Motta acusa PT de “incoerência histórica” durante votação da dosimetria

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), acusou o Partido dos Trabalhadores (PT) de “incoerência histórica” durante a votação do PL da Dosimetria, aprovado na madrugada desta quarta-feira (10/12). Confira:

Hugo Motta ironiza críticas do líder do PT citando Ulysses Guimarães:

“Esse próprio partido votou contra a atual Constituição. Uma incoerência histórica” pic.twitter.com/IZrMnwljWT

— Sam Pancher (@SamPancher) December 10, 2025

O embate começou após o líder do PT da Câmara, deputado Lindbergh Farias (RJ), citar o ex-deputado Ulysses Guimarães, principal articulador da Constituição de 1998, para criticar a votação do projeto.

Lindbergh lembrou que Motta citou Ulysses no discurso de posse na Câmara e falou sobre o filme Ainda Estou Aqui. “Vossa Excelência, na posse, falou de Ulysses Guimarães e fez referência ao filme sobre a vida de Rubens Paiva. A família de Paiva não viu aqueles criminosos serem julgados, a de Vladimir Herzog também não. E aí o senhor coloca esse projeto de forma oportunista, com um objetivo só: reduzir as penas de generais golpistas e do ex-presidente Jair Bolsonaro”, afirmou o deputado.

O líder do PT disse que Hugo Motta “está cometendo um crime” ao pautar o PL.

“O senhor está cometendo um crime, interferindo em um julgamento ainda em curso. Tem núcleos que ainda serão julgados. Que decepção”, completou.

Motta retrucou a fala de Lindbergh. “Tenho tido muito respeito aos oradores que estão na tribuna e continuarei a ter, mas escutar reiteradas vezes integrantes do Partido dos Trabalhadores, um partido que tenho respeito, respeito a sua história, invocar e falar sobre Ulysses Guimarães, quando esse próprio partido votou contra a atual Constituição, é realmente uma incoerência muito histórica”, disse o presidente da Câmara.

Minutos depois, a deputada Benedita da Silva (PT-RJ), que participou da Assembleia Nacional Constituinte, tentou corrigir o presidente da Casa, mas foi interrompida. “Tenho muito respeito por Vossa Excelência, mas o que disse é que o PT votou contra a Constituição. E isso é uma verdade”, disse Motta.

O Partido dos Trabalhadores realmente votou contra o texto final da Constituição de 1988, como protesto por elementos que a legenda considerou “conservadores”. Entre os pontos estava a autonomia das Forças Armadas e a jornada de trabalha não ter sido reduzida para menos de 40 horas semanais. No entanto, os parlamentares petistas assinaram o documento após a aprovação.

Relação desgastada entre Motta e o PT

O embate entre Motta e Lindbergh ocorre após os dois parlamentares terem rompido relações nas últimas semanas. Nessa terça-feira (9/12), o líder do PT chegou a acusar o presidente da Câmara de descumprir decisão judicial e afirmar que ele deveria responder por crime de responsabilidade, passível de ser afastado do cargo.

“Hugo Motta tem que responder por crime de responsabilidade. As decisões do STF sobre Carla Zambelli (PL) e Alexandre Ramagem (PL) não deixam margem para interpretação. A decisão judicial é que a mesa diretora, em casos de pena superior a 4 anos, afaste os parlamentares. No caso da Zambelli, por 6 meses Hugo Motta fez esse processo de jogar o caso para a CCJ [Comissão de Constituição e Justiça]. Ele está descumprindo uma decisão judicial e tem que responder por isso”, disse Lindbergh ao Metrópoles, na coluna do Paulo Cappelli.

O parlamentar também sustentou que o presidente da Câmara agiu com diferente rigor ao lidar com os casos de bolsonaristas e de governistas que ocuparam a cadeira da presidência da Casa para fazer reivindicações.

“Quando bolsonaristas sequestraram a mesa da Câmara em agosto [para pressionar pela anistia], Motta agiu de forma frouxa. Hoje, botou a Polícia Legislativa para agredir deputados [que protestavam no plenário pela manutenção do mandato de Glauber Braga]. Foram dois pesos e duas medidas”, argumentou Lindbergh.

 

 

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