Blog do Esmae, direto de Brasília – O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados arquivou o processo que pedia a cassação do mandato de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), enquanto o Ministério Público da Itália deu parecer favorável à extradição da deputada Carla Zambelli (PL-SP), presa em Roma desde julho.
O relator do Conselho, deputado Marcelo Freitas (União-MG), argumentou que a denúncia contra Eduardo nasceu de “premissa equivocada” e defendeu o arquivamento em nome da imunidade parlamentar. “Defendo o sagrado direito de o parlamentar se manifestar”, afirmou Freitas, sob aplausos da bancada bolsonarista.
Parlamentares do PT, PSOL e PDT reagiram com indignação, chamando a decisão de “vergonhosa blindagem”. Lindbergh Farias (PT-RJ) classificou o ato como “a desmoralização do Parlamento”. O partido anunciou que vai recorrer ao plenário da Câmara, para tentar reabrir o processo.
Apesar da vitória política, Eduardo Bolsonaro ainda responde a outras representações por quebra de decoro e faltas reiteradas. Também é alvo de uma denúncia do Ministério Público Federal por suposta coação de autoridades e pressão internacional contra o governo Lula (PT) com apoio de aliados nos Estados Unidos, onde vive atualmente.
Enquanto isso, o Ministério Público da Itália confirmou parecer favorável à extradição de Carla Zambelli. A deputada, condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e foragida desde o meio do ano, aguarda decisão da Justiça italiana na penitenciária feminina de Rebibbia, em Roma. Após a sentença, caberá ao governo da Itália a decisão final sobre sua devolução ao Brasil.
Zambelli é acusada de ter participado da organização de atos golpistas e de perseguição a opositores durante o governo Jair Bolsonaro. Sua possível extradição representa um revés simbólico para o campo bolsonarista, que tenta manter coesão política em meio a investigações no STF e no Ministério Público.
Na leitura de analistas, o dia mostra o paradoxo do bolsonarismo em 2025: força dentro do Parlamento, onde conta com ampla base de apoio, e fragilidade crescente no campo judicial, tanto no Brasil quanto no exterior.
O movimento sai do dia dividido entre o alívio e o constrangimento. Eduardo Bolsonaro garantiu sobrevida política, mas a sombra de Carla Zambelli volta a lembrar que a Justiça avança onde o discurso da imunidade não chega.
Portanto, o bolsonarismo viveu, nesta quarta-feira, um raro instante de contraste. A vitória de Eduardo no Conselho de Ética reafirmou o poder de fogo da direita no Congresso. Já o avanço da extradição de Zambelli expõe o desgaste ético e judicial do movimento. O jogo segue aberto, e o placar, dividido.
Jornalista e Advogado. Especialista em política nacional e bastidores do poder. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.