Bolsonaro põe fim a grupo que identificava os mortos pela ditadura

Em mais um gesto de desrespeito com as vítimas da ditadura militar, o presidente Bolsonaro pôs fim ao Grupo de Trabalho Perus, que trabalhava na identificação de corpos de desaparecidos políticos enterrados em valas comuns.

O grupo foi extinto no mesmo decreto do presidente que atingiu os conselhos de participação social. Ele era vinculado à Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.

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O trabalho era concluir a identificação de vítimas da repressão política durante a ditadura militar, e foi iniciado em 2014 após determinação da Justiça Federal em ação civil pública.

Bolsonaro sempre criticou as buscas pelos desaparecidos. Posou ao lado de cartaz sobre as buscas na região do Araguaia que dizia: “Quem procura osso é cachorro”.

“Mais do que enterrar os desaparecidos, o governo está implodindo todo um sistema voltado à justiça. O decreto não atinge só o Grupo de Perus, mas também o Grupo de Trabalho Araguaia”, disse a procuradora regional da República Eugênia Gonzaga. Ela é a presidente da comissão, na qual representa o Ministério Público Federal (MPF).

Economia

“A decisão que acaba com os grupos é coerente com as homenagens que Bolsonaro presta ao coronel Ustra. Em vez de se esclarecer o passado, esse governo está interessado em glorificá-lo”, afirmou o jornalista Ivan Seixas. Ele tinha 16 anos quando foi preso em 1971 pelo DOI em companhia de seu pai, Joaquim Alencar Seixas. Ambos eram militantes do MRT.

“Vi meu pai ser torturado e morto no DOI sob o comando de Ustra, e fiquei seis anos preso.” Dois dos companheiros de Seixas estavam na vala de Perus. Trata-se de Denis Casemiro, assassinado sob tortura por policiais do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), da Polícia Civil de São Paulo, e Dimas Casemiro.

As informações são do Estadão.