Washington Post fulmina Bolsonaro com pedido de impeachment já

Nos Estados Unidos, se depender do jornal Washington Post, o presidente Jair Bolsonaro irá sofrer impeachment já.

O irônico nisso é que Bolsonaro governou os seus dois primeiros anos agarrado ao saco dos americanos, sabotando os interesses nacionais brasileiros.

Agora, o influente WP afirma em editorial que Bolsonaro não deve ter permissão para destruir uma das maiores democracias do mundo.

Na prática, os ventos estão soprando em direção ao vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) –haja vista que os vices, desde a redemocratização, tiveram muita “sorte” no Brasil.

Mourão até já se vacinou, contra a covid, estando apto ao cargo.

Com exceção de FHC e Lula, os demais presidentes foram substituídos pelos vices depois do impeachment. Ou seja, a história conspira contra Bolsonaro.

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Leia a íntegra do editorial:

A Visão do Post

Opinião: O Bolsonaro do Brasil não conseguiu impedir o covid-19. Agora ele pode estar visando a democracia.

Opinião do Conselho Editorial

O BRASIL ESTÁ vivendo um dos piores picos de infecções por covid-19 que o mundo já viu. Na quarta-feira, ele registrou 3.869 mortes, um recorde que representou quase um terço de todas as mortes por coronavírus no mundo naquele dia. Não há fim para a onda à vista: graças à espantosa incompetência do presidente Jair Bolsonaro e seu governo, apenas 2 por cento dos brasileiros foram totalmente vacinados e as medidas de bloqueio necessárias para retardar novas infecções, incluindo de uma variante virulenta que surgiu em Brasil, são praticamente inexistentes.

Em vez de lutar contra o coronavírus, Bolsonaro parece estar preparando as bases para outro desastre: um golpe político contra os legisladores e eleitores que poderiam removê-lo do cargo. Com alguns no Congresso ameaçando impeachment, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva emergindo como um potente adversário nas eleições do ano que vem, Bolsonaro despediu o ministro da Defesa nesta semana e os principais comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica saíram juntos suas posições.

Não foram dadas explicações, mas o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, era conhecido por tratar um presidente que se referiu às Forças Armadas no mês passado como “os meus militares. O Sr. Bolsonaro escolheu seu ex-chefe de gabinete para substituir o Sr. Azevedo e Silva e nomeou um policial próximo à sua família como o novo ministro da Justiça. As medidas foram suficientes para levar seis prováveis ​​candidatos à presidência a emitir uma declaração conjunta alertando que “a democracia brasileira está ameaçada”. “O claro plano de apoio do Bolsonaro”, escreveu o editor-chefe Brian Winter no Americas Quarterly, “é ter tantos homens armados do seu lado quanto possível no caso de um impeachment ou um resultado adverso na eleição de 2022”.

Embora as instituições democráticas do Brasil sejam relativamente fortes após mais de três décadas de consolidação, há motivos para preocupação. Bolsonaro expressou abertamente sua admiração pela ditadura militar que governou o país nas décadas de 1960 e 1970. Admirador de Donald Trump, ele adotou a tática do ex-presidente dos Estados Unidos de alertar sobre fraude nas próximas eleições e exigir que os sistemas de votação eletrônica sejam substituídos por cédulas de papel. Ele apoiou as alegações de Trump sobre fraude eleitoral, e seu filho, um legislador que visitou Washington, DC, na véspera de 6 de janeiro, expressou consternação porque o ataque ao Capitólio não teve sucesso.

O Congresso brasileiro pode propor o impeachment de Bolsonaro por sua péssima gestão da pandemia, incluindo minimizar sua gravidade, resistir às medidas de saúde pública e promover curas charlatanescas. Mas as democracias dos Estados Unidos e da América Latina devem prestar atenção à medida que as eleições do próximo ano se aproximam – e deixar claro para Bolsonaro que uma interrupção da democracia seria intolerável. O presidente brasileiro já contribuiu muito para o agravamento da pandemia covid-19 em seu próprio país e, por meio da disseminação da variante brasileira, pelo mundo. Ele não deve ter permissão para destruir uma das maiores democracias do mundo também.