The Guardian repercute ‘corpo mole’ do governo Bolsonaro para localizar desaparecidos

► Líderes indígenas expressam frustração com militares em busca de dois homens no Brasil

► Bruno Pereira e Dom Phillips desapareceram na Amazônia ocidental, mas busca foi chamada de ineficiente

Líderes indígenas na área onde um jornalista britânico e um explorador brasileiro desapareceram no domingo passado expressaram crescente frustração com a falta de coordenação na busca pelos dois homens.

O especialista indígena Bruno Pereira e Dom Phillips, colaborador de longa data do The Guardian, foram vistos pela última vez na manhã de domingo enquanto viajavam de barco no rio Itaquaí, na Amazônia ocidental.

Eles desapareceram no final de uma viagem de reportagem, mas a busca demorou a acontecer e as lideranças indígenas criticaram a falta de coordenação entre os diferentes grupos enviados para a região, incluindo exército, marinha e polícia federal.

– Não há centro de comando – disse Beto Marubo, um líder indígena local.

– Eles estão apenas subindo e descendo o rio, indo e vindo… eles não os encontrarão [assim].

A área – uma região de floresta densa na fronteira do Brasil com o Peru – abriga 26 grupos indígenas e alguns deles estão engajados nas buscas para localizar Pereira, que passou anos ajudando a proteger suas terras de caçadores, madeireiros e garimpeiros ilegais.

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Pelo menos 50 moradores em três barcos vasculharam o rio e seus afluentes em busca de sinais dos dois homens ou do barco em que viajavam.

Eles estenderam sua busca para terra na sexta-feira, mas têm pouco ou nenhum contato com os militares e temem que estejam passando por cima dos rastros uns dos outros.

Os militares, disse Marubo, devem coordenar a busca e usar os guias indígenas estrategicamente.

– Por que eles não encontraram Dom? – perguntou Marubo. “Porque suas buscas são ineficientes.”

A polícia até agora prendeu um homem que foi visto ameaçando Phillips e Pereira no dia anterior ao desaparecimento. Amarildo da Costa de Oliveira foi detido e seu barco, no qual foram encontrados vestígios de sangue, foi apreendido.

No entanto, a polícia ainda não o vinculou ao desaparecimento.

Eles também anunciaram que encontraram “material orgânico aparentemente humano” no rio na sexta-feira, mas não deram nenhuma pista se a descoberta estava relacionada aos dois homens.

Eles enviaram o material humano e sangue para testes forenses e coletaram amostras de DNA das famílias de Phillips e Pereira.

Orlando Possuelo, um especialista indígena envolvido nas operações de busca, estava pessimista em encontrar os homens vivos, mas insiste que os esforços devem continuar.

– Queremos encontrar respostas para as famílias – disse ele.

Em sua viagem para a Cúpula das Américas, nos Estados Unidos, o presidente cessante Jair Bolsonaro foi cobrado pelo seu homólogo Joe Biden. A comunidade internacional vê ‘corpo mole’ do governo brasileiro nas buscas dos dois desaparecidos.

The Guardian, com modificações