do Brasil 247A prova definitiva de que a redução das taxas de juros reais provocou uma mudança estrutural na economia brasileira está na coluna Painel, da Folha de S. Paulo, desta quarta-feira. Nela, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso revela que criou uma empresa de investimentos com dois sócios, Pedro Parente e Celso Lafer, que foram ministros da Casa Civil e das Relações Exteriores em seu governo, para atuar no setor imobiliário. “à‰ difícil encontrar investimento em renda fixa que dê alguma coisa”, reconheceu o ex-presidente, cuja gestão ficou marcada por taxas altíssimas.
Na prática, FHC abandonou o rentismo, diante da constatação de que o capital já não se multiplica mais tão facilmente no Brasil sem a necessidade de trabalho ou de lastro na economia real. Até recentemente, o ex-presidente confiava os seus recursos e os do Instituto FHC à Gávea Investimentos, de Armínio Fraga, que presidiu o Banco Central e chegou a fixar juros de 45% ao ano. Nesse tempo, o economista Delfim Netto classificava o Brasil como “o último pernil com batatas” disponível no mundo.
Como a era do dinheiro fácil ficou para trás, FHC criou a empresa Sarlat, cujo nome é inspirado numa cidade medieval francesa. O capital da companhia é de R$ 1,9 milhão. Leia, abaixo, na coluna de Vera Magalhães:
FHC no mercado
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, 81 anos, constituiu uma empresa de investimento imobiliário com seus ex-ministros Pedro Parente e Celso Lafer, o historiador Boris Fausto e mais seis sócios. A Sarlat Empreendimentos e Participações Ltda. foi criada em maio, com capital de R$ 1,9 milhão. FHC disse à coluna que aplicou R$ 222,3 mil na empresa porque o rendimento no mercado financeiro é baixo. “à‰ difícil encontrar investimento em renda fixa que dê alguma coisa.”
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Foco O objetivo da sociedade, segundo FHC, é investir o dinheiro do grupo na construção de um único empreendimento imobiliário, que ainda será escolhido.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.