Nesta sexta-feira (27), os coletivos do movimento negro e representantes das comunidades de favelas realizam manifestações públicas contra a violência de Estado em ao menos cinco cidades do país. O Ato Nacional Unificado por Ágatha Félix, pela Vida e contra o Genocídio Negro é motivado pela morte da menina de 8 anos, baleada nas costas na última sexta-feira no Complexo do Alemão. As investigações em curso e os testemunhos de moradores apontam que a bala partiu de um fuzil da Polícia Militar.
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No Rio de Janeiro, a concentração começa às 17h na entrada da Grota, perto da Vila Olímpica Carlos Castilho, no Complexo do Alemão. A Baixada Fluminense também participa, com encontro marcado para as 17h30, na praça Direitos Humanos, na cidade de Nova Iguaçu.
Em São Paulo, o ato tem início marcado para as 18h, no vão livre do Masp, na Avenida Paulista. Este ato, convocado pelo coletivo Coalizão Negra, foi o primeiro a ser agendado, servindo como estímulo para que outras cidades, incluindo o Rio, marcassem suas mobilizações para a mesma data, quando o assassinato de Ágatha completa uma semana. Em Porto Alegre, a manifestação deve ocorrer a partir das 17h30, na Praça do Aeromóvel. Em Recife, às 17h , na Praça do Diário.
A política de morte e opressão sobre as comunidades de favelas e periféricas tem se intensificado no Brasil. No Rio, a plataforma Fogo Cruzado emite boletins diários que informam ocorrências desse tipo na cidade.
Até esta quinta, segundo a Fogo Cruzado, com a morte de Roberto Carlos Moura Pinto, de 50 anos, atingido por bala perdida perdida durante operação policial no bairro Amendoeira, em São Gonçalo, na noite de terça-feira, chegam a 144 as pessoas feridas da mesma forma no Grande Rio. 42 morreram, num total de 128 ocorrências do tipo. Os números já ultrapassam o ano de 2018 inteiro, quando a Fogo Cruzado reportou 32 mortos e 28 feridos em 110 ocorrências.
Outro dado alarmante: subiu para 65 o número de chacinas (casos com três ou mais civis mortos em uma mesma situação) no Grande Rio. Na noite de quinta, três mulheres foram mortas a tiros dentro de uma casa na Vila Centenário, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. No total, neste ano, 241 civis foram mortos em chacinas, segundo a Fogo Cruzado.
Como a morte de Ágatha despertou comoção popular – e também reações de apoiadores da política de morte de governadores como Wilson Witzel – os coletivos que militam no setor decidiram realizar os protestos para denunciar a já antiga violência oficial, que se aprofunda neste momento sob o governo federal e governos estaduais alinhados aos métodos de repressão sobre as periferias como método de segurança pública.
Com informações da Fundação Perseu Abramo
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.