Mais do que lembrar o massacre de 30 de agosto de 1988 para que ele não se repita, quando a cavalaria pisoteou os professores, os educadores do estado do Paraná agora lutam contra outro tipo de massacre que pode custar sua existência: a substituição da categoria pelas plataformas online em salas de aula e nas 2.100 escolas da rede de ensino básico.
Nesta quarta-feira, dia 30 de agosto de 2023, um importante movimento tomou as escolas e as ruas do Paraná, principalmente em Curitiba.
Professores e funcionários de escolas, tanto aposentados quanto da ativa, se uniram em uma mobilização abrangente que transcende os limites das instituições educacionais.
Essa mobilização carrega consigo um significado histórico de luto e luta pela educação no estado.
A concentração para o ato começou pela manhã em frente à Assembleia Legislativa do Paraná, a ALEP, onde a voz dos educadores aposentados e funcionários da educação foi elevada.
A pauta central continua sendo a valorização desses profissionais essenciais para a formação das futuras gerações.
O foco na educação visa a destacar seu papel crucial na sociedade e reforçar a necessidade de reconhecimento e melhores condições de trabalho.
Enquanto nas ruas a mobilização é direcionada à valorização, nas escolas a ação se manifesta de forma diferente.
Educadores e estudantes unem forças para o “Dia da Plataforma Zero”, uma greve simbólica contra o uso excessivo de dispositivos digitais em sala de aula.
O objetivo é reafirmar a importância da interação humana e dos recursos didáticos tradicionais no processo de aprendizagem, contrapondo o modelo que muitas vezes coloca a tecnologia como protagonista.
É importante ressaltar que essa greve não interrompe totalmente as aulas.
Pelo contrário, ela assegura a continuidade do processo educativo, priorizando métodos que fomentem a aprendizagem significativa.
A greve de plataformas é uma expressão de preocupação com a tendência de centralização excessiva das tecnologias na educação, um cenário que afeta negativamente o aprendizado, atinge a autonomia dos docentes e prejudica a saúde de professores e estudantes.
Além das greves simbólicas e manifestações nas ruas, a mobilização também aborda questões específicas.
Há um chamado à ação para a reformulação da carreira dos agentes educacionais QFEB, visando a correção de perdas salariais históricas.
O Sindicato dos Professores do Paraná (APP) e a Secretaria de Educação (Seed) estão engajadas em debates, cujas propostas serão levadas à Secretaria de Administração e Previdência, buscando uma melhoria estrutural [reformulação da carreira dos agentes educacionais QFEB] por meio de um Projeto de Lei na Assembleia Legislativa.
A mobilização transcende as fronteiras das escolas e atinge todos os cantos do Paraná.
Educadores de diferentes regiões do estado se unem para participar desse evento histórico.
Caravanas organizadas nos 29 Núcleos Sindicais da APP se dirigiram hoje a Curitiba.
A data de 30 de agosto carrega uma memória profunda.
Em 1988, policiais militares reprimiram brutalmente professores que protestavam por melhores condições de trabalho e salários justos.
Esse episódio sombrio uniu a categoria, transformando essa data em um símbolo de luto e luta, afirma a APP.
As consequências desse dia foram muitas conquistas trabalhistas, incluindo o estabelecimento do piso salarial nacional, planos de carreira, concursos públicos e direitos à hora-atividade.
Tais conquistas reafirmam que a luta vale a pena, conclui o sindicato dos professores.
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