CPMI do INSS convoca Zema, virtual vice de Tarcísio em 2026

A CPMI do INSS tensionou Brasília ao convocar o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e rejeitar a tentativa da oposição de arrastar Fábio Luís Lula da Silva e o advogado-geral da União, Jorge Messias, para o centro da disputa em torno das fraudes na Previdência. A movimentação acende ainda mais o clima político porque Zema, nos bastidores, é lembrado como virtual vice na chapa presidencial de Tarcísio de Freitas (Republicanos) em 2026, o que torna seu depoimento um ingrediente explosivo no jogo nacional.

A reunião, a última de 2025, virou palco de um confronto aberto entre governistas e oposicionistas na análise de 181 requerimentos. A convocação de Zema foi apresentada pelo deputado Rogério Correia (PT-MG), que sustenta existir vínculo relevante do governador com a Zema Crédito, empresa da família envolvida em operações de consignados. Zema enviou ofício afirmando ter deixado a administração da companhia em 2018 e que não tem informações a prestar sobre sua gestão. Correia rebateu dizendo que o mineiro ainda detém 16,41% das ações.

A oposição viu arbitrariedade na decisão. O senador Rogério Marinho (PL-RN) afirmou que a convocação extrapola o escopo da CPMI e atende a interesses políticos. Governistas responderam que apurações envolvendo consignados, BPC e fraudes estruturais exigem esclarecimentos de todos os agentes com participação direta ou indireta.

A tentativa da oposição de convocar Fábio Luís Lula da Silva ruiu por 19 votos a 12. Parlamentares citaram depoimento de Edson Claro, ligado ao “Careca do INSS”, sugerindo pagamento de mesada a Lulinha, tese abraçada pelo senador Sergio Moro (União-PR). O líder do governo, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), reagiu exigindo provas e denunciou o uso da CPMI como palanque eleitoral contra Lula.

O relator Alfredo Gaspar (União-AL) aumentou a tensão ao informar que recebeu telefonema de Edson Claro alegando risco iminente de vida. O presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), enviou o caso ao STF e à Polícia Federal.

Sete requerimentos para convocar Jorge Messias também foram rejeitados. Marinho buscou vinculá-lo à seleção das entidades investigadas pela AGU, mas a senadora Eliziane Gama (PDT-MA) rebateu, dizendo que a movimentação só ganhou força após a indicação de Messias ao STF, sinalizando tentativa de desgaste político. Ela destacou que o advogado é responsável pela recuperação de bilhões desviados do INSS.

As convocações de CEOs de grandes bancos envolvidos em consignados foram rejeitadas, apesar das críticas de Izalci Lucas (PL-DF) sobre denúncias de descontos indevidos, biometria falsificada e empréstimos não creditados. A CPMI aprovou apenas a convocação e a quebra de sigilos de Daniel Vorcaro, presidente do Banco Master, preso na Operação Compliance Zero e solto por decisão judicial.

Pedidos de quebra de sigilo ligados à Zema Crédito e ao ex-ministro Carlos Lupi foram recusados. O ministro da Previdência, Wolney Queiroz, deve comparecer somente após o recesso. Danielle Fonteles, da Pepper Comunicação, também escapou de convocação.

Ao final, Carlos Viana anunciou que busca assinaturas para estender o prazo da CPMI, previsto para terminar em 28 de março de 2026. O movimento evidencia que a disputa pelo controle das narrativas sobre fraudes previdenciárias seguirá intensa no ano eleitoral.

A CPMI se converteu em arena onde direita e governo travam um duelo que extrapola o INSS. A presença de Zema como potencial vice de Tarcísio, somada à tentativa de envolver Lulinha e Messias, revela que a comissão é menos sobre fraudes e mais sobre 2026, seus protagonistas e seus projetos de poder.

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