O ki-suco ferveu no início desta semana em Curitiba, apesar do tempo cinza, chuvoso e frio. E isso nada tem a ver com o Dia dos Namorados, neste 12 de junho. Trata-se da busca por cerca de R$300 milhões em depósitos judiciais, relacionados à Lava Jato, que estão no centro de uma correição extraordinária na 13ª Vara da Justiça Federal em Curitiba e no TRF4. Um escândalo.
O corregedor nacional de Justiça, Luís Felipe Salomão, planeja examinar minuciosamente as decisões envolvidas, bem como a origem e a destinação dos recursos, podendo solicitar a quebra de sigilos bancários, caso seja necessário. Por isso a temperatura continua subindo na capital paranaense.
As investigações estão chamando a atenção da população de Curitiba, que se manifesta na Boca Maldita, tradicional ponto de encontro de manifestações políticas, questionando: “Deltan, Moro, cadê a grana?” Afinal, diz o ditado, perguntar não ofende ninguém…
A abertura dessa inspeção extraordinária ocorreu após o afastamento do juiz Eduardo Appio, acusado de supostamente ameaçar o desembargador federal Marcelo Malucelli. O magistrado nega as acusações. Antes de ser afastado, Appio vinha revisando as decisões do ex-juiz Sergio Moro, seu antecessor na 13ª Vara Federal de Curitiba.
Além disso, Salomão tem a intenção de examinar com especial atenção os acordos de cooperação internacional e a forma como as delações premiadas foram conduzidas. Há denúncias capazes de arrepiar até os cabelos de Alexandre de Moraes. Por isso, o ministro do CNJ estará em Curitiba esta semana para acompanhar de perto os desdobramentos dessas investigações.
Em 2019, um acordo homologado pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes, já havia estabelecido a destinação de R$2,6 bilhões, originalmente destinados a um fundo administrado pelo MPF, para a conta única do Tesouro, a fim de serem utilizados em saúde e educação. Ou seja, Xandão embargou o fundo bilionário que pretendia Deltan Dallangol e outros atores da antiga Lava Jato.
Chama atenção o fato de que a Lava Jato pode ter seguido os mesmos passos da Operação Mãos Limpas na Itália, há trinta anos, que também foi marcada por casos de corrupção interna. Em setembro de 1993, o juiz Diego Curtó, do Tribunal de Milão e um dos mais influentes da Mãos Limpas, foi acusado de ter embolsado uma quantia equivalente a algumas centenas de milhares de dólares. Esses acontecimentos foram um choque para os defensores da limpeza política na Itália.
No entanto, o caso da Lava Jato ainda está sob investigação do CNJ – embora seja corrente nos meios políticos e jurídicos as suspeitas de irregularidade na força-tarefa entre os anos de 2014 e 2021. Vide a farra nas diárias, objeto de condenação em R$ 3 milhões contra Dallagnol, antigo coordenador da operação.
É importante ressaltar que, graças à Mãos Limpas, Silvio Berlusconi, político de direita e neoliberal, surgiu, possibilitando o surgimento da extrema direita na Itália. Da mesma forma, graças à Lava Jato, Michel Temer e Jair Bolsonaro, políticos alinhados à direita e ao neoliberalismo, surgiram, abrindo caminho para extremistas e golpistas que tentaram derrubar o presidente Lula em 8 de janeiro.
LEIA TAMBÉM
- Silvio Berlusconi, ícone da política e do neoliberalismo italiano, faleceu hoje aos 86 anos
- Novo juiz da Lava Jato Eduardo Appio pode retornar à 13ª Vara de Curitiba esta semana
- Lula tirava sono da força-tarefa Lava Jato, revelam mensagens da Operação Spoofing
- Operação Spoofing revela promiscuidade entre TRF4 e Lava Jato para manter Lula preso ilegalmente em 2018
E aí MORO, onde foi parar está grana?