O deputado Requião Filho (PDT) sonha com Rafael Greca (PSD) na sua vice e, ao mesmo tempo, admite o contrário, reflexo da disputa aberta pelo comando do Paraná em 2026. O ex-prefeito de Curitiba é hoje o vice dos sonhos de todos os pré-candidatos ao Palácio Iguaçu e não é diferente com o parlamentar do PDT, recém-chegado ao antigo ninho brizolista de Greca.
Greca jura que concorrerá ao governo, mas mantém inflexão permanente ao presidente da Assembleia Legislativa, deputado Alexandre Curi (PSD), com quem mantém um pacto para 2026. Um admite ser vice do outro caso ocorra uma debandada no grupo do governador Ratinho Júnior (PSD), que segue numa indefinição quase ritual, pendendo sempre para seu aliado mais íntimo, Guto Silva (PSD), secretário das Cidades.
O Blog do Esmael apurou que Greca foi sondado para voltar ao PDT, legenda à qual foi filiado entre 1983 e 1997, antes de abandonar o grupo de Jaime Lerner para se abrigar sob o guarda-chuva de Roberto Requião no então MDB. Essa costura recoloca Greca num tabuleiro onde ninguém quer perder espaço, especialmente agora que o campo governista vive um clima de tensão acumulada.
A armata de Requião Filho, além do PDT, contará com os apoios da Federação Brasil da Esperança (PT, PCdoB e PV) e da Federação PSOL-Rede. Ainda não se pode descartar o PSB, de Geraldo Alckmin e Luciano Ducci, a depender da escolha que Ratinho Júnior fizer nos próximos dias.
Para reforçar essa análise, o pré-candidato do PDT acertou com os aliados petistas que caberá a ele indicar o próprio vice, enquanto os lulistas reivindicaram a vaga ao Senado, que pode ser ocupada pelo diretor-geral da Itaipu Binacional, Enio Verri, ou pelo atual senador Flávio Arns (PSB), de acordo com apuração exclusiva do Blog do Esmael.
Segundo todas as pesquisas, Requião Filho aparece na vice-liderança rumo ao Palácio Iguaçu, atrás apenas do senador Sergio Moro (União). Mas o ex-juiz enfrenta nuvens carregadas, com potencial de evoluir para um tornado político caso a nova federação “União Progressista”, a soma de União Brasil com o Partido Progressistas, seja registrada no Tribunal Superior Eleitoral nesta quarta 3. Há risco concreto de debandada total da bancada federal, um terremoto que pode reposicionar toda a disputa estadual.
Não está descartada a migração de Sergio Moro para o Missão, antigo MBL, ou mesmo para o PRTB de Pablo Marçal. A decisão, porém, só deve amadurecer até o fim de março, prazo final para novas filiações de quem pretende disputar cargo eletivo nas eleições de 2026.
Some-se a isso a megaoperação deflagrada pela PF nesta quarta na 13ª Vara Federal de Curitiba, antiga sede da Lava Jato, onde agentes cumpriram ordem do STF para acessar terminais e computadores da unidade. As diligências fazem parte da investigação das acusações do ex-deputado Tony Garcia contra o senador Sergio Moro, que teria ordenado gravações ilegais no caso Banestado em 2004, quando firmou acordo de delação. A PF busca elementos ligados aos processos de Garcia e de doleiros como Dario Messer e Vinicius Claret, o Juca Bala, alvos da Lava Jato e operações derivadas. Toffoli decidiu manter o inquérito no STF, rejeitando pedido de Moro para remetê-lo à primeira instância.
Fontes ouvidas pelo Blog do Esmael afirmam que as broncas na 13ª Vara têm potencial para travar a candidatura de Moro, deixá-lo inelegível ou até cassá-lo, fantasma que o acompanha desde sua eleição ao Senado em 2022. Isso mudaria tudo.
Nesse cenário, Alexandre Curi segue sua própria cruzada. Quer ser ungido como candidato governista, o nome abençoado por Ratinho Júnior. O ritmo impressiona até adversários. Curi tem revisitado todos os 399 municípios do Paraná, chamando cada prefeito pelo nome, cultivando fidelidades e consolidando musculatura política. Pelo menos 350 prefeitos já sinalizaram apoio irrestrito ao deputado, independentemente do caminho que ele tomar, conforme relataram ao Blog do Esmael.
Se optar por Guto Silva, afirmam os luas-pretas do Centro Cívico, Ratinho Júnior corre o risco de ver seu candidato ficar fora do segundo turno. Há ainda um temor evidente no grupo chamado “República de Jandaia do Sul” [cidade onde nasceu o mandatário cessante]: caso o ex-juiz vença a disputa após o governador deixar o Palácio Iguaçu, ele se tornaria alvo fácil de uma devassa geral nos contratos dos últimos oito anos.
A União Progressista, nova federação anunciada por Antonio Rueda, entra nessa história como o próximo epicentro do xadrez nacional. Com 12 senadores, 108 deputados federais, seis governadores, cerca de 1.400 prefeitos e mais de 12 mil vereadores, o bloco promete reorganizar forças e tensionar alianças no Paraná, especialmente as que cercam Moro.
A sucessão estadual vive um momento em que todos flertam com todos, mas ninguém entrega o jogo. Requião Filho tenta se consolidar como alternativa sólida. Greca testa seu valor como noiva cobiçada. Curi lidera a tropa municipalista. E Ratinho segura a caneta enquanto observa cada movimento.
A disputa está aberta, feroz e altamente volátil. O Palácio Iguaçu virou prêmio de guerra. Continue acompanhando os bastidores da política e do poder pelo Blog do Esmael.

Jornalista e Advogado. Especialista em política nacional e bastidores do poder. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.




