O governador afastado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), deverá sofrer “goleada” nesta quarta-feira (23) na votação de seu impeachment na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Ele é suspeito de corrupção na área da Saúde. Segundo o Ministério Público do Rio, Witzel recebeu propina na compra de equipamentos durante a pandemia com verba da pasta. O processo de impeachment em votação hoje, portanto, é um desdobramento a Operação Tris in Idem, que foi originada nas operações Placebo e Favorito.
Os 70 deputados da Alerj irão decidir hoje sobre a abertura do processo de impeachment do governador. Para o ritual prosseguir, serão necessários 47 votos.
A sessão de abertura do processo de impeachment de Witzel comerá às 15h desta quarta e tem previsão de durar mais de um dia, haja vista que 25 partidos políticos com representação na Alerj têm até uma hora para falar, bem como a defesa do governador.
Após a aprovação do procedimento de impeachment pelo plenário, como previsto, um colegiado misto será formado por cinco deputados e cinco desembargadores do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ). O tribunal terá 120 dias para decidir se Wilson Witzel cometeu crime de responsabilidade ou não.
Do ponto de vista político, Witzel já está fora. O impeachment será uma mera formalização da queda.
Quem ganha com o impeachment do governador Wilson Witzel? Ora, o presidente Jair Bolsonaro que acertou a “cabecinha” do ex-aliado que ousou dizer que pensava disputar a Presidência da República em 2022.
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Família Bolsonaro movimentou mais de R$ 3 milhões em dinheiro vivo em campanhas
As campanhas de Jair Bolsonaro (sem partido) e seus filhos, Flávio (Republicanos-RJ), Carlos (Republicanos-RJ) e Eduardo (PSL-SP) movimentaram desde o ano 2000 cerca de R$ 3 milhões em dinheiro vivo. O levantamento é da Folha de S. Paulo, edição desta quarta-feira (23).
Segundo o jornalão paulistano, o uso de dinheiro vivo sustentou as campanhas eleitorais da família Bolsonaro ao longo dos últimos 25 anos. O clã atua na política desde a eleição de Jair Bolsonaro em 1988.
Desde a minirreforma eleitoral de 2015, os candidatos a cargos eletivos passaram a ter de financiar suas campanhas com recursos próprios e com doações de correligionários ou de partidos políticos (recursos oriundos do Fundo Partidário).
A campanha ainda pode ser financiada pela venda de bens e pela realização de eventos, ou ainda utilizando o Fundo Especial para Financiamento de Campanhas (FEFC).
No entanto, de acordo com a Folha, o uso frequente de dinheiro vivo no financiamento eleitoral repete hábito da família de pagar contas pessoais e até a quitação de imóveis em espécie, costume atualmente investigado no chamado caso das “rachadinhas” na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).
Ao comparar as campanhas dos Bolsonaro com as demais, a reportagem do jornalão afirma que o elevado uso de dinheiro vivo nas campanhas destoa da prática de outras candidaturas bem-sucedidas naqueles anos.
A Folha liga abertamente o financiamento das campanhas dos Bolsonaro às “rachadinhas”, esquema denunciado pelo Ministério Público do Rio, em que “Zero Um”, o filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro, senador Flávio Bolsonaro, estaria sendo envolvido.
Depois de analisar a injeção de recursos em espécie em todas as campanhas do clã Bolsonaro, a Folha lembra que a “rachadinha”, de acordo com os investigadores, foi operada pelo ex-assessor Fabrício Queiroz, que recebeu mais de R$ 2 milhões de 13 assessores de Flávio, de 2007 a 2018, por meio de transferências bancárias e de depósitos em espécie.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.