Não haverá registro de chapa ao governo do Paraná pela União Progressista, diz fonte da federação

Crise PP x União abre guerra e isola Moro na disputa pelo governo do Paraná

A crise que encurrala Sergio Moro (União) vai muito além da operação da Polícia Federal na 13ª Vara Federal de Curitiba. O senador enfrenta um terremoto político dentro do próprio campo que deveria sustentá-lo na disputa pelo governo do Paraná em 2026. O Progressistas e o União Brasil, que formam a federação União Progressista, avançam para um racha aberto no estado, e esse impasse pode simplesmente detonar a chapa de Moro nas convenções, deixando-o sem registro para a corrida ao Palácio Iguaçu.

O epicentro dessa disputa será Curitiba, na segunda-feira 8, quando o presidente nacional do PP, o senador Ciro Nogueira (PI), vice-presidente da Federação União Progressista, desembarca para uma reunião decisiva com a executiva estadual. O objetivo declarado é reafirmar a autonomia da seção paranaense do PP.

No último conclave do PP, o partido aprovou o nome da ex-governadora Cida Borghetti para disputar o Palácio Iguaçu. Cida, esposa do deputado Ricardo Barros, já fala como candidata. E é nesse ponto que o conflito explode, porque Moro, integrante da União, também se apresenta como postulante ao governo.

Fontes do PP afirmam ao Blog do Esmael que a direção nacional já tem postura consolidada: se houver divergência entre as convenções dos dois partidos no Paraná, prevalecerá a decisão local. Nada de intervenção de cima para baixo.

O deputado Toninho Wandeescher (PP), líder da bancada paranaense na Câmara, já havia relatado ao Blog que Nogueira empenhou essa palavra meses atrás. O gesto agora se concretiza no pior momento para Moro.

“Se Moro prevalecesse, eu sairia do PP”, disse Wandeescher, ao revelar que a bancada inteira do partido debandaria com a candidatura do ex-juiz ao Palácio Iguaçu.

Uma fonte influente do PP antecipou o que está em jogo.

“Se houver divergência, como há, com União defendendo Moro e o PP sustentando Cida, não haverá registro de chapa. Moro não será candidato pela União Progressista, porque o PP manterá a decisão divergente mesmo que recorram à nacional.”

Essa é a equação que explica a ida urgente de Ciro Nogueira ao Paraná. O comando tenta brecar a debandada de parlamentares e, ao mesmo tempo, evitar que o conflito destrua a federação. Mas, na prática, o recado é direto: Moro está politicamente isolado e sem garantia de legenda.

Se quiser disputar o governo, o ex-juiz terá de buscar abrigo em outras siglas. Não é simples.

O partido Missão, antigo MBL, impõe a Moro um curioso “teste da farinha”. Ele precisaria ler os três volumes do “Livro Amarelo” e ainda fazer um exame psicotécnico resumindo a obra. Uma espécie de rito de iniciação que o ex-juiz dificilmente aceitaria.

O PRTB, de Pablo Marçal, adota postura mais “liberal” para admitir filiados, embora sua agenda seja firmemente alinhada aos interesses dos oligarcas da Faria Lima e travestida de discurso empreendedor que tenta seduzir trabalhadores precarizados.

Enquanto a operação da PF na 13ª Vara segue como sombra incômoda, é a política cotidiana, real e objetiva que hoje coloca Moro em maus lençóis. Sem controle do próprio campo partidário e sem garantia de legenda, sua candidatura ao Palácio Iguaçu corre risco real de não existir no papel.

Continue acompanhando os bastidores da política e do poder pelo Blog do Esmael.

Ciro Nogueira, em Curitiba, deverá reafirmar a autonomia do PP do Paraná. Foto: IG

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