O advogado Rodrigo Tacla Duran, do exílio na Espanha, rebateu nesta quinta-feira (4) o ex-ministro Sérgio Moro e o desafiou para uma careação judicial. “Não tenho nada a esconder”, disse.
Após ter acordo de delação desengavetado pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, o advogado Tacla Duran declarou que foi investigado e nunca condenado em diversos países.
“Esclareci tudo que deveria às autoridades competentes e não tenho medo de ser investigado”, desafiou, referindo-se às preocupações de Moro com o conteúdo da delação do ex-advogado da Odebrecht.
Tacla Duran sustenta que pagou propina para o advogado Carlos Zucolotto, amigo e compadre de Moro, para obter vantagens em seu acordo de delação premiada com a Lava-Jato em 2016.
“Fui investigado por anos e por diversos países e nunca fui condenado. Esclareci tudo que deveria ás autoridades competentes e não tenho medo de ser investigado, porque não tenho nada a esconder. A Interpol reconheceu que fui vítima de abuso de autoridade que tem interesse politico”, avisou Rodrigo Tacla Duran.
Em nota, Sérgio Moro surtou ontem (3) com o desengavetamento da delação pelo PGR.
O ex-ministro e ex-juiz da Lava Jato afirmou que “causa-me perplexidade e indignação que tal investigação, baseada em relato inverídico de suposto lavador profissional de dinheiro, e que já havia sido arquivada em 2018, tenha sido retomada e a ela dado seguimento pela atual gestão da Procuradoria-Geral da República logo após a minha saída, em 22/04/2020, do Governo do Presidente Jair Bolsonaro.”
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O ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, em artigo no Globo, declara guerra ao populismo do qual abusou durante o período em que foi juiz da Lava Jato.
O populismo penal da força-tarefa restou evidente em todas as fases, nos últimos seis anos, o que gerou questionamentos sobre a legalidade das operações e das sentenças judiciais delas decorrentes.
O que dizer do famoso powerpoint de Deltan Dallagnol, que, mais tarde, somente na convicção e sem provas, fundamentou a prisão política do ex-presidente Lula?
A esse respeito o petista comentou mais tarde à luz do inquérito que agora investiga Moro no Supremo Tribunal Federal:
“As mesmas razões apresentadas no presente por Moro no exercício do seu próprio direito de defesa reforçam a necessidade de o sistema de Justiça corrigir os erros do passado, causados pelo próprio Moro.”
De acordo com a literatura política mundial, existem três tipos de populismo: o populismo-autoritário, o neopopulismo e o populismo não-autoritário.
Moro se enquadra no populismo-autoritário cujo subproduto é o populismo penal, aquele que prende e arrebenta, que tem a prisão como fetiche e vê na limitação da liberdade do indivíduo a panaceia para todos os males sociais.
O populismo penal de Moro e dos lavajatistas é uma praga que corrói o Estado Democrático de Direito.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.