Como está a disputa eleitoral 2026 no Paraná?

Moro lidera corrida ao governo do Paraná; governismo sem nome claro; frente ampla pode ser decisiva

Faltando mais de um ano para o primeiro turno das eleições de 2026, o Paraná já vive um aquecimento estratégico nos bastidores. A disputa para governador, dois senadores, 30 deputados federais e 54 estaduais está aberta, mas com sinais claros sobre quem larga na frente, quem ainda engatinha e quem pode surpreender no segundo tempo.

O ex-juiz Sergio Moro (União Brasil), atual senador, aparece como favorito para o Palácio Iguaçu, embalado por recall e apoio no eleitorado conservador. Do lado governista, reina a indefinição. O governador Ratinho Júnior (PSD) pode não disputar nada, ou tudo. E, no campo progressista, o PT tenta se reorganizar após feridas internas, mas pode ser peça-chave numa frente ampla como a que derrotou o bolsonarismo em Curitiba em 2024.

Quociente eleitoral tira o sono dos atuais parlamentares

Antes mesmo da campanha começar, deputados estaduais e federais enfrentam outro drama: os quocientes eleitorais. A conta é fria, mas o impacto é quente. A depender da federação, da composição de chapas e da distribuição de votos válidos, nomes conhecidos correm o risco de não retornar ao cargo mesmo com votações expressivas.

Essa angústia ronda especialmente partidos médios e deputados com base regionalizada, que podem ser atropelados por puxadores de voto de outras siglas ou federações mais estruturadas. O cenário impõe alianças pragmáticas e muito planejamento. Quem errar a conta, dança.

Moro acelera enquanto governistas patinam

Sergio Moro começou a maratona com vantagem. O ex-juiz e ex-ministro aposta na polarização ideológica para manter sua posição de destaque. Com base sólida nos setores mais conservadores, que incluem lavajatistas e bolsonaristas, Moro é o nome mais comentado nas rodas políticas e aparece à frente em levantamentos preliminares.

No campo do governo estadual, o cenário é outro. Ratinho Júnior evita se comprometer com qualquer caminho. Embora tenha ensaiado movimentos rumo à Presidência da República, há cada vez mais descrença na capital, especialmente entre analistas da Boca Maldita, sobre a viabilidade dessa aventura nacional.

A leitura nos bastidores do Centro Cívico é que Kassab, presidente nacional do PSD, pode jogar contra essa pretensão, mirando articulações mais amplasque visem o próprio umbigo. Há também quem aposte numa candidatura de Ratinho ao Senado, possivelmente em dobradinha com Moro, o que deixaria aliados como Alexandre Curi, Guto Silva, Sandro Alex, Darci Piana, Beto Preto e Rafael Greca sem norte.

A última hipótese, e a mais calculada, é que Ratinho permaneça até o fim do mandato e use a máquina estadual e seu prestígio para eleger um sucessor. Seria o “cenário poste”, como já testado em outros estados e até na República com êxito.

Alexandre Curi avança com regularidade

Sem pressa, mas também sem hesitação, o presidente da ALEP, Alexandre Curi (PSD), tem se consolidado como um dos principais nomes dentro do governismo. Com trânsito entre prefeitos, apoio parlamentar e presença no interior, Curi é visto como o fiel da balança, alguém que pode unificar as alas fragmentadas da base e atrair setores do centro.

Seja qual for o destino de Ratinho Júnior em 2026, Senado, Presidência ou recuo estratégico, uma coisa é certa: ele está impedido legalmente de concorrer ao governo pela terceira vez consecutiva, conforme determina a Constituição Federal e a jurisprudência da Justiça Eleitoral. Nesse contexto, Alexandre Curi surge como o nome natural da continuidade dentro da base governista. Sua força não está apenas no sobrenome ou nos votos da capital, mas na base pulverizada construída ao longo de seis mandatos no Legislativo, além do trânsito entre prefeitos e parlamentares.

Campo progressista precisa entrar no jogo

O PT do Paraná ainda lambe as feridas do embate interno do PED 2025, que opôs Arilson Chiorato e Zeca Dirceu. Mas, mesmo machucado, o partido continua sendo um dos poucos com capilaridade estadual e potencial de puxar uma candidatura ao governo ou formar base para uma frente progressista.

A vitória contra Cristina Graeml em 2024, em Curitiba, serviu de laboratório. Uma frente ampla formada por siglas de centro, centro-esquerda e parte do governo estadual conseguiu isolar o extremismo e vencer no segundo turno. A fórmula pode (e deve) ser repetida em 2026, se a intenção for barrar a ascensão de Moro ao Palácio Iguaçu.

Senado: o outro campo de batalha

Com duas vagas ao Senado em disputa, o xadrez fica ainda mais complexo. Caso Ratinho Júnior decida disputar uma dessas cadeiras, a composição muda completamente. Há conversas sobre possíveis alianças com Moro ou até de um cenário em que o próprio governador empurra seus aliados para outras posições e foca em garantir sua sobrevida política em Brasília.

A eleição para o Senado será um campo de disputas paralelas e, ao mesmo tempo, interligadas com o tabuleiro do governo. O desenho das chapas e o peso das federações serão fundamentais, e as decisões tomadas nos próximos seis meses serão determinantes.

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