Depois de 24 anos sob o jugo do pedágio mais caro do mundo, ufa!, o Litoral do Paraná respira aliviado nesta temporada com a rodovia BR 277 sem pedágio. A Ecovias que administrava a praça de São José dos Pinhais, no início da Serra do Mar, praticava os seguintes preços até o encerramento do contrato:
- Automóveis: R$ 23,30
- Motocicletas: R$ 11,70
- Caminhão (3 eixos): R$ 58,50
- Automóveis com carreta de um eixo simples: R$ 35
- Automóveis com carreta de eixo duplo: R$ 46,60
- Veículos comerciais: R$ 19,50 (por eixo)
- Ônibus: R$ 23,30 (por eixo)
Os contratos com as concessionárias venceram e o governo Ratinho Junior (PSD) delegou os trechos das rodovias estaduais para o governo federal [Jair Bolsonaro, do PL] leiloar após as eleições de 2022. O projeto da dupla é implantar 15 novas praças de pedágio, que saltarão das atuais 27 para 42, e alongar por 30 anos a vigência do pedágio. Além disso, a cada obra haverá um reajuste no sistema de degrau tarifário.
“Hoje todos sabem que o pedágio no Paraná foi um instrumento do roubo. Agora com grande propaganda querem mais 15 praças e avançar com a negociata”, criticou o ex-senador Roberto Requião (sem partido).
Apesar da propaganda favorável às pedageiras, poucas obras de qualidade foram realizadas nos trechos pedagiados ao longo desse quarto de século. Até mesmo a velha mídia corporativa, que torce pela volta do jugo, reconhece que menos de um mês após a abertura das cancelas os buracos começaram a surgir: mais um forte motivo para que o poder público queira dizer não às concessionárias.
[Estima-se em R$ 10 bilhões que os usuários de rodovias pagaram a mais, por obras que nunca foram realizadas.]
A tristeza do lobby do pedágio é a alegria do comércio no Litoral do Paraná, no entanto. A expectativa é que ao menos dois milhões de turistas visitem as praias e os municípios litorâneos nos próximos dias. O comércio pode ter o melhor verão desde o início da pandemia, em 2020, com vendas recordes e aluguel de imóveis em alta.
Sem o pedágio, durante a temporada, também aumenta a oferta de empregos e, consequentemente, melhora a renda e o consumo das pessoas.
Durante os últimos 24 anos, o pedágio foi um fardo violento para o setor produtivo paranaense que perdeu competitividade frente a estados vizinhos e países do Mercosul.
As rodovias sem pedágio, sem dúvida alguma, é um fato alvissareiro no alvorecer de 2022.
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Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.