Faísca atrasada, Globo descobre que Brasil ‘pode’ entrar em depressão econômica

Com atraso de quatro meses, a Globo vê a possibilidade de a economia brasileira ser empurrada pela pandemia do novo coronavírus para a depressão. O Blog do Esmael já dizia que os dados macroeconômicos, antes mesmo da calamidade, indicavam que o pior já estava acontecendo –apesar de a velha mídia blindar o ministro Paulo Guedes.

Nesta quinta-feira (9), como uma faísca atrasada, a Globo admite que a recessão enfrentada pelo Brasil em 2020 será a pior dos últimos 120 anos, qual seja, o governo de Jair Bolsonaro conseguiu dar uma marcha à ré quase ao período do imperador D. Pedro II.

Não iremos omitir a participação de Guedes e da velha mídia nesse desastre econômico, nessa aventura neoliberal, por pressuposto.

É evidente que a depressão econômica ganha velocidade de cruzeiro se o Estado contribui para isso. Uma das fórmulas é cortando salários, reduzindo investimentos públicos e ampliando vantagens para o andar de cima (vide as desonerações na folha de pagamento, etc.). E é exatamente isso que Bolsonaro e Guedes fazem, claro, com os aplausos de banqueiros, especuladores, dos barões da mídia –sobretudo a paulistana.

A depressão econômica é caracterizada pela forte queda do Produto Interno Bruto (PIB) sem que haja uma retomada consistente nos anos seguintes. No âmbito do neoliberalismo, de Guedes e Bolsonaro não há saída no final do túnel.

Nós, os brasileiros, não podemos mais –sob pena de sermos taxados de imbecis– cair no ladainha “semana que vem nós vamos” do ministro Paulo Guedes. Trata-se de “uma semana que nunca chega”, segundo o presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo.

Economia

Para preservar o orçamento da União para os bancos, o governo fingiu que “investiu pesado” no combate à pandemia com recursos paliativos. Basta o curioso leitor comparar com os valores transferidos pelo erário para as casas bancárias nesse período de Covid-19.

No início da pandemia, em março, o Banco Central do Brasil drenou R$ 2 trilhões para os banqueiros e espera vender ativos [participação em estatais e imóveis] para o pagamento de juros e amortizações de dívida interna suspeitíssima, que não resistiria uma auditoria independente.

São insensíveis os governos neoliberais sucedâneos dos petistas Lula e Dilma, que combinavam políticas fiscalistas, do superávit primário, e algum investimento na área social. Agora, caríssimo leitor, a banca quer ficar com tudo mesmo que isso custe a vida de milhões de brasileiros.

A crise econômica só se resolve com a retomada do desenvolvimento, do pleno emprego e da capacidade de consumo de todas as classes sociais. São políticas econômicas keynesianas que, possivelmente, exigirá que o governo imprima dinheiro novo e aumente a dívida para produzir riquezas.

O endividamento nem sempre é coisa ruim para uma pessoa ou um país. Vide os casos dos Estados Unidos e do Japão, que devem mais do que o dobro de seu PIB. O Brasil, ao contrário, não deve nem metade –embora esteja sendo “roubado” há décadas numa dívida auditada.

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Magoado com Paulo Guedes, PSDB distribuiu em carta aberta contra ministro da Economia; leia a íntegra

Publicado em 8 julho, 2020

O presidente Nacional do PSDB, Bruno Araújo, em carta aberta, abriu fogo contra o ministro da Economia, Paulo Guedes, dizendo que ele [até agora] foi apenas o ministro do “semana que vem nós vamos”, ministro de uma semana que nunca chega.

“Até agora, passados 18 meses, o ministro da Economia continua no vermelho, continua devendo”, atacou o dirigente tucano.

Para o presidente do PSDB, mesmo antes da pandemia, o tão esperado crescimento econômico – aquele que Paulo Guedes vivia dizendo que “estava decolando” – nunca ocorreu. “Agora não passa de miragem, sabe-se lá para quando.”

Bruno Araújo bateu melhor e mais doído que qualquer petista jamais tinha batido ainda.

“Cadê o Brasil novo que o atual ministro tanto promete e nunca entrega?”, questionou.

O dirigente nacional do PSDB desafiou Paulo Guedes, o vendedor de óleo de capivaras, a mostrar uma única realização a favor do Brasil.

Segundo Araújo, o ministro da Economia, certamente, deixou para mostrar na semana que vem.

Carta aberta ao ministro Paulo Guedes

O atual ministro da Economia tem sido reincidente em suas declarações públicas contra o PSDB.

Parece coisa de gente que até agora não conseguiu ser parte relevante de um único momento memorável sequer da história do nosso país.

Só isso, ou alguma absoluta amnésia, explica a tentativa do atual ocupante do ministério da Economia de tentar diminuir a relevância do Plano Real ou de outras conquistas econômicas e sociais promovidas pelo PSDB em seus governos.

Paulo Guedes talvez não se lembre, mas a hiperinflação era um mal que consumia o dinheiro das pessoas, tornava os pobres mais pobres e, acima de tudo, destruía qualquer perspectiva de futuro para o país. Paulo Guedes talvez não se importe com coisas desta natureza.

Melhor seria para o país se o ministro ocupasse seu tempo com uma agenda de realizações que busque cumprir o básico de quem está num governo: ajude a melhorar a vida das pessoas, ainda mais num momento tão difícil quanto o atual.

Até agora, passados 18 meses, o ministro da Economia continua no vermelho, continua devendo.

Até agora, Paulo Guedes foi apenas o ministro do “semana que vem nós vamos”, ministro de uma semana que nunca chega.

Ficou sempre para “semana que vem” a apresentação da reforma tributária, a proposta da reforma administrativa que combata privilégios, da privatização de estatais que só servem para sorver dinheiro público.

Cadê o Brasil novo que o atual ministro tanto promete e nunca entrega?

Mesmo antes da pandemia, o tão esperado crescimento econômico – aquele que Paulo Guedes vivia dizendo que “estava decolando” – nunca ocorreu. Agora não passa de miragem, sabe-se lá para quando.

O Brasil moderno, ministro Paulo Guedes, nasceu nos governos do PSDB. Não adianta querer fazer como alguns dos regimes mais repugnantes da história da humanidade, que se dedicaram a deturpar e a tentar reescrever a história. Isso não é coisa de quem preza a democracia.

A lista de realizações é extensa, mas não custa relembrar.

Além do excepcional Plano Real, que trouxe estabilidade econômica e inédita transferência de renda, beneficiando sobretudo os mais pobres, tivemos as privatizações, como a da telefonia, que levou celulares a todos os brasileiros; a Lei de Responsabilidade Fiscal; a criação dos programas de transferência de renda; a universalização do ensino fundamental, de tempos em que o Ministério da Educação cuidava de educação; e a criação dos medicamentos genéricos, de quando o país tinha ministro da Saúde.

No período em que o PSDB fazia tudo isso, Jair Bolsonaro, o chefe do atual ministro, mantinha-se gostosamente abraçado ao Partido dos Trabalhadores na trincheira contra a modernização do país. Votava contra todas as reformas, contra o Plano Real, contra as privatizações e sempre pela manutenção e pela ampliação de privilégios e interesses corporativos. Talvez seja isso que explique a raiva que Paulo Guedes sente pelo PSDB…

Mais tarde, na firme oposição ao PT, o PSDB fincou pé na defesa das instituições, no combate aos abusos, na denúncia incansável dos erros de um governo que levou o país a uma crise econômica, social, política, ética e moral de proporções até então inéditas. E Paulo Guedes, onde estava?

Não é só o passado que nos diferencia do atual ministro. O presente também nos coloca em lados opostos.

Enquanto Paulo Guedes continuava prometendo um novo mundo “para a semana que vem”, o PSDB atuava para tornar possíveis as mudanças que o país precisa.

Já durante o governo Bolsonaro, o PSDB esteve à frente das principais realizações econômicas recentes, levadas adiante pelo seu empenho legislativo, como a reforma da Previdência e o novo marco do saneamento, ambos conduzidos por parlamentares tucanos no Congresso Nacional.

Ficam as perguntas: e Paulo Guedes, o que tem para mostrar? O que o atual ministro da Economia está esperando para começar a fazer alguma coisa pelo Brasil? Quando vai pelo menos indicar que sabe pelo menos como fazer? Vai trabalhar ou vai continuar na sanha inútil contra quem realmente realizou mudanças e promoveu benefícios para todos os brasileiros?

Bruno Araújo
Presidente Nacional do PSDB