Apple valeria metade sem fábricas na China, alerta NYT

Empresa que fabrica Iphone vale metade sem a China, diz jornal americano

A maior empresa de tecnologia do planeta, a Apple, pode não sobreviver — ou ao menos manter seu tamanho atual — sem os laços profundos com a China. É o que revela uma reportagem incisiva publicada nesta quarta-feira (1º) pelo New York Times.

Autismo ALEP

Segundo analistas, a Apple perderia mais da metade do seu valor de mercado caso rompesse com a cadeia produtiva chinesa. A reportagem surge em meio às pressões crescentes do ex-presidente Donald Trump, que ameaça taxar em 145% os produtos vindos da China.

Apple, Trump e o “mito do retorno” da produção aos EUA

Em sua primeira campanha presidencial, em 2016, Trump prometeu forçar a Apple a fabricar iPhones em solo americano. Passada quase uma década, 80% dos aparelhos ainda são montados em fábricas chinesas, construídas com investimentos bilionários da própria Apple e seus parceiros.

Mesmo após pressões comerciais e diplomáticas, a gigante de Cupertino manteve suas raízes no dragão asiático — e só começou a diversificar timidamente para Índia, Vietnã e Tailândia. Os Estados Unidos, nesse jogo geopolítico, são apenas coadjuvantes industriais.

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Capitalismo dependente e risco de apagão tecnológico

Os números são alarmantes: após o anúncio das novas tarifas de Trump, a Apple perdeu US$ 770 bilhões em valor de mercado em apenas quatro dias. Embora parte dessa sangria tenha sido revertida com alívios temporários, o episódio evidencia a fragilidade estrutural do modelo americano de negócios, que terceirizou quase toda sua manufatura.

A Apple prometeu investir US$ 500 bilhões nos EUA até 2029 e começar a montar servidores de IA em Houston a partir de 2026. Mas o caminho da reindustrialização é longo, caro e politicamente instável.

O pesadelo da dependência

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A dependência. Arte: Irene Suosalo/NYT

Assim como os Estados Unidos criticavam a Venezuela por depender demais do petróleo, agora enfrentam o espelho: sua empresa mais valiosa é refém de uma potência rival. O modelo exportado de dependência industrial, uma ironia histórica, retornou como um bumerangue político-econômico.

Entenda o caso Apple-China

A Apple realmente fabrica quase tudo na China?

Sim. Cerca de 80% dos iPhones são montados em fábricas chinesas.

A Apple pode sair da China?

É possível, mas custoso e demorado. A empresa está diversificando, mas em ritmo lento.

Trump pode obrigar a Apple a retornar aos EUA?

Teoricamente sim, com tarifas e incentivos. Mas na prática, seria um processo titânico.

Quanto a Apple perdeu com a tensão?

Mais de US$ 770 bilhões em valor de mercado em apenas quatro dias.

E o consumidor?

Pode pagar mais caro. As tarifas seriam repassadas para o preço final dos produtos.

Apple é refém ou parceira da China?

No xadrez global do século XXI, a Apple virou um peão de luxo. Tão poderosa quanto vulnerável. Tão americana quanto dependente de sua rival geopolítica. A pergunta que fica: a soberania econômica dos EUA pode ser reconstruída sem desmanchar seus próprios ícones?

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