantagens indevidas, com as sobras dos duodécimos na Alerj, também conhecidos como “resto a pagar”.

Por lei, o duodécimo é um repasse devido e obrigatório do Executivo ao Legislativo e ao Judiciário — poderes que não têm renda própria.

Afastamento de Witelz ajuda Crivella

Analistas políticos consultados pelo Blog do Esmael são unânimes quanto ao maior beneficiário do afastamento do governador do Rio: o prefeito Marcelo Crivella (Repúblicanos), aliado de Bolsonaro, e candidato à reeleição.

Witzel era um agente imponderável que poderia desequilibrar a disputa no Rio, embora não tivesse força para eleger um candidato próprio.

O afastamento do governador Wilson Witzel funcionou para o presidente Jair Bolsonaro como mais espécie de limpeza de área no Rio.

A disputa pela prefeitura carioca tende a ser polarizada entre Crivella e o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM), que lidera as sondagens de intenções de voto, segundo a Paraná Pesquisas.