- Os três principais personagens dessa trama –Kajuru, Pacheco e Marques– são mais bolsonaristas que a dona Michelle Bolsonaro
Há uma lenda segunda qual corvo não come corvo. O Corvus corax, o corvo comum, costuma se alimentar de carniça, insetos, grãos de cereais, bagas, frutos, pequenos animais e resíduos alimentares.
Feito esse esclarecimento inicial, a pedido senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO), o ministro Nunes Marques foi sorteado no Supremo Tribunal Federal (STF) para relatar ação que tenta agilizar a análise do pedido de impeachment do também ministro Alexandre de Moraes.
Kajuru é o mesmo que protocolou ação pela abertura da CPI da Covid e divulgou no domingo, com consentimento, uma conversa com o presidente Jair Bolsonaro. No áudio disseminado pelo senador, o mandatário esculhamba o ministro Luís Roberto Barroso –que concedeu ordem para o Senado instalar a investigação– e ameaçou o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) com umas porradas.
O pedido de abertura de impeachment de Moraes foi apresentado por Kajuru ao STF logo após o ministro determinar, em 16 de fevereiro, a prisão em flagrante do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ), que divulgou na internet vídeo no qual defende o AI-5 — o instrumento mais duro da ditadura militar — e ameaçou fisicamente os ministros do Supremo Tribunal Federal.
Conspirar contra a ordem democrática é inconstitucional, entendeu o STF.
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Na ação que terá Nunes Marques como relator, Kajuru acusa Moraes de ter cometido crime de responsabilidade, fazendo críticas ao chamado inquérito das fake news, que apura ataques e divulgação de notícias falsas sobre membros do STF.
O presidente Jair Bolsonaro, na conversa com Kajuru, orientou o senador a articular o impeachment de ministros do Supremo.
Nunes Marques foi nomeado recentemente por Bolsonaro.
Para Kajuru, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), tem sido “omisso” ao não despachar o processo de impeachment de Alexandre de Moraes.
“Houve insistentes agressões às garantias da liberdade de expressão e de imprensa, bem como a recente violação à imunidade parlamentar de um deputado federal no pleno exercício de seu mandato, preso ilegalmente a seu mando e alvitre, ferindo igualmente a liberdade de expressão e direito de opinião, essenciais para a crítica e a fiscalização dos Poderes da República, ainda mais num momento de crise e pandemia”, sustentou no Supremo o senador Jorge Kajuru.
O diabo nisso tudo é que os três principais personagens dessa trama –Kajuru, Pacheco e Marques– são mais bolsonaristas que a dona Michelle Bolsonaro.
Quanto ao processo de impeachment, que espera um relatório de Nunes Marques contra Moraes, você acha que corvo come corvo?
A conferir.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.