“Presidenta Dilma, faça do limão uma limonada”

Dilma pode pegar o limão, fazer uma limonada e investir ainda mais no setor público. Exatamente aquilo que seus opositores não fizeram quando eram governo e que, até agora, não queriam que ela fizesse...!, sugere Ivo Pugnaloni.
Dilma pode pegar o limão, fazer uma limonada e investir ainda mais no setor público. Exatamente aquilo que seus opositores não fizeram quando eram governo e que, até agora, não queriam que ela fizesse…!, sugere Ivo Pugnaloni.
O empresário do setor de energia, Ivo Pugnaloni, em artigo de opinião, especial para o blog, analisa a crise política vivida pela presidenta Dilma Rousseff a partir das manifestações de rua em todo o país. “Presidenta Dilma, faça do limão uma limonada”, recomenda o articulista, cuja trajetória no mundo dos negócios foi antecedida pela militância de décadas no Partido dos Trabalhadores. Pugnaloni acredita que as condições para que Dilma exija mais empenho (e resultados) de aliados nos ministérios estão dadas. Ele defende que a reunião de hoje, entre a presidenta e o governadores, seja transmitida ao vivo pela TV Brasil. Leia a íntegra do artigo:

Presidenta Dilma, faça do limão uma limonada

por Ivo Pugnaloni*

Na ultima quinta, um empresário ideologicamente de direita com quem temos negócios me disse que corremos o risco de Dilma se fortalecer ainda mais, pois se for mesmo viva como parece ser, pode aproveitar esse limão e fazer uma limonada!.

Segundo ele, os protestos podem ser usados por ela como uma procuração para queimar ainda mais dinheiro! em programas sociais e infraestrutura e menos no pagamento de juros maiores, para reduzir a inflação e aumentar a consistência da economia.

Depois de criticar o programa Bolsa Família! e chamar vagabundos! seus beneficiários, meu normalmente equivocado amigo disse que deve ter gente do governo controlando a confusão!. Prova disso seria não existirem ainda cartazes Fora Dilma! porque, segundo ele, muitos ali estão corrompidos pela Bolsa Esmola!.

Economia

Em negócios, não se discute política, mas não pude deixar de concordar com meu colega.
De fato, é sintomático que, apesar do esforço dos âncoras por horas a fio, na TV, ao vivo, tentando virar o movimento contra Dilma, a presidenta após a onda de protestos, surge com mais poder ainda se quiser fazer mais obras até no último ano de mandato.

Agora, lamentou, Dilma pode alegar urgência e pedir ao congresso mudança na lei 8666/93 que impede o inicio de novas obras seis meses antes e seis meses depois das eleições!. Afinal, segundo ele, se a cada dois anos ocorrem eleições, o país deixa de trabalhar um ano para cada dois anos que trabalha…

Por outro lado, alegrando-se e vendo o lado bom da coisa!, ele disse que contando agora com a força das ruas, Dilma poderá exigir mais trabalho dos aliados! que, nos ministérios, criam desgastes políticos para o governo e despesas enormes para o orçamento e para a sociedade.

Como exemplo ele citou o que aconteceu com as eólicas do Nordeste que foram concluídas sem que as linhas de transmissão estivessem prontas.

Eu tive que concordar, citando ainda o escândalo que é o fato das termoelétricas passarem a trabalhar dia e noite, custando 60 mil reais por minuto, elevando as tarifas da COPEL em inéditos 14%, devido ao mito de que não podemos mais fazer hidroelétricas porque os índios não deixam!.

Quando se sabe que não é nada disso, mas sim que a FUNAI não permite que os empresários desenvolvam negociações justas com os indígenas para cumprir o que diz a Constituição sobre sua participação nos seus resultados desses empreendimentos, alegando falta de lei para realizar as oitivas dos indígenas!.

Tal como no setor elétrico, se Dilma exigir mais empenho de seus ministros e transmitir ao vivo suas reuniões com os governadores, vários outros gargalos poderão ser solucionados, simplificando e agilizando as transformações que o povo já está cansado de esperar.

Nos casos da saúde, da educação, da infraestrutura as coisas também podem andar mais rápido agora, com a urgência imposta pelo grito rouco das ruas!.

Além disso, no congresso, as conhecidas manobras de obstrução da base aliada! e da oposição para obterem mais cargos e mais emendas em troca da aprovação de projetos estruturantes, pode estar com dias contados se Dilma passar a transmitir esses encontros…

Democracia direta: se TV Brasil virar Big Brother Político!, Dilma pode sair mais forte

Para hoje Dilma convocou uma reunião de emergência de governadores e prefeitos das capitais. Ela disse que ouviu a voz das ruas e que vai usar essa voz como argumento claro para todos eles para assinar um pacto para fazer Brasil avançar, mais rápido, rumo à  qualidade dos serviços públicos.

Dilma sabe que muita gente que acordou agora para a política não tem ideia de que tal como acontece com a Polícia Militar que é comandada pelos governadores e não por ela, também não é o governo federal que, pela Constituição, deve elaborar projetos de hospitais, de escolas, de bondes, de metrôs ou de trens, pois essa obrigação é dos estados e municípios.

Nesse pacto, se Dilma colocar a TV Brasil para comandar uma rede nacional que transmita ao vivo suas reuniões, a Presidenta vai poder mostrar que são os prefeitos e os governadores quem devem apresentar projetos para o governo federal investir mais em saúde, em educação, rodovias, etc.

Através de um verdadeiro Big Brother! da administração pública, Dilma poderá marcar prazos de entrega desses projetos pelos governos estaduais e prefeituras, deixando claro para a população quem está ou não falhando.

Se prefeitos e governadores, não apresentarem projetos viáveis, ela, Dilma, vai poder mostrar ao vivo! nessas reuniões do pacto! que ela não pode intervir nem tem como destinar recursos em qualquer área.

Se Dilma aproveitar a onda de protestos para dar mais transparência ao governo federal, usando mais as redes sociais como Facebbok, Twitter e principalmente da TV Brasil, (que aliás, tem bom sinal e bom conteúdo em quase todas as capitais, mas nenhuma publicidade de que já está funcionando, sendo quase clandestina!) podemos assistir até quem sabe, mais um passo rumo a um tipo de Democracia Direta!. Resposta correta à  crise de legitimidade dos poderes constituídos que estamos assistindo.

Fazer corpo mole para ganhar eleições: um jogo que pode acabar

à‰ fora de dúvida que alguns governadores e prefeitos eleitos por partidos contrários ao governo Dilma, fazem exatamente isso, deixam de apresentar projetos, pois para eles, eleitoralmente, quanto pior, melhor!.

Ou apresentam projetos furados!, com erros conceituais, para provocar atrasos e ir empurrando com a barriga, evitando que as obras comecem, e que ela, Dilma, cresça ainda mais nas pesquisas.

à‰ por isso que volta e meia escutamos aqui e ali, que alguns prefeitos e governadores perderam recursos federais!, por deixarem de apresentar projetos. Tivemos dois casos recentes, aqui no Paraná.

De quebra, Dilma ainda disse que vai passar o rodo! de novo, institucionalizando e tornando permanente o combate constante à  corrupção.

Ou seja: quem contava com uma multidão inconsciente para propor o impechmant! da Dilma, como fez com Collor, pode se enganar, desta vez.

A maior parte da multidão, em seu inconsciente coletivo, sabe que nunca antes viveu com mais dinheiro no bolso, com mais recursos para poupar e investir do que nos últimos dez anos.

E que Dilma, de longe, é muito melhor e mais confiável para eles do que todos aqueles que a antecederam e que claramente, tentam manipular os protestos, sonhando em voltar ao Planalto.

CNBB e OAB querem um milhão de assinaturas pela reforma política. Será que Dilma pode estar por trás disso! também?

Apesar dos resultados de uma inédita pesquisa eleitoral feita entre os manifestantes pela Folha de São Paulo, que favoreceu Joaquim Barbosa, a Dilma com sua firmeza diante do vandalismo, pode ainda ter ganhado milhões de votos junto à  classe média, que não gosta desse tipo de coisa.

Amanhã também, OAB e CNBB se reunirão para deflagrar uma campanha pela reforma política que promete reunir um milhão de assinaturas a favor da reforma política e isso pode ser o maior saldo das manifestações.

A reforma política, ao acabar com as doações bilionárias! aos chefes dos partidos do governo e da oposição, pode acabar com o controle de ferro que esses personagens exercem na vida dos partidos e dos eleitores.

E se Dilma quiser passar à  História do Brasil como uma grande presidenta, pode entrar de cabeça nessa campanha.

E como militante política que é, pode ir para as ruas também, não só sendo a primeira a assinar esse abaixo-assinado, mas indo junto com a multidão, levá-lo ao Congresso para sua aprovação.

Ou não!, como pontifica sempre o iluminado músico patrício, Caetano Veloso.

*Ivo Pugnaloni é empresário do setor de energia no Paraná.

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