Morreu ontem, aos 84 anos, o ex-vereador e ex-prefeito de Londrina Jorge Scaff. Internado havia 14 dias no Hospital do Coração de Londrina, depois de ter sofrido um infarto agudo, Scaff não resistiu a uma parada cardiorespiratória. Ele, que era servidor aposentado da Receita Estadual do Paraná, deixa esposa, filho e três netos. O prefeito Alexandre Kireeff (PSD) lamentou a morte do político e decretou luto oficial de três dias na cidade.
Ex-jogador de futebol com passagem pelo Atlético Paranaense, ex-técnico do Londrina Esporte Clube (LEC) na década de 1960 e ex-presidente do Grêmio Literário e Recreativo Londrinense, Jorge Scaff chegou ao cargo público mais importante da cidade, pelo PSB, no ano 2000, quando o então prefeito e aliado político, Antonio Belinati (à época no PDT), foi cassado pela Câmara de Vereadores. Scaff estava no segundo mandato como vereador (o primeiro exerceu na década de 70) e tornou-se prefeito.
O ex-vereador Renato Araújo, que era presidente da Casa na época, contou que, após a cassação de Belinati, decidiu renunciar ao cargo para não ter que assumir o Executivo, pois ficaria impedido de se candidatar à reeleição. “O Jorge era meu vice e, como presidente, assumiu interinamente a prefeitura. Na sequência, a Justiça Eleitoral determinou eleições indiretas, que ele venceu, conduzindo a administração até o final.” Alex Canziani havia renunciado ao cargo de vice-prefeito para assumir como deputado federal. Conforme Araújo, “Jorge Scaff era muito qualificado como mediador no debate político, de atuação bastante tranquila”.
A passagem pelo Executivo foi a última atuação de Scaff na política londrinense. “A idade e a saúde acabaram pesando na decisão dele”, lembrou o sobrinho e ex-vereador Beto Scaff (DEM). A família teve ainda, na política partidária, João Scaff, irmão de Jorge, que ocupou a cadeira no Legislativo interinamente, como suplente de vereador, e Fernando Scaff (DEM), filho do ex-prefeito, que se candidatou nas últimas eleições municipais, mas não foi eleito.
Belinati afirmou que a convivência com Jorge começou ainda no rádio, onde o ex-jogador também atuou como comentarista esportivo. “Ele sempre teve muito carisma e todos que mantinham contato pessoal com ele se empolgavam.” Belinati lembrou que na política “ele sempre teve uma atuação voltada para o atendimento social, era uma marca dele”.
Para o deputado estadual Tercílio Turini (PPS), que foi colega de Scaff na Câmara de Vereadores, a “capacidade de conciliação” foi uma característica importante na carreira política dele. “Era um pessoa tranquila, buscava a conciliação. Acabou assumindo a cidade num momento difícil, complicado para a prefeitura, especialmente por ser um mandato-tampão, em ano eleitoral. Entendo que ele cumpriu o papel, deu a sua contribuição.”
Scaff também demonstrou habilidade nos gramados de Londrina, onde começou a se destacar no futebol amador, jogou no Britânia, de Curitiba, chegou ao Atlético Paranaense. De volta a Londrina, assumiu como técnico do LEC e montou o time que seria campeão em 62. “Tem uma história curiosa, que ele mesmo contava”, lembra o repórter esportivo Jairde Antonio Prata, o Tatinha. “O Scaff trouxe bons jogadores, o Londrina ganhava só de goleada, e aí os dirigentes disseram: agora que temos um time bom, precisamos de um bom técnico, e contrataram outro para o lugar dele. O Scaff mesmo se divertia com essa história”, relatou Tatinha, que destacou também a qualidade técnica de Scaff, como “centroavante e goleador”.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.