Bolsonaro procrastina vacinação porque quer ainda promover a cloroquina

Algumas coisas não precisam ser ditas porque são óbvias. O presidente Jair Bolsonaro procrastina a compra e vacinação em massa porque ele ainda quer promover a hidroxicloroquina, segundo autoridades sanitárias, droga cientificamente não comprovada no tratamento do vírus.

O fato é que não há evidência científica até o momento de que a hidroxicloroquina e a cloroquina sejam eficazes e seguros no tratamento da COVID-19.

A questão supostamente ideológica contra a vacina parece ser mais uma cortina de fumaça para esconder o que realmente há por detrás dessa discussão insana aos olhos do distinto público: “business”, “money”, “bufunfa”.

A notícia de que países europeus e os Estados Unidos começaram a vacinação em massa elevou a pressão sobre governadores e prefeitos. O de Curitiba, Rafael Greca, por exemplo, garantiu compra de um lote do Instituto Butantan, de São Paulo, enquanto o governador do Maranhão, Flávio Dino, foi ao Supremo para poder comprar o imunizante diretamente da China.

“O Butantan, quando concluir o seu trabalho e tiver sua vacina registrada, nós avaliaremos a demanda e, se houver demanda e houver preço, nós vamos comprar”, disse nesta terça-feira (8) o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, após um bate-boca com o governador de São Paulo, João Doria, que havia perguntado se o Ministério da Saúde pretendia adquirir a CoronaVac, que é produzida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, vinculado ao governo paulista.

“Volto a colocar para o senhor [Doria] que o registro é obrigatório e, havendo demanda, havendo preço, todas as vacinas, todas as produções serão alvo de nossa compra”, afirmou Pazuello, que se reuniu hoje à tarde com governadores.

Economia

Pelo Twitter, a presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), questionou como Pazuello é capaz de dizer que vai comprar vacina do Butantan só se houver demanda. “Esse homem vive em Marte? Não tem seringa, não tem logística, Brasil pegou só 10% das vacinas! 177 mil mortos, 6,6 mi de casos, contaminação alta, UTIs no limite. Só pode ser má fé!”, protestou.

O ex-presidente Lula disse que nunca um ministro da Saúde, em seu governo, falaria em um “prazo de 60 dias” para terminar de avaliar uma vacina crucial em meio a uma pandemia, que já matou mais de 170 mil pessoas.

Enquanto Bolsonaro e o governo apostam na hidroxicloroquina e na cloroquina, governadores e prefeitos de capitais jogam suas ficham numa “Lei da Covid”, aprovada no Congresso, que autoriza vacinas contra a Covid-19 que conseguirem registros em agências internacionais deverão ser liberadas para uso emergencial no Brasil.

Governadores deram 72 horas para que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) se manifeste sobre essa liberação.

A legislação citada pelos governadores é a lei 13.979, de fevereiro, que define ações para enfrentar a pandemia do novo coronavírus. Ela recebeu em maio o complemento da lei nº 14.006.

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