O porto de Paranaguá foi privatizado por Bolsonaro e Ratinho Junior, mas você nem ficou sabendo

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Enquanto a velha mídia corporativa distraia o distinto público com a censura do show Lollapalooza, com a tornozeleira eletrônica do deputado Daniel Silveira, em Brasília, o Mendigo de Planaltina ou a suposta pré-candidatura de “Janja Moro” pelo Podemos de São Paulo, o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o governador Ratinho Junior (PSD) batiam o martelo na B3, a bolsa de valores, privatizando parte do maior porto graneleiro da América Latina, o porto de Paranaguá.

O diabo é que a martelada no patrimônio público não representa nenhum adicional no reajuste de policiais civis, militares, penais ou servidores públicos conflagrados no Paraná. Muito menos alimenta expectativa na redução das tarifas de água e luz ou nos preços dos combustíveis. Pelo contrário. A venda de ativos visam o enriquecimento de alguns grupos econômicos em detrimento do município de Paranaguá, no Litoral, e de toda sociedade paranaense e brasileira.

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Sorridente como uma hiena, o governador Ratinho Junior dividiu a batida do diabólico martelo com o ministro dos pedágios, Tarcísio Freitas, no leilão realizado na quarta-feira (30) em pregão na Bolsa de Valores de São Paulo (B3).

O terminal do Porto de Paranaguá destinado à movimentação e armazenagem de carga geral foi vendido [privatizado] para a empresa FTS Participações Societárias S/A, que arrematou a área por R$ 30 milhões. Preço de banana em se tratando do Poder Público.

Segundo os governos Bolsonaro e Ratinho, a nova arrendatária assume a área com a obrigação de investir o valor mínimo de R$ 4,17 milhões ao longo de 10 anos, ou seja, apenas R$ 35 mil [trinta e cinco mil reais] por mês, além de efetuar os pagamentos mensais pela ocupação. A área denominada PAR32 tem aproximadamente 6,6 mil metros quadrados, já com estrutura de armazéns (6A e 6B), e está localizada na área primária (cais) do porto paranaense.

Ratinho Junior destacou que este foi o primeiro leilão de 2022 da infraestrutura paranaense, já que o Estado deve levar ainda neste ano à B3 as novas concessões rodoviárias, a Nova Ferroeste e os pátios do Detran, além de outras áreas portuárias.

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– Com grande apoio do Ministério da Infraestrutura, trabalhamos para transformar o Paraná na Central Logística da América do Sul, com a modernização de todos os modais logísticos – disse.

Também estão nos planos de privatização do governador Ratinho Junior a Compagas, companhia paranaense de gás, e a lendária Copel, companhia paranaense de energia.

Note o caro leitor que a Copel Telecom, subsidiária de internet e da rede de fibra óptica, já foi vendida no ano passado pelo inquilino do Palácio Iguaçu, que passou a contratar a peso de ouro os mesmos serviços privatizados.

– Os leilões que participamos aqui na B3, especialmente dos portos, têm sempre surpreendido de forma positiva, com ágios superiores ao programado. Isso é fruto do trabalho de gestão e modernização e demonstra a confiança do setor empresarial na força da economia e paranaense – afirmou o governador do Paraná, como se a privatização fosse algum ganho para a sociedade.

Ratinho Junior disse ainda que a empresa que arrematou o importante terminal do Porto de Paranaguá terá a oportunidade de investir no porto mais eficiente e sustentável do Brasil, que bate recordes de movimentação de cargas a cada ano e é uma grande referência para o Brasil.

O diretor-presidente da Portos do Paraná, Luiz Fernando Garcia, explicou que a empresa prevê ainda o arredamento de outras quatro áreas do Porto de Paranaguá, voltadas principalmente para a armazenagem e movimentação de granéis sólidos.

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– Este é somente o primeiro leilão do ano, temos ainda outras áreas que serão arrendadas para dar continuidade ao desenvolvimento e modernização dos portos do Paraná – ameaçou.

Farra dos mercados e dos especuladores no porto de Paranaguá

Em dezembro de 2020, o Paraná foi o primeiro Estado brasileiro a conceder um terminal portuário por decisão própria, depois de receber autonomia para administrar os contratos de exploração de áreas. À época, o terminal PAR12, de 74,1 mil metros quadrados de área e capacidade estática para 4 mil veículos e armazenagem anual de 120 mil veículos, foi leiloado por R$ 25 milhões para a Ascensus Gestão e Participações, representada no certame pela corretora do Itaú.

A Portos do Paraná avança com o processo de arrendamento de outras quatro áreas no Porto de Paranaguá.

Na última quinta-feira (24), foi realizada a audiência pública da PAR09. A área de cerca de 24 mil metros quadrados, a Oeste do Porto de Paranaguá, é voltada para movimentação de granéis sólidos vegetais, com investimentos previstos na ordem de R$ 492,6 milhões.

Neste ano, a expectativa é licitar outras duas áreas de armazenagem e movimentação de granéis sólidos vegetais. A PAR14, de 61.450 metros quadrados, e PAR15, com 37.431 metros quadrados preveem investimento de cerca de R$ 1,2 bilhão e R$ 656,8 milhões, respectivamente.

Os estudos já foram elaborados e estão em fase de consulta às autoridades competentes, para serem posteriormente enviados à Agência Nacional de Transporte Aquaviário (Antaq) para a abertura de audiência e consulta pública.