Este é o vídeo de Flávio que motivou a prisão de Bolsonaro

A PF prendeu o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) preventivamente na manhã de sábado (22) por ordem do ministro Alexandre de Moraes, e o gatilho decisivo para a medida foi o vídeo publicado pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) convocando uma vigília política na porta do condomínio do pai. A manifestação, que vestiraria roupagem religiosa, foi interpretada pelo STF como tentativa de tensionar instituições, intimidar autoridades e criar ambiente propício a fuga ou obstrução da execução da pena.

Horas antes da ordem de prisão, Flávio Bolsonaro publicou no Instagram um vídeo conclamando seguidores a comparecerem ao Jardim Botânico, na altura do condomínio Solar de Brasília 2, “para lutar”, “buscar o Senhor dos Exércitos” e “resgatar o Brasil do cativeiro”. A retórica inflamada, somada à escolha do local, exatamente na entrada da residência do ex-presidente, acendeu o alerta da PF e do STF.

A decisão de Moraes é explícita ao relacionar o vídeo à escalada de risco. O ministro afirma que a vigília convocada por Flávio buscava criar tumulto, atrair aglomeração e gerar cenário de possível confronto, dificultando a ação policial e abrindo brecha para “eventual fuga” do condenado. A Corte destacou que a reunião, promovida por um senador em defesa de um réu com tornozeleira eletrônica, “criava risco imediato para participantes, policiais e para a própria execução da ordem judicial”.

O STF também registrou que Bolsonaro vive a menos de 15 minutos da Embaixada dos Estados Unidos e relembrou episódio em que ele planejou pedir asilo à Embaixada da Argentina. Moraes ainda mencionou violação detectada na tornozeleira às 00h08 do sábado, um indício considerado “gravíssimo” de intenção de ruptura para fuga.

A transcrição integral do vídeo reforça o caráter político da convocação. No discurso, Flávio pergunta ao público se vão “lutar pelo país ou ficar no sofá”, diz que “a escuridão é a que precede a luz”, e chama para “resgatar o Brasil das mãos de ladrões, bandidos e ditadores”. Cita trechos bíblicos, convoca militância e promete que “a luz vencerá as trevas”. O apelo religioso é acompanhado de conclamação à resistência política e ao enfrentamento.

A oposição comemorou. Para o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, “a prisão preventiva evidencia que, diante do risco concreto à ordem pública, a lei alcança todos, inclusive o ex-presidente”. O deputado descreveu o vídeo de Flávio como ato para “intimidar o STF e a PF” e criar um ambiente “de obstrução da prisão definitiva”.

A defesa de Bolsonaro reagiu afirmando que a prisão foi decretada apenas “com base em vigília de orações”, que ele foi detido em casa, com tornozeleira e sob monitoramento, e que seu estado de saúde é delicado. Anunciou recurso.

A disputa jurídica se mistura, mais uma vez, à política. O STF enxergou na convocação de Flávio um ato com potencial de inflamar extremistas, tumultuar o cumprimento da pena e radicalizar seguidores. A PF viu risco real de rompimento da tornozeleira e tentativa de fuga. E o resultado foi a prisão preventiva de Bolsonaro na reta final da execução da sentença de 27 anos e três meses pelo golpe.

O vídeo do filho 01, ao fim, pesou mais do que qualquer nota de solidariedade. Foi a peça que convenceu a Corte da urgência.

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