A entrevista do ex-presidente Michel Temer (MDB) ao programa Roda Viva da TV Cultura de São Paulo, na noite de segunda-feira (16), foi marcada por uma declaração do entrevistado que reconhece o golpe contra a presidente Dilma Rousseff. Temer chama de golpe o processo de impeachment a que a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) foi submetida.
“O pessoal dizia ‘o Temer é golpista’ e que eu teria apoiado o golpe. Diferente disso, eu jamais apoiei ou fiz empenho pelo golpe”, afirmou.
Temer lembrou ainda de um telefonema que recebeu do ex-presidente Lula, que, segundo ele, pedia que o então vice de Dilma se esforçasse para trazer de volta o MDB para a base governista e unir forças para evitar o “impedimento”.
“A esta altura, eu confesso, que a movimentação popular era tão grande e tão intensa que os partidos estavam mais ou menos vocacionados para a ideia do impedimento”, afirmou Temer. De acordo com o ex-vice-presidente, o telefonema de Lula é uma das provas de que ele não era “adepto do golpe”.
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Apesar do esforço de Temer de “limpar” a sua imagem perante o futuro, a fala do velho político emedebista desmonta por completo a narrativa da Rede Globo e dos outros veículos da mídia corporativa, revelando as tramoias que levaram à deposição da presidente Dilma.
Com certeza, Temer não cometeu um gesto de sincericídio. Ele apenas fez uma leitura política endereçada ao espectro político petista. Ele sabe que a roda da política gira e gira rápido…
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.