Embaixada do Brasil em Paris é alvo de novos protestos no Dia da Independência

Neste ano, por conta da pandemia, a Embaixada do Brasil em Paris não abriu as suas portas para a tradicional festa do 7 de setembro. Mas brasileiros residentes na Europa, membros de vários coletivos contra o governo Bolsonaro, foram protestar em frente à sede da Embaixada nesta segunda-feira (7).

Enquanto um grupo de ativistas foi à Embaixada do Brasil em Paris na madrugada do dia 7 para projetar um vídeo de cerca de 3 minutos no muro da Embaixada, no prestigioso 8º distrito de Paris, outro grupo realizou o protesto à luz do dia, de surpresa.

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O protesto da madrugada, registrado em vídeo, trazia frases como “Verás que um filho teu não foge à luta”, em referência ao Hino Nacional brasileiro, “Fora Bolsonaro” e “Já raiou a liberdade no horizonte do Brasil”.

A projeção foi encerrada com a frase: “Por que sua esposa Michelle recebeu R$ 89 mil de Fabrício Queiroz?”, questão replicada à exaustão nas redes sociais após um jornalista tê-la feito ao presidente Jair Bolsonaro – sobre os repasses feitos por Fabrício Queiroz, ex-assessor investigado pela prática de “rachadinha”, à atual primeira-dama, Michelle Bolsonaro – e receber como resposta que o presidente queria “encher a boca do repórter de porrada”.

O segundo protesto, por volta das 10:30h da manhã, hora local, foi feito com membros de diversos grupos e organizado pelo coletivo Fumaça Anti-fascista, de artistas plásticos e ativistas. A fumaça, nas cores rubro-negras, simbolizam o movimento antifascista, dizem os membros do coletivo.

Este protesto marca também o Grito dos Excluídos, tradicional protesto que acontece no Brasil no Dia da Independência, segundo Rebeca Lang, que esteve presente no primeiro protesto desta segunda-feira (7) em Paris.

Silêncio indignado
A ativista Marcia Camargos, presente no protesto, disse que há várias leituras possíveis para esta fumaça em frente ao prédio da Embaixada. “A bandeira do Brasil ficou envolta em fumaça. A bruma que envolveu o prédio da Embaixada é negra, o que é um retrato do Brasil sobre o governo Bolsonaro. Isso remete à fumaça na Amazônia e às políticas genocidas deste governo”, afirmou.

No canteiro em frente à Embaixada, coberta de fumaça, ativistas olhavam parados, em silêncio. “É um silêncio indignado, não há palavras no dicionário para expressar o que se passa no Brasil hoje”, conclui Marcia.

Outros protestos
Em maio deste ano, o artista brasileiro Julio Vilani também elegeu o prédio da Embaixada como alvo de protesto contra o governo Bolsonaro.

Na ocasião, o artista instalou vários painéis na fachada da Embaixada do Brasil em Paris, em protesto contra o presidente brasileiro Jair Bolsonaro. O ato aconteceu na mesma semana em que o jornal francês Le Monde publicou um editorial criticando a gestão da pandemia de Covid-19 no Brasil. O texto do vespertino suscitou uma reação do embaixador brasileiro, Luiz Fernando Serra, um dos maiores aliados de Bolsonaro no Itamaraty.

Em 2019, uma ação organizada pela ONG Youth Climate em frente à Embaixada brasileira da capital francesa, protestava contra os incêndios na Amazônia.

Um outro protesto, em junho deste ano, ocorreu na praça do Trocadero, em frente à Torre Eiffel. Tratava-se da performance “Genocídio”, para “denunciar a necropolítica do Estado brasileiro”, segundo os organizadores.

Por RFI