O governador Beto Richa, presidente licenciado do PSDB no Paraná, recorreu a Graham Bell (inventor do telefone), para comunicar aos seus correligionários no interior do estado que eles não disputariam as eleições municipais com candidaturas próprias.
O caso mais emblemático é o de Campo Mourão, na região Noroeste, onde ex-presidente do Instituto de àguas do Paraná (Ipaguás), Márcio Nunes, deixou o órgão por orientação do governador para concorrer à prefeitura, mas aos 48 do segundo tempo foi defenestrado pelo próprio governador. O moço foi dormir na sexta-feira (29) como candidato, mas acordou no sábado (30) como ex-candidato a prefeito.
Pelo telefone, Richa comunicou Nunes que o PSDB no município apoiaria Tauillo Tezelli, do PPS, seu adversário local. Na composição, os tucanos indicariam a vice. O acordo entrou no pacote de Rubens Bueno, presidente do partido do “voto limpo”, que exigiu a contrapartida em Campo Mourão — sua base eleitoral — para aceitar a vice na chapa de Luciano Ducci, do PSB, em Curitiba.
O mesmo método também foi utilizado pelo governador em Cascavel, no Oeste. O PSDB cascavelense também teve que renunciar ao projeto próprio em nome de acordos costurados por cima. Lá, os tucanos indicaram o ex-presidente da Ferroeste Maurício Theodoro na vice do atual prefeito Edgar Bueno (PDT).
O desmonte do PSDB em plano estadual tem como objetivo garantir “apoios suprapartidários” à reeleição de Richa em 2014.
Casos semelhantes aos registrados em Campo Mourão e Cascavel também aconteceram em outros municípios do interior paranaense. Os tucanos desses municípios se transformaram em verdadeiras feras e ameaçam, inclusive, romper com o governador Beto Richa.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.