Assembleia Legislativa celebra o Dia da Umbanda e homenageia lideranças religiosas

Solenidade ocorreu no Plenário da Casa, na noite desta quarta-feira (12).
Créditos: Valdir Amaral/Alep

Vestindo roupas brancas, filás, ojás e guias, umbandistas foram homenageadas na noite desta quarta-feira (12) no Plenário pela Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). A cerimônia, proposta pelo deputado estadual Gilberto Ribeiro (PL), aludiu ao Dia da Umbanda, celebrado em todo o Brasil no sábado (15). Apresentações e momentos de celebração religiosa aos povos de axé também marcaram a solenidade.

Logo ao abrir a cerimônia com os dizeres “Sob a proteção de Olorum”, adaptando a tradicional expressão que dá início às sessões na Alep, Gilberto Ribeiro ressaltou a urgência de proteger a liberdade religiosa e superar a intolerância. “Ter respeito e permitir que cada um viva sua religiosidade é o mais importante”, destacou. O parlamentar também detalhou como se encontrou na fé umbandista, vínculo que nasceu durante sua luta contra o câncer.

O evento condecorou os esforços da Federação Umbandista do Estado do Paraná (Fuep), criada em 1968, na preservação das tradições afro-brasileiras, na defesa da liberdade religiosa e na promoção da inclusão. “Para a nossa comunidade, é uma oportunidade de empoderamento e fortalecimento do nosso axé”, considerou Mãe Silvana, presidente da instituição. “Estar aqui hoje é uma forma de nos apresentar socialmente, reconhecer que a nossa religião também faz parte do conjunto de religiões presentes na sociedade e que estamos aqui para um bem maior.”

O Censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que umbanda e candomblé reúnem 1,05% da população brasileira, percentual em crescimento desde 2000 (0,09%) e 2010 (0,31%). No Paraná, 58,5 mil pessoas (0,59%) seguem essas religiões, sendo 21.242 em Curitiba (1,34%) — número que subiu de 3.526 em 2000. A região Sul concentra o maior percentual de adeptos, com 1,6%. “A nossa sociedade agora está com mais força para se autodeclarar umbandista e candomblecista. Antes vivíamos mais escondidos. Esse número cresce também pela nossa oportunidade de afirmar nossa identidade”, avaliou Silvana.

“O ponto comum que deveria predominar em todas as religiões é o respeito. Quando existe o respeito, existe o amor”, frisou Pai Geverson de Xangô, diretor administrativo da Fuep, referindo-se à discriminação sofrida pelos adeptos. Apesar da expansão, umbandistas convivem com a intolerância religiosa. Em 2024, a maioria das 2,4 mil denúncias de intolerância registradas pelo Ministério dos Direitos Humanos teve como vítimas pessoas que praticam rituais de umbanda e candomblé.

Ivânia Ramos dos Santos, diretora de Igualdade Racial, Povos e Comunidades Tradicionais na Secretaria de Estado da Mulher, Igualdade Racial e Pessoa Idosa (Semipi), destacou a contribuição da religião e de seus praticantes para o Paraná. “A comunidade umbandista faz um trabalho de conscientização e política pública nos municípios, e sempre encontramos, nas ações de conselho e mobilizações, a comunidade de terreiro. Ela vem se destacando pela defesa de toda e qualquer comunidade e pela importância de se unir pela liberdade”, afirmou.

“É um passo muito importante para a Fuep ser reconhecida dentro dos poderes do Paraná, uma vez que é o reconhecimento institucional de um trabalho sério, comprometido com a defesa das religiões de matrizes africanas e com os direitos dos umbandistas do Estado”, frisou Pai Jimmy de Iemanjá, presidente do Conselho Deliberativo da Fuep. “Deixa um legado aos futuros umbandistas — as crianças aqui presentes, que serão a continuidade do nosso trabalho.”

Foram distribuídas menções honrosas a 35 pessoas que contribuem para proteger, difundir e valorizar a umbanda no Paraná. Dentre eles, quatro personalidades foram agraciadas com o Prêmio Axé, que reconhece lideranças que se destacam pela contribuição à valorização da cultura afro-brasileira.

ALEP Notícias é site parceiro do Blog do Esmael

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *