De antissistema a Centrão, Cristina Graeml entra na União Brasil

De candidata antissistema a integrante do Centrão. A jornalista de extrema direita Cristina Graeml, que deixou o Podemos para fugir de uma rasteira de Alvaro Dias, desembarca no União Brasil, partido de Sergio Moro e Davi Alcolumbre.

O gesto simboliza uma guinada. Graeml, que vendia a imagem de outsider, agora se soma à engrenagem do Centrão. E não qualquer Centrão: o União Brasil acaba de se fundir ao PP de Ricardo Barros para criar a superfederação União Progressista.

A mudança foi motivada por cálculo político. Dentro do Podemos, Alvaro Dias, veterano da política paranaense, já se movia para ser o candidato ao Senado em 2026. Graeml temia ser atropelada e repetiu o roteiro de Sergio Moro em 2022, quando o ex-juiz deixou o Podemos e migrou ao União.

Agora, porém, o terreno é mais minado. O União está em disputa aberta com o PP, cujo cacique paranaense, Ricardo Barros, aposta na candidatura da esposa, Cida Borghetti, ao Palácio Iguaçu.

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A União Progressista, nova federação entre União Brasil e PP, será a maior força congressual do país em 2026. Em Brasília, o movimento consolida o comando do Centrão em duas frentes: a presidência do Senado, com Davi Alcolumbre (União), e a máquina de Ricardo Barros (PP), líder nato na Câmara.

É nesse tabuleiro que Cristina Graeml tenta se inserir. Sua votação expressiva em Curitiba em 2024, 390 mil votos no segundo turno, dá algum peso ao Centrão paranaense. Mas na disputa pelo campo majoritário, esse segmento do Paraná já está congestionado: Ratinho Junior, Filipe Barros, Paulo Martins e Guto Silva também se posicionam para disputar o Senado.

A curta, porém controversa carreira política de Cristina Graeml já acumula episódios desgastantes. Na campanha pela Prefeitura de Curitiba, em 2024, foi acusada por rivais de ser uma “falsa direita” e até de abrigar “comunistas” em sua equipe.

Mais recentemente, ela virou alvo da própria base bolsonarista após publicar um vídeo ao lado do técnico Vanderley Luxemburgo, o mesmo que, em 2022, pediu votos para Lula e atacou Jair Bolsonaro. O episódio rendeu escracho público e alimentou desconfianças sobre sua lealdade ideológica.

Cristina Graeml entra no Centrão pela porta da frente, mas não sem contradições. Fugiu do enfrentamento com Alvaro Dias, mas caiu em um ninho de cobras, onde União e PP medem forças. Sua imagem de antissistema perde força diante de uma realidade: o lugar ao sol no Senado passa, inevitavelmente, pelo guarda-chuva do Centrão.

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