Aldo Rebelo lança livro em Curitiba e discute chapa com Ratinho Júnior nesta quinta

Aldo Rebelo está prestes a voltar ao centro do debate político nacional. O ex-ministro, que já presidiu a Câmara dos Deputados e comandou quatro pastas estratégicas nos governos Lula e Dilma, será o protagonista de um evento de peso nesta quinta-feira (15), às 19h, no Graciosa Country Club, em Curitiba. Ali, ele lançará seu mais novo livro — Amazônia, a Maldição das Tordesilhas — em uma palestra que promete reunir parte da elite econômica e intelectual do Paraná.

O encontro, promovido pelo Instituto Democracia e Liberdade (IDL), presidido por Edson Ramon, também presidente da FIEP (Federação das Indústrias do Paraná), reforça a conexão entre Rebelo e setores empresariais interessados em discutir soberania nacional, meio ambiente e desenvolvimento sustentável — temas centrais da nova obra.

A publicação revisita cinco séculos de cobiça internacional sobre a Amazônia, com foco em tratados, acordos e interesses estrangeiros que, segundo o autor, minam a soberania brasileira sobre a região mais estratégica do país. A expectativa é que Rebelo defenda uma nova agenda para a Amazônia, com equilíbrio entre proteção ambiental e desenvolvimento econômico — sem subordinação a ONGs ou organismos multilaterais.

Seu discurso, já conhecido pela firmeza nacionalista, será ouvido por empresários, militares, juristas e lideranças políticas. A depender da repercussão, o ex-ministro pode sair do evento não apenas como autor, mas como presidenciável em potencial para 2026.

Enquanto isso, nos bastidores da política nacional, outra frente envolvendo Aldo começa a se desenhar.

Aldo Rebelo e Ratinho Júnior debatem chapa 2026

A articulação de uma chapa entre Aldo Rebelo e Ratinho Júnior para a corrida presidencial de 2026 avança em silêncio — mas já começa a ganhar contornos mais nítidos. Também nesta quinta-feira, pela manhã, os dois líderes devem se encontrar novamente no Palácio Iguaçu, em Curitiba, para discutir a formação de uma candidatura conjunta que rompa com a polarização entre Lula e Bolsonaro.

Fontes do Blog do Esmael no terceiro andar do Palácio garantem que esta será a segunda reunião entre o ex-ministro e o governador do Paraná em menos de dois meses. Embora o conteúdo da conversa esteja sob sigilo, o objetivo é claro: montar uma chapa de centro nacionalista com apoio no agronegócio, na indústria e em setores descontentes com os extremos.

A conjuntura partidária acentua o movimento. O presidente do PSD, Gilberto Kassab, acolheu recentemente o governador gaúcho Eduardo Leite, numa manobra interpretada como tentativa de inviabilizar uma candidatura nacional de Ratinho Júnior. O movimento irritou aliados e forçou o governador do Paraná a explorar outras possibilidades, inclusive a mudança de sigla.

Do outro lado, Aldo Rebelo ressurge com o discurso de união nacional, soberania e desenvolvimento. O ex-presidente da Câmara e ex-ministro de quatro pastas (Esportes, Ciência e Tecnologia, Defesa e Relações Institucionais) trabalha para ocupar o vácuo da chamada terceira via. Sua experiência e capacidade de transitar entre campos ideológicos distintos — da esquerda histórica ao nacionalismo conservador — o colocam como nome viável para atrair setores do eleitorado órfãos da polarização.

A possível composição entre Aldo e Ratinho tem racionalidade política. O primeiro aporta densidade institucional e discurso de soberania; o segundo, carisma popular e capilaridade eleitoral no Sul. Não se descarta a hipótese de Ratinho Júnior ocupar a vice — fórmula que abriria espaço para sua consolidação nacional sem o desgaste de liderar diretamente uma candidatura polarizadora.

Nos bastidores de Brasília, a movimentação já é monitorada com atenção. Ratinho tem dado sinais ambíguos: ora se aproxima do Planalto, como na cerimônia dos contratos rodoviários, ora se distancia, como na ausência estratégica na posse de Gleisi Hoffmann. São gestos que revelam um cálculo político apurado — e a tentativa de manter-se como opção livre no tabuleiro.

O desafio dessa articulação é claro: transformar intenção em fato político. Construir uma estrutura partidária sólida, um discurso com base social real e uma candidatura capaz de dialogar com o país profundo, para além do Sul e do agronegócio. A terceira via já naufragou mais de uma vez. A diferença agora será o enraizamento.

Aldo e Ratinho carregam, juntos, os ingredientes para uma alternativa concreta — mas enfrentam uma estrada estreita. A polarização segue viva, e as forças de 2026 já estão em marcha. Se quiserem competir, precisarão provar que não são apenas mais um experimento centrista, mas sim uma resposta viável ao esgotamento do ciclo Lula x Bolsonaro.

A largada já foi dada. E cada passo que Aldo Rebelo e Ratinho Júnior derem a partir de agora pode redesenhar o cenário político do Brasil.

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Aldo Rebelo é um nacionalista que sobreviveu à História

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Ex-ministro Aldo Rebelo debate “Amazônia, a Maldição das Tordesilhas”

Aldo Rebelo é um daqueles personagens que resistem às mudanças do tempo e às intempéries da política. Em mais de quatro décadas de atuação, o alagoano que migrou jovem para São Paulo pavimentou uma trajetória que atravessa regimes, governos e partidos – sempre com um verniz nacionalista e uma visão de Brasil profundamente enraizada na soberania, na cultura popular e na defesa das Forças Armadas.

Filho de um vaqueiro, Aldo tem origem humilde. Viçosa, Alagoas, foi seu berço, mas foi em São Paulo que ele se tornou um nome de projeção nacional. Militante da Ação Popular durante a ditadura, chegou ao PCdoB nos anos 1970 e fez da política institucional o seu campo de batalha. Estreou como vereador em 1988 e, desde então, foram seis mandatos consecutivos como deputado federal, chegando à presidência da Câmara entre 2005 e 2007.

Nos bastidores de Brasília, é reconhecido pela habilidade de articulação e pela capacidade de dialogar com todos os campos ideológicos — inclusive com Jair Bolsonaro, que chegou a fazer lobby por sua indicação ao Ministério da Defesa em 2003. Sob Lula e Dilma, ocupou quatro pastas: Coordenação Política, Esportes, Ciência e Tecnologia, e Defesa. Sempre com uma agenda marcada pelo resgate da soberania nacional, pelo resguardo dos militares e pela resistência ao que considera “excessos globalistas”.

Aldo também é autor de projetos marcantes e, por vezes, controversos. Propôs a obrigatoriedade de adicionar farinha de mandioca ao pão francês, criou o Dia do Saci como antítese ao Halloween e se envolveu numa batalha contra os estrangeirismos na língua portuguesa. Teve papel central na aprovação do Novo Código Florestal, criticado por ambientalistas, mas celebrado por setores do agronegócio.

Nos últimos anos, experimentou uma guinada partidária: saiu do PCdoB em 2017, flertou com PSB, Solidariedade, PDT e, em 2024, desembarcou no MDB. Um caminho que acompanha seu afastamento do campo progressista tradicional e sua aproximação com setores conservadores, sobretudo no debate sobre Amazônia, mineração e ONGs internacionais.

Mesmo após não conseguir se eleger senador por São Paulo em 2022, Aldo não saiu de cena. Tornou-se secretário de Relações Internacionais da prefeitura paulistana sob Ricardo Nunes, reforçando o campo da direita nacionalista. Em 2024, lançou o livro Amazônia, a Maldição das Tordesilhas, com direito a sessão de autógrafos ao lado de Bolsonaro.

Seu nome voltou aos holofotes nas articulações de 2025 para 2026. Nos corredores do poder, circula com desenvoltura. Fala com militares, empresários, evangélicos e ambientalistas dissidentes. Defende o Estado nacional, mas critica o petismo. Questiona ONGs, mas apoia a ciência. Condena a “demonização do garimpo”, mas fala em direitos indígenas.

Aldo Rebelo é, ao mesmo tempo, um sobrevivente e um camaleão político. Um homem de discursos longos, ideias de enraizamento profundo e propostas que, não raro, desafiam o senso comum. Seu maior ativo? A coerência com sua própria contradição: nacionalista, modernizador, antiglobalista e desenvolvimentista, ele segue projetando um Brasil que só existe em sua utopia — ou em seus livros.

No tabuleiro das eleições de 2026, não será surpresa se seu nome reaparecer como alternativa à polarização entre Lula e bolsonarismo. A pergunta que paira é: o Brasil ainda tem espaço para um nacionalista à moda antiga?

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