Metalúrgicos discutem ideias para resgatar a democracia

O Estado mínimo não quer democracia para todos, mas quer só só para algumas pessoas, defendeu a presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Ivone Silva. Já o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Wagner Santana, o Wagnão, criticou a conjuntura de ataques aos direitos do dos trabalhadores e destacou que “o que estamos vivendo no país neste momento é a luta de classes”.

O economista Luiz Gonzaga Belluzzo disse que democracia, direitos e trabalho são três valores que devem ser considerados conjuntamente, e que neste momento, no Brasil, esses pilares estão ameaçados não só só pela questão política, com a eleição de Bolsonaro, como também pelas transformações que o capitalismo está sofrendo no mundo.

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Essas críticas à conjuntura econômica e política que o país atravessa foram destaques na abertura do 9º Congresso dos Metalúrgicos do ABC na noite desta quinta-feira (18) na sede do sindicato, em São Bernardo do Campo. No início do debate sobre democracia, a representante dos trabalhadores da Ford, Simone, que trabalha na área administrativa e é conhecida como a “baixinha da portaria”, leu emocionada carta do ex-presidente Lula aos participantes do congresso.

Na mensagem de saudação, o ex-presidente classificou como criminoso o que estão fazendo no país ao entregar as riquezas naturais do pré-sal, rasgando conquistas históricas da população. “É importante defender a Petrobras”, escreveu Lula, “e todas as empresas que pertencem ao povo e são fundamentais para o desenvolvimento do país. Não podemos permitir que sejam destruídas”.

Ivone Silva, em sua fala, lembrou a história de luta do Sindicato dos Metalúrgicos em defesa da democracia. E que a presença de um trabalhador na presidência do país foi um avanço da democracia. Ela também fez críticas ao golpe que retirou Dilma Rousseff da presidência em 2016 e à eleição do ano passado, marcada pelo ativismo judicial para prejudicar e retirar o ex-presidente da disputa, como também pelo predomínio de fake News na corrida à presidência.

Economia

Belluzzo, por sua vez, falou sobre as transformações do capitalismo e do autoritarismo no poder nesse momento no Brasil. “Esse sistema não se detém diante de nada. Só se detém se você começar a regulamentar, a colocar a questão humana acima do determinismo e do progresso tecnológico”.

Ele também defendeu a necessidade de se adotar políticas para restaurar a industrialização no país. E lembrou que até os anos 1980 o Brasil tinha 27% da riqueza do PIB na indústria e que isso significava que o Brasil era o mais industrializado entre os emergentes. “Tínhamos todos os setores. No automotivo perdemos as autopeças e agora estamos perdendo as montadoras”, disse, lembrando o fim das atividades da unidade da Ford em São Bernardo do Campo.

Com 80% da população nas cidades, o Brasil não pode depender só do agronegócio para alavancar a economia. “Temos hoje 13 milhões de desempregados e mais 20 milhões de pessoas em trabalhos precários. Vão desmontar a arquitetura da economia do país que deu origem ao Sindicato do ABC”. Belluzzo afirmou que a mobilização é necessária para defender o que foi criado no país ao longo dos últimos 70 anos e destacou que o governo Jair Bolsonaro “é patético do ponto de vista da massa encefálica”, em tom de ironia.

Já o presidente do sindicato encerrou o evento com uma crítica ao discurso do ódio e da intolerância que tem prevalecido nos segmentos dominantes da sociedade e na mídia e destacou que o outro Brasil é possível e que as ideias para que a transformação do país ocorra são os desafios a serem discutidos no congresso da categoria.

As informações são da RBA