As empresas públicas brasileiras apresentaram na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), realizada em Belém do Pará, entre os dias 7 e 21 de novembro, um conjunto robusto de iniciativas que reforçam o papel estratégico do Estado na agenda climática global. Além da participação de seus representantes em painéis com as principais discussões mundiais sobre os desafios das mudanças climáticas, as estatais levaram informação e interação em estandes de inovação e sustentabilidade e ainda foram responsáveis pela logística, comunicação e a conectividade para as transmissões do evento no mundo todo.
A atuação das estatais, cuja governança é acompanhada pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), reuniu bancos, empresas de energia, telecomunicações, agropecuária, logística e comunicação na COP 30. Cada uma delas contribuiu com soluções essenciais não só para a realização do evento, mas também para a implementação de políticas públicas, o enfrentamento da emergência climática e o desenvolvimento sustentável em todo o país.
A equipe do MGI visitou os espaços de algumas estatais durante o evento e conversou com representantes das empresas. Confira abaixo um resumo com os destaques dessa atuação.
Caixa Econômica Federal
A Caixa, co-realizadora da COP 30, apresentou sua atuação pautada na agenda de sustentabilidade e cidadania. A atuação incluiu ações de compensação de carbono, protocolos para resposta a desastres climáticos, ampliação do financiamento para cidades sustentáveis, eletromobilidade e transformação digital, além da apresentação de projetos voltados para inclusão social, povos indígenas e regeneração ambiental. O estande da Caixa funcionou como espaço de debates sobre modelos de desenvolvimento inclusivos.
Luis Felipe Bismarchi, diretor de Sustentabilidade e Cidadania da Caixa Econômica destacou que a Caixa lançou, entre outros compromissos, o Protocolo de Recuperação Pós-desastres Ambientais e Climáticos e ampliou o acesso a soluções bancárias em línguas indígenas, fortalecendo a inclusão social.
Nosso estande trouxe uma série de discussões, painéis, debates, que trataram sobre o processo de transição, de transformação dos modelos de produção, de consumo, de organização, que de fato gerem inclusão e regeneração. Nós somos o banco da compensação da COP como um todo e da compensação voluntária”, disse
Outro ponto relevante da estatal durante a COP 30 foi a assinatura do Contrato de Credenciamento (Accreditation Master Agreement, AMA), com o Fundo Verde para o Clima (Green Climate Fund, GCF), passo essencial para acessar diretamente recursos internacionais destinados a projetos climáticos de grande porte.
Itaipu Binacional
A Itaipu levou para a COP 30 uma amostra de suas ações de transição energética justa, incluindo iniciativas de gestão socioambiental, apoio a catadores de materiais recicláveis, proteção de nascentes e investimentos em infraestrutura socioambiental. Além das ações já consolidadas no Paraná e Mato Grosso do Sul, a empresa apresentou também projetos implementados em Belém, reforçando seu papel como promotora de desenvolvimento sustentável nos territórios afetados pela COP.
Em visita ao estande da estatal, a chefe da Assessoria de Comunicação Social da Itaipu Binacional, Stela Guimarães, apresentou uma amostra das iniciativas, entre elas o programa Coleta Mais, em prol da reciclagem e do saneamento ambiental, que envolve 4.600 catadores do Paraná e no Sul do Mato Grosso do Sul. Ela também ressaltou que Itaipu firmou parcerias estratégicas para o evento, como a produção conjunta de cartões postais com os Correios, apresentando a beleza da capital paraense.
Em Belém quatro cooperativas estão sendo apoiadas pela Itaipu, dentro do projeto Coleta Mais Belém, que ficarão como um legado para a sede da COP 30. São ações de estruturação dos galpões, de capacitação dos agentes ambientais, que são os catadores. Estamos alinhados, portanto, na transição energética justa, mas temos muito a alcançar com ações socioambientais”, afirmou
Telebras
A empresa levou à COP 30 uma experiência inédita de conectividade, voltada à ampliação da inclusão digital, por meio do uso de satélites de média órbita, que garantem comunicação de alta qualidade, especialmente para regiões remotas. Norberto Gonçalves, especialista em Gestão de Telecomunicações da Telebras reforçou a importância da conectividade para políticas públicas e segurança nacional.
Essa é uma tecnologia que nos dá mais uma capacidade de fazer esse atendimento a populações afastadas, comunidades ribeirinhas, quilombolas ou atendimento a forças de segurança em caso de desastre”, explicou
A conexão via satélite da Telebras ficou disponível durante toda a COP no estande da estatal, montada em parceria com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). A iniciativa marcou a primeira demonstração pública da nova solução de tecnologia desenvolvida numa colaboração com a empresa luxemburguesa SES.
BNDES
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) foi um dos agentes mobilizadores de recursos para a realização da COP da Amazônia. Além disso, fomentou projetos estratégicos que deixam um legado sustentável e transformador para a região. Entre eles, o lançamento do programa do Sebrae para cooperativas na Amazônia e múltiplos contratos para restauração florestal e o incentivo à bioeconomia, especialmente no estado do Pará.
Segundo Luciana Tito, superintendente da área internacional de captação de recursos do BNDES, o banco atuou com um papel ativo de mobilização e financiamento.
Conseguimos reunir R$ 21 bilhões em parcerias internacionais, incluindo o Banco Interamericano de Desenvolvimento, KFW, AFD e a Caixa de Depósitos, para apoiar projetos climáticos no Brasil”.
Além disso, a Casa BNDES na COP 30, instalada no coração de Belém (PA), no histórico Complexo dos Mercedários, transformou a região das docas em um epicentro de cultura, cinema e biodiversidade durante o evento. Com entrada gratuita, o espaço reuniu uma programação intensa de filmes, exposições, performances e experiências sensoriais que conectaram arte, ciência e sustentabilidade.
Banco do Brasil
O BB levou para a COP 30 um estande voltado a conexões estratégicas, parcerias e negócios sustentáveis, alinhado à estratégia de sustentabilidade do banco. A empresa apresentou iniciativas tecnológicas, incluindo sua “árvore BB” com inteligência artificial, e reforçou o compromisso com a COP da implementação. O espaço funcionou como um ponto de encontros entre o banco, clientes, parceiros nacionais, internacionais e a sociedade local.
“Nós idealizamos um espaço que fosse ao mesmo tempo aconchegante, que a gente conseguisse receber parceiros, clientes, a Sociedade de Belém, trazendo um símbolo de toda a jornada que nós tivemos desde o G20 Social, lá e no Rio de Janeiro, que é a nossa árvore bebê, com a Inteligência Artificial embarcada. E aqui a gente trouxe diversos painéis, fizemos alguns anúncios e parcerias, desatou, Walléria Sampaio, gerente executiva de ASG do Banco do Brasil.
A sustentabilidade é para já, e conecta muito com o lema da COP 30 de ser a COP da implementação, a COP do povo, o banco que leva o Brasil no nome não podia deixar de estar aqui assim presente”, complementou
Dataprev
A Dataprev, empresa estatal de tecnologia, desempenhou papel fundamental na infraestrutura tecnológica da COP 30, assumindo, inclusive, toda a conectividade das transimissões da Blue Zone (que representa o coração diplomático da COP, onde as decisões são tomadas e os acordos são firmados). A empresa também participou das entregas de produtos estratégicos de governo digital, como o lançamento do CAR como um bem público
O presidente da Dataprev, Rodrigo Assumpção, ressaltou que a empresa participou desde o início no apoio à logística da COP 30 e reforçou a importância de dados e tecnologias públicas para a agenda climática global.
Nós resolvemos empacotar o CAR em um formato de bem público digital, para oferecer para os países participantes essa possibilidade de começar o seu próprio cadastro ambiental. Também trouxemos aqui para a COP, o embrião do que vai ser um sistema de gestão de calamidades, um módulo para você gerenciar doações, que a sociedade se mobiliza, faz muitas doações, é uma forma de organizar isso para que seja efetivo”, destacou
Banco da Amazônia (Basa)
O Banco da Amazônia (Basa) mostrou seu papel como principal banco de desenvolvimento da Região Norte, levando à COP 30 debates sobre bioeconomia, desenvolvimento sustentável, alternativas econômicas regionais e políticas públicas federais para a Amazônia.
O estande funcionou como espaço de diálogo entre governo, setor privado e sociedade civil, reforçando sua missão de promover desenvolvimento sustentável no bioma.
A gente conseguiu reunir instituições financeiras, agentes da iniciativa privada, órgãos do governo, sociedade civil organizada, institutos de regulação, para a gente conseguir, através do diálogo, chegar a soluções ainda mais palpáveis e mais verdadeiras para a Amazônia que a gente vive”, ressaltou Roberto Schwartz, diretor de crédito do Banco da Amazônia
ENBPar
A Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBpar) que produz, comercializa e estimula o uso de energias renováveis, levou para a COP o portfólio do setor nuclear estatal. A empresa evidenciou como suas ações combinam energia limpa, eficiência energética e democratização do acesso, alinhadas a uma transição energética justa e inclusiva.
O assessor da ENBPar, William Medeiros, explicou, durante visita ao estande, que a empresa faz a gestão de alguns programas do governo, como o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica, o Procel, que promove o uso racional de energia na nossa sociedade e O Luz para Todos, que é o programa de universalização do acesso à energia elétrica. “Levamos a democratização da energia para as populações que não têm acesso ao sistema de distribuição e transmissão de energia elétrica, populações ribeirinhas e em regiões remotas”, disse.
Ele também destacou o Proinfa, que é o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia, que foi o programa que trouxe os primeiros investimentos nas usinas eólicas do Brasil.
Nós somos uma empresa que traz tanto a geração limpa e sustentável para o país, e também o uso racional e a democratização, estando alinhados com o conceito de transição energética como justo e inclusiva, levando energia limpa para a população, de forma a incluí-los nesse processo de transição”, afirmou
Correios
Como operador logístico estratégico da COP 30, os Correios foram responsáveis pelo transporte internacional dos materiais da ONU, pela logística das delegações e pela distribuição de cargas dentro do complexo do evento. Com mais de 360 anos de experiência em logística nacional e internacional, a empresa atuou com soluções completas e com práticas sustentáveis tornando possível a realização de um evento de tal porte na região Norte do país.
Os Correios apresentaram ainda medidas de redução da pegada de carbono, como uso de veículos elétricos, priorização de voos diretos e equipamentos de logística sustentáveis, evidenciando o papel da empresa como referência em logística verde no setor público.
É um trabalho de bastidor, mas muito importante e dá muito orgulho que os Correios participaram nesse momento tão importante para Belém, para o Brasil e para a sociedade global na discussão de ações de sustentabilidade.É uma obrigação dos Correios, faz parte do nosso compromisso com a sociedade brasileira, fazer uma operação com o menor impacto possível no meio ambiente”, afirmou Frank Moura, assessor especial da Presidência dos Correios
Os Correios montaram três espaços para oferecer serviços postais e de armazenamento, em uma área de mais de 300 m². Os locais atenderam delegações internacionais, expositores e o governo federal, com equipamentos elétricos para reduzir as emissões de carbono. A estrutura contou com um ponto de atendimento na Zona Azul, onde foram ofertados serviços de envios nacionais e internacionais; um centro operacional de 200m² na Zona Azul, para as atividades operacionais de recebimento, conferência e preparação de entrega das cargas de delegações; e um centro operacional de 100 m² na Zona Verde, com três pontos de atendimento e uma área operacional de logística.
Empresa Brasil de Comunicação (EBC)
A EBC atuou como emissora anfitriã da COP 30, responsável pela produção e distribuição de todas as imagens oficiais do evento para o Brasil e para o mundo. A empresa montou um estúdio multimídia, mobilizou mais de 300 profissionais e realizou a maior operação técnica de sua história.O protagonismo da empresa estatal reforça o papel da comunicação pública na transparência e democratização da informação climática.
As nossas câmeras estão posicionadas nas principais salas daqui da COP 30 e as imagens oficiais, portanto, são fornecidas pela EBC. É certamente a maior operação que a EBC já foi responsável desde a sua criação”, afirmou Braúlio Ribeiro, diretor geral da EBC
Ele destacou a cobertura da empresa tanto dos veículos públicos quanto dos veículos governamentais, TV Brasil, Rádio Nacional, Agência Brasil, Rádio Agência Nacional e na parte governamental, o Canal GOV, a Agência GOV, Voz do Brasil, Bom Dia Ministro, Bom Dia Ministra.
A EBC foi responsável pela geração e distribuição dos sinais oficiais da conferência, por meio de uma operação técnica que envolveu 42 sinais simultâneos, estúdios de rádio e TV, sistema de IPTV com mais de 330 pontos de exibição e transmissão em UHD 4K — o mais avançado padrão de qualidade de imagem disponível.
Embrapa
A Embrapa marcou presença na COP 30, com a AgriZone – Casa da Agricultura Sustentável. Um espaço inclusivo voltado a diálogos e ao compartilhamento de experiências entre todas as partes envolvidas na implementação das ações necessárias para a promoção de uma agricultura sustentável e da segurança alimentar, diante dos desafios impostos pela mudança do clima.
A AgriZone foi uma grande vitrine de tecnologias, ciência e cooperação internacional voltada à agricultura sustentável e ao combate à fome em um contexto de mudança do clima. Localizado a menos de 2 km da Blue Zone, em Belém (PA), o espaço vai abrigou aproximadamente 400 eventos, resultado de uma consulta pública, vitrines virtuais de soluções sustentáveis, experiências gastronômicas e culturais, imersão na floresta amazônica e vitrines vivas com tecnologias de baixo carbono e que tornam a agricultura mais resiliente à mudança do clima.
A ministra da Gestão, Esther Dweck, conheceu pessoalmente o espaço, na primeira semana da COP 30 e destacou o papel estratégico da Embrapa para ações práticas que unem tecnologia, resiliência e segurança alimentar global.
A Embrapa é muito importante para o país, para a agricultura familiar e para a produção de alimentos. Hoje eu vi feijão, trigo, milho, culturas todas de frutas, de cupuaçu, açaí e banana. Porque a Embrapa trouxe para cá parte do que ela faz no Brasil inteiro”, ressaltou
Na visita, a ministra também aproveitou para destacar a integração de políticas públicas, com o lançamento do novo módulo Alimentos do Contrata+Brasil, plataforma de oportunidades de negócio em contratações públicas, fazendo com que a política do governo federal esteja presente desde o plantio até a aquisição dos alimentos. “Temos tecnologia e inovação. Estamos falando diretamente de fortalecer a agricultura familiar e a produção de alimentos. Já temos uma política de crédito na agricultura familiar, e a produção de alimentos, e agora o governo está trabalhando na outra ponta, que é a demanda, na aquisição, diretamente dos nossos produtores familiares e dos nossos pequenos produtores”, afirmou.
A atuação integrada das estatais na COP30 demonstrou a força dessas empresas em mobilizar infraestrutura, financiamento, tecnologia, agricultura sustentável, inovação social e comunicação pública para apoiar a transição energética justa e a agenda climática internacional. A diversidade e complementaridade das ações apresentadas reforçam a importância estratégica das empresas estatais para o enfrentamento da emergência climática e para o desenvolvimento sustentável do Brasil.
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