A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, foi às redes sociais nesta quinta-feira (15) para defender o ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, após sua firme participação na Comissão de Fiscalização e Transparência do Senado.
Com um discurso direto, Gleisi cravou que “foi entre 2019 e 2022 que o ladrão entrou na casa do INSS” — responsabilizando a gestão Bolsonaro por desmontar os mecanismos de controle sobre entidades que passaram a descontar ilegalmente valores de aposentados e pensionistas.
O ministro Wolney Queiroz foi convocado ao Senado por parlamentares da oposição, como Sergio Moro (União-PR), Eduardo Girão (Novo-CE) e Marcos Rogério (PL-RO), para explicar os golpes contra beneficiários do INSS. Mas surpreendeu ao virar o jogo político: “Essas fraudes não começaram agora, mas terminaram neste governo.”
Segundo o ministro, a criação de entidades fantasmas foi viabilizada pela revogação da obrigatoriedade de revalidação de autorizações de desconto, medida sancionada pela Lei 14.438/2022, no fim do governo Bolsonaro.
Foi o presidente Lula que mandou chamar a polícia, que deflagrou a operação, que desbaratou essa gangue que roubava os aposentados”, afirmou.
Durante a audiência, oposicionistas alegaram que a Controladoria-Geral da União (CGU) só iniciou as investigações após a exposição do caso na imprensa, já em 2024. Também citaram denúncias de suborno a servidores ainda durante o atual governo.
Tentaram desgastar o ministro com uma emenda à Medida Provisória 1.006/2020 — proposta por Wolney à época da pandemia — que ampliava o prazo de revalidação de dados. Ele rebateu, dizendo que a sugestão foi feita pelo Conselho Nacional de Previdência Social e contou com apoio de líderes do PDT, PT e PSB.
Gleisi, por sua vez, reforçou a posição do governo: “Foi a atual gestão que chamou a Polícia Federal, desmontou o esquema e está garantindo que os aposentados não saiam no prejuízo.”
O INSS notificou 9,4 milhões de beneficiários para conferirem eventuais descontos indevidos. Quem se sentir lesado pode contestar via aplicativo Meu INSS ou pelo telefone 135.
As entidades envolvidas terão 15 dias úteis para comprovar a regularidade dos descontos ou ressarcir os valores, corrigidos pelo IPCA, por meio de uma Guia de Recolhimento da União (GRU). O valor será devolvido ao segurado diretamente na folha de pagamento.
Segundo o ministro, R$ 2,5 bilhões já foram bloqueados judicialmente — valor que pode aumentar com o avanço das investigações.
Cerca de 90% dos beneficiários usam canais digitais, o que deve agilizar o processo de devolução.
O escândalo das fraudes no INSS escancara a herança de um período em que o Estado foi deliberadamente enfraquecido. Em nome da “desburocratização”, abriu-se caminho para golpistas.
A resposta do governo Lula — com investigações, bloqueio de valores e promessa de restituição — aponta para um esforço de reconstrução institucional. Mas há um passivo enorme a ser enfrentado.
A ministra Gleisi Hoffmann não apenas defendeu o ministro, como sinalizou que o Planalto não pretende recuar na responsabilização do passado. A batalha agora é pela memória e pela verdade — com os aposentados no centro da reparação.
Jornalista e Advogado. Especialista em política nacional e bastidores do poder. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.