A prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), decretada na manhã deste sábado (22), provocou reação imediata do pastor Silas Malafaia. Ele divulgou um vídeo inflamado nas redes sociais em que tenta ligar a detenção do aliado ao escândalo bilionário do Banco Master, investigado por fraude de R$ 12,2 bilhões.
No vídeo, Malafaia afirma que a prisão é “injustiça, covardia e farsa” e acusa autoridades de criarem uma “cortina de fumaça” para desviar o foco do Master. Ele sustenta que a investigação financeira atinge gente poderosa de Brasília e insinua, sem comprovação, envolvimento da família de Alexandre de Moraes. As declarações circularam rapidamente entre perfis bolsonaristas e ampliaram a mobilização digital contra a decisão.
O caso do Banco Master ganhou novo fôlego nesta semana com a prisão de Daniel Vorcaro, presidente da instituição. A Polícia Federal aponta que a instituição vendeu carteiras de crédito falsas ao BRB, criando um rombo estimado em R$ 12,2 bilhões. A operação expôs relações políticas e jurídicas sensíveis, inclusive contratos com escritórios de advocacia de alto perfil na capital federal.
Malafaia tenta usar esse escândalo para reposicionar a narrativa sobre a prisão de Bolsonaro. Ele questiona a legalidade da medida, critica o inquérito e volta a sugerir perseguição política contra o ex-presidente e seus aliados. No vídeo, ele repete argumentos já usados pela extrema direita, afirmando que a convocação de uma vigília por Flávio Bolsonaro não poderia resultar na prisão do pai.
O ponto, porém, está documentado na decisão judicial. A ordem de prisão menciona risco de fuga, violação da tornozeleira eletrônica e a chamada da vigília na porta do condomínio. Trechos do despacho classificam a mobilização como reunião “disfarçada de vigília”, associada ao modus operandi já identificado em outras ações da militância radicalizada.
A escalada do pastor não é apenas retórica religiosa. Ele próprio responde a investigações que apuram coação, obstrução e articulação com Jair e Eduardo Bolsonaro para pressionar o Judiciário. Ao recolocar o Master no centro do debate, Malafaia tenta blindar Bolsonaro de desgaste adicional e reposicionar o grupo diante do impacto político da prisão.
A reação do pastor ocorre num momento de desorganização do bolsonarismo. A detenção de Bolsonaro mexe com o núcleo político da extrema direita, abre disputa por protagonismo e endurece a retórica de aliados fiéis, que buscam reorganizar o discurso e manter o engajamento de sua base mais radical.
Malafaia aposta na polarização e tenta alimentar a narrativa de conspiração para manter viva a militância. O Banco Master entra no rolo como peça de um jogo maior, no qual o pastor tenta transformar a crise do bolsonarismo em oportunidade para reafirmar sua influência política e religiosa.
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Jornalista e Advogado. Especialista em política nacional e bastidores do poder. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.




