O governador Beto Richa (PSDB) retomou a guerra contra o judiciário paranaense este fim de semana, depois de aparente trégua de uma semana. O tucano não só cortou repasse à magistratura como também emitiu uma nota oficial marota e desafiadora, via blog do jornalista Fábio Campana, reafirmando que o Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR) tem R$ 700 milhões aplicados em especulação no mercado financeiro.
No mês passado, o secretário de Estado da Fazendo, Mauro Ricardo Costa, cortou os repasses alegando que o TJPR, Ministério Público e Tribunal de Contas do Estado (TCE) especulam no mercado financeiro com sobras orçamentárias e que seriam “ilhas de prosperidade” num estado em crise.
No final da tarde de ontem (26), servidores do judiciário, que são o elo mais fraco nesse tiroteio, reclamaram ao Blog do Esmael que eles são vítimas de uma disputa acerca dos depósitos judiciais. “Na queda de braço pelo o acesso aos depósitos judiciais, quem paga o pato são os servidores do judiciário”, desabafou um servidor, que pediu anonimato.
Outro servidor do judiciário conta que os salários dos servidores têm atrasado com frequência nos últimos 3 meses por conta dessa disputa pelos depósitos judiciais.
A crise institucional entre governo do estado e judiciário contou com um terceiro elemento, o blog Gazeta do Povo, que logo na sequência se desculpou a juízes e promotores em servil editorial: “Diante dessas circunstâncias, a Gazeta do Povo esclarece que jamais teve tal intenção.”
As entidades representativas da magistratura viram no ataque do blog Gazeta do Povo à magistratura uma forma de tirar o foco do governador Beto Richa, alvo de investigações no judiciário, por isso exigiram direito de resposta ao ex-jornal com base na Lei Requião.
Leia a íntegra da nota do governo Beto Richa:
“A Secretaria de Estado da Fazenda já liberou, no dia 22 de fevereiro, R$ 70 milhões para o Tribunal de Justiça. As demais necessidades devem ser atendidas pelo saldo financeiro livre de R$ 700 milhões que está aplicado pelo Tribunal de Justiça no mercado financeiro. Ou esses recursos podem ser devolvidos para o Tesouro, para que possam ser reenviados para o Tribunal de Justiça na forma de duodécimo. Esta é mais uma medida de otimização dos recursos públicos arrecadados pelo Estado.”
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.