Cargas do novo coronavírus atingem patamar elevado nos esgotos de quatro capitais nas últimas semanas

► Entre o fim de junho e o início de julho, as cargas do novo coronavírus subiram nos esgotos de Belo Horizonte, Brasília, Curitiba e Fortaleza. Em Recife, as cargas permaneceram num patamar baixo

► Em Curitiba, a carga foi de 406 bilhões de cópias por dia para cada 10 mil habitantes

A Rede Monitoramento COVID Esgotos publica Nota de Alerta nº 10/2022 informando sobre a elevação significativa das cargas do novo coronavírus (SARS-CoV-2) nos esgotos de quatro das seis capitais acompanhadas: Belo Horizonte, Brasília, Curitiba e Fortaleza.

Esse documento aponta para a tendência de aumento das cargas do vírus nas capitais cearense e mineira e a manutenção das cargas virais num patamar elevado em Brasília e Curitiba nas semanas epidemiológicas 25 (de 19 a 25 de junho) e 26 (de 26 de junho a 2 de julho). 

A tabela a seguir apresenta a variação da média móvel das últimas duas semanas epidemiológicas monitoradas e tendências de aumento, redução ou estabilidade na carga viral presente nos esgotos de Belo Horizonte, Brasília, Curitiba e Fortaleza.
Cargas virais do novo coronavírus nos esgotos de quatro capitais e tendências nas últimas semanas epidemiológicas 

Conforme a Nota de Alerta, o registro de cargas virais nessas quatro cidades tem sido acompanhado pelo aumento do número de casos de COVID-19 na maioria das regiões monitoradas.

Com isso, segue sendo necessária a manutenção das medidas de prevenção e controle para a redução da disseminação do vírus causador da pandemia em todas nessas cidades.

Além disso, nesse cenário o monitoramento dos esgotos realizado pela Rede segue sendo uma ferramenta para o acompanhamento dos efeitos das medidas de flexibilização para a circulação do novo coronavírus. 

O Boletim de Acompanhamento nº 16/2022 da Rede Monitoramento COVID Esgotos, com dados das semanas epidemiológicas 22 (de 29 de maio a 4 de junho) a 25 (de 19 a 25 de junho), informa que Recife teve uma elevação da carga viral nos pontos monitorados, que saltou de zero para 16,8 bilhões de cópias do vírus por dia para cada 10 mil habitantes entre as semanas 22 e 24 (de 12 a 18 de junho).

Já na semana 25 a carga do novo coronavírus caiu para 6,2 bilhões de cópias por dia para cada 10 mil habitantes – patamar considerado baixo. 

Entre as semanas 22 e 25, o monitoramento foi interrompido no Rio de Janeiro e, por isso, o Boletim nº 16/2022 não contém dados da capital fluminense.

Esse monitoramento está previsto para retornar em breve. Veja as informações por cidade a seguir. 

Belo Horizonte (MG) 
Em Belo Horizonte a Rede Monitoramento COVID Esgotos verificou um forte aumento da carga do novo coronavírus no esgoto que chega às estações de tratamento de esgotos Arrudas e Onça – que atendem a cerca de 70% da população belo-horizontina e parte de Contagem (MG) – a partir da semana epidemiológica 18 (de 1º a 7 de maio).

Por isso, a Rede emitiu a Nota de Alerta nº 07/2022. Já na semana 21 (de 22 a 28 de maio) a carga do novo coronavírus atingiu o maior patamar desde abril de 2020, quando começou o monitoramento na capital mineira: 708 bilhões de cópias do novo coronavírus por dia para cada 10 mil habitantes.

Na semana epidemiológica 26 (de 26 de junho a 2 de julho) as cargas virais continuaram elevadas em Belo Horizonte: 304 bilhões de cópias do vírus por dia para cada 10 mil habitantes.
Evolução da carga viral no esgoto de Belo Horizonte 

Brasília (DF) 
Entre as semanas epidemiológicas 19 (de 8 a 14 de maio) e 22 (de 29 de maio a 4 de junho), a carga do novo coronavírus nos esgotos das oito estações de tratamento de esgotos (ETEs) do Distrito Federal monitoradas teve uma elevação expressiva e, por isso, a Rede emitiu a Nota de Alerta nº 09/2022. Se na semana 22 a carga atingiu 1,34 trilhão de cópias do vírus por dia para cada 10 mil habitantes, na semana 24 (de 12 a 18 de junho) a carga foi ainda maior: 1,58 trilhão de cópias por dia para cada 10 mil habitantes.

Já na semana 25 (de 19 a 25 de junho) a carga caiu para 1,1 trilhão de cópias – patamar que segue elevado no Distrito Federal. Esses dados são medidos em sete das oito estações de tratamento de esgotos que tratam o esgoto de aproximadamente 80% da população.

O número de novos casos confirmados de COVID-19 no Distrito Federal também tem aumentado sistematicamente nas últimas semanas, conforme o gráfico a seguir.
Evolução da carga viral no esgoto do Distrito Federal  

Curitiba (PR) 
Curitiba tem registrando um aumento sistemático das cargas virais em seu esgoto desde a semana epidemiológica 16 (de 17 a 23 de abril), quando foi registrada uma carga de 214,2 bilhões de cópias por dia para cada 10 mil habitantes.

Já na semana 21 (de 22 a 28 de maio) a carga chegou a 880 bilhões de cópias por dia – segundo maior valor já registrado desde o início do acompanhamento em março de 2021, sendo superado somente pelos 1,14 trilhão de cópias por dia registrados na semana 3 (de 16 a 22 de janeiro).

Enquanto na semana 26 (de 26 de junho a 2 de julho) a carga foi de 406 bilhões de cópias por dia para cada 10 mil habitantes – patamar que ainda segue elevado. 

Os dados de carga do novo coronavírus em Curitiba considera a soma das cargas das cinco estações de tratamento de esgotos monitoradas, que atendem toda população de Curitiba e uma parte da população da região metropolitana.

O número de novos casos confirmados de COVID-19 na cidade nas últimas semanas tem seguido as mesmas tendências de aumento ou redução das cargas de SARS-CoV-2 registradas no esgoto, conforme o gráfico abaixo.
Evolução da carga viral no esgoto de Curitiba 

Fortaleza (CE) Na semana epidemiológica 22 (de 29 de maio a 4 de junho), a Rede Monitoramento COVID Esgotos registrou uma carga do novo coronavírus no esgoto de Fortaleza no patamar de 45,1 bilhões de cópias do vírus por dia para cada 10 mil habitantes.

Desde então, as cargas vêm subindo na capital cearense e chegaram a 1,35 trilhão de cópias por dia para cada 10 mil habitantes na semana 26 (de 26 de junho a 2 de julho).

Desde janeiro deste ano, não eram registradas cargas virais tão elevadas no esgoto de Fortaleza. O valor da carga viral total para o esgoto da capital cearense corresponde à soma das cargas das três estações de tratamento de esgotos monitoradas, que atendem a cerca de 65% da população da cidade.

O número de novos casos suspeitos e confirmados de COVID-19 também vem aumentando sistematicamente em Fortaleza desde a semana epidemiológica 22, conforme o gráfico a seguir.
Evolução da carga viral no esgoto de Fortaleza 

Recife (PE) Em Recife, entre as semanas epidemiológicas 22 (de 29 de maio a 4 de junho) e 25 (de 19 a 25 de junho), a Rede Monitoramento COVID Esgotos registrou uma variação da carga viral, que oscilou de zero (semana 22) a 16,8 bilhões de cópias do vírus por dia para cada 10 mil habitantes (semana 24).

Essa carga caiu para 6,2 bilhões de cópias por dia para cada 10 mil habitantes – patamar baixo – na semana epidemiológica 25. Segundo o Boletim de Alerta nº 10/2022, a tendência é de queda da carga viral considerando os dados das semanas 25 e 26.
Evolução da carga viral no esgoto de Recife 

Sobre a Rede Monitoramento COVID Esgotos 
A Rede Monitoramento COVID Esgotos, lançada em webinar realizado em 16 de abril de 2021, acompanha as cargas virais e concentrações do novo coronavírus no esgoto de seis capitais e cidades que integram as regiões metropolitanas de: Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Recife e Rio de Janeiro. Esse trabalho busca ampliar as informações para o enfrentamento da pandemia atual.  

Nesse sentido, os resultados gerados sobre a ocorrência do novo coronavírus no esgoto das cidades em questão podem auxiliar as autoridades locais de saúde na tomada de decisões relacionadas à manutenção ou flexibilização das medidas de controle para a disseminação da COVID-19.

Também podem fornecer alertas precoces dos riscos de aumento de incidência do vírus de forma regionalizada. 

Com os estudos o grupo pretende identificar tendências e alterações na ocorrência do vírus no esgoto das diferentes regiões monitoradas, o que pode ajudar a entender a dinâmica de circulação do vírus. Outra linha de atuação é o mapeamento do esgoto para identificar áreas com maior incidência da doença e usar os dados obtidos como uma ferramenta de alerta precoce para novos surtos, por exemplo. 

A Rede é coordenada pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e INCT ETEs Sustentáveis com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e conta com os seguintes parceiros: Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Além disso, a Rede conta com a parceria de companhias de saneamento locais e secretarias estaduais de Saúde.