O discurso de Jair Bolsonaro em Davos, na Suíça, virou lama com o desastre na barragem de Brumadinho (MG).
“Somos o país que mais preserva o meio ambiente. Nenhum outro país do mundo tem tantas florestas como nós. A agricultura se faz presente em apenas 9% do nosso território e cresce graças a sua tecnologia e à competência do produtor rural. Menos de 20% do nosso solo é dedicado à pecuária. Essas commodities, em grande parte, garantem superávit em nossa balança comercial e alimentam boa parte do mundo”, discursou o presidente no Fórum Econômico Mundial.
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De acordo com o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, o número de desaparecidos na tragédia desta sexta (25) chega a 299 pessoas.
Bolsonaro vinha defendendo a flexibilização das leis ambientais brasileiras para contemplar o agronegócio. No fórum, ele ainda afirmou que “os setores que nos criticam têm, na verdade, muito o que aprender conosco.” Não é bem assim.
A repetição do desastre da Vale — em 5 de novembro de 2015 a empresa também protagonizou a tragédia de Mariana (MG) — alerta para a necessidade de maior rigor na fiscalização de empreendimentos que apresentam riscos ambientais.
No caso concreto da Vale, privatizada em 1997 na gestão FHC, não bastam as multas ou eventuais prisões de diretores da companhia. É preciso o encampamento das atividades de mineração e confisco de bens. Seriam medidas mais efetivas que a simples “punição”.
A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), ao externar solidariedade às famílias de Brumadinho, disse que seria mais uma tragédia evitável.
“Cedo ou tarde a privatização cobra seu preço da população. Ainda mais quando há impunidade, como foi com Mariana. As coisas só vão piorar com as escolhas que Bolsonaro está fazendo para as estatais e para o meio ambiente”, opinou a presidenta nacional do PT.
Ficam o aprendizado e o alerta: a simples “punição” de alguns executivos não protege vidas e o meio ambiente, até porque os verdadeiros responsáveis estão faturando alto na bolsa de Nova York.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.