Coluna do Jorge Bernardi: “José Richa tinha razão: ‘Beto governador é uma temeridade'”

bernardi_profs_richaJorge Bernardi*

“O Beto governador é uma temeridade, é uma temeridade”, disse em 2002, José Richa, ao responder pergunta da jornalista, Carmem Murara, em entrevista a Tv Band Curitiba, sobre a possibilidade de seu filho, Beto, candidatar-se aquele cargo.

O que o saudoso ex-governador José Richa, que lutou contra a ditadura, foi senador do MDB do Paraná, e o primeiro governador paranaense na redemocratização, sem jamais trair os compromissos com a causa pública, quis dizer é que conhecia bem o seu filho, e que ele, Beto, não estava preparado para governar o Paraná.

Passados mais de 13 anos daquela declaração profética de José Richa, o povo paranaense assiste perplexo confirmarem-se as previsões de que “Beto governador é uma temeridade”.

Nesta última década, além de vice-prefeito, Beto Richa passou seis anos como Prefeito de Curitiba, marcados mais pelo marketing pessoal do que por realizações administrativas, e quatro anos como governador do Paraná, em que devastou as finanças públicas do estado, agindo como verdadeiro filho pródigo. Gastou tudo o que tinha direito e mais um pouco, terminando o primeiro mandato com um déficit nas contas públicas de R$ 4,6 bilhões, ou seja, mais de 10% do orçamento do estado.

Diante da falência do Paraná, outrora um dos estados mais equilibrados financeiramente do país, das dificuldades em pagar fornecedores, a folha do funcionalismo, de manter a frota pública funcionando, principalmente os veículos da polícia, Beto Richa decide apropriar-se do fundo de aposentadoria dos servidores, apoiado por um grupo de deputados vassalos, gerando uma revolta generalizada.

Economia

E deu no que deu. O funcionalismo foi às ruas conduzido pelos professores e, o Brasil e o mundo, assistiu cenas estarrecedoras em 29 de abril com atos de selvageria perpetrados por agentes do estado contra milhares de manifestantes indefesos, sob os aplausos dos comissionados do Palácio Iguaçu. Os gritos de “urra” que se ouviram quando a polícia atacava com jatos de água, cães, balas de borracha e bombas de efeito moral, os professores, em nada difere dos gritos dos romanos quando assistiam, há dois mil anos, no Coliseu, os cristãos sendo devorados pelas feras.

Os mais de 200 feridos no massacre do Centro Cívico demonstram o quanto o governador do Paraná está despreparado para tão honroso cargo e governar para 11 milhões de paranaenses. É triste constatar que José Richa tinha razão quando afirmou que o “Beto governador é uma temeridade, é uma temeridade”.

*Jorge Bernardi, vereador de Curitiba pelo PDT, é advogado e jornalista. Mestre e doutorando em gestão urbana, ele escreve aos sábados no Blog do Esmael.

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