A situação se complica com o envio do maior porta-aviões do mundo por Donald Trump para o Caribe, escalando a tensão entre Estados Unidos e Venezuela e reacendendo o fantasma de uma intervenção militar na região.
O USS Gerald R. Ford, orgulho da marinha americana, navega rumo à costa caribenha com um grupo de ataque completo, enquanto o presidente dos EUA ordena novas ofensivas aéreas contra embarcações acusadas de narcotráfico. Em Caracas, Nicolás Maduro respondeu elevando o Plano Independência 200, convocando milícias e tropas sob o discurso da defesa integral da nação.
O ex-embaixador americano em Caracas, James Story, que antes via o envio como blefe, mudou de tom. Ele avalia agora em 80% a chance de uma ação militar. “Os fatos mudaram drasticamente. Algo é iminente, sem dúvida”, declarou. Trump, de volta à Casa Branca desde janeiro, aposta em ações diretas contra o governo venezuelano, classificado por Washington como narcoestado. Já Maduro ironiza as manobras, dizendo ser “mais famoso que Taylor Swift”, mas seus aliados admitem o nervosismo crescente.
Nos bastidores diplomáticos circula a hipótese de ataques aéreos cirúrgicos, à semelhança da operação que matou o iraniano Qassem Soleimani, como forma de forçar a saída de Maduro ou provocar um golpe interno.
A Venezuela vive uma mobilização sem precedentes desde a crise de 2019. O governo ativou comandos de defesa em Apure, Cojedes e Caracas, montou barreiras em rotas estratégicas e reforçou a vigilância sobre energia, transporte e comunicação. Sirenes de ataque aéreo foram testadas e abrigos civis preparados.
Maduro tenta transformar o episódio em narrativa de resistência. A nova fase do Plano Independência 200, segundo o Ministério da Defesa, visa otimizar o comando, o controle e a coesão popular, militar e policial diante da ameaça externa.
A lembrança da invasão dos EUA ao Panamá em 1989 paira sobre o Caribe. Para analistas, um ataque contra Maduro poderia desencadear caos comparável à Líbia ou ao Afeganistão. O analista Benjamin Gedan alerta que a Venezuela tem mais em comum com o Afeganistão do que com o Panamá. Mesmo opositores de Maduro, como María Corina Machado, admitem o risco, embora vejam na ação americana uma saída possível para 12 anos de chavismo.
O movimento de Trump serve tanto como pressão militar quanto como teste de política hemisférica. Se for blefe, reabre canais de negociação. Se virar ação, pode redesenhar fronteiras políticas no continente e mergulhar a região em nova crise humanitária. Maduro promete resistir “até o último homem”. Trump quer mostrar força antes das eleições legislativas de 2026. Entre os dois, o Caribe ferve.
A tensão entre Washington e Caracas é mais do que disputa ideológica, é sobre poder, petróleo e influência geopolítica. Um erro de cálculo pode incendiar o continente. A prudência diplomática, a mediação regional e o respeito ao direito internacional são urgentes para conter a escalada.
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Jornalista e Advogado. Especialista em política nacional e bastidores do poder. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.






