A “nota de repúdio” de Rodrigo Maia

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), vulgo “Botafogo”, é o típico cidadão que aderiu às “notas de repúdios” ao invés de usar o poder que tem para uma ação mais efetiva.

Maia disse que ficou horrorizado com a agressão a jornalistas, hoje, e com a ameaça às enfermeiras, ontem. Os agressores são correligionários do presidente Jair Bolsonaro, que, como praxe, também costumam agredir “Botafogo” pelas redes sociais.

“Ontem enfermeiras ameaçadas. Hoje jornalistas agredidos. Amanhã qualquer um que se opõe à visão de mundo deles. Cabe às instituições democráticas impor a ordem legal a esse grupo que confunde fazer política com tocar o terror”, escreveu Maia.

O diabo é que o presidente da Câmara, regimentalmente, é o homem que poderia abreviar o sofrimento do povo brasileiro instalando o impeachment de Bolsonaro. Não o faz porque não tem coragem. Prefere ficar “apanhando” dos bolsominions.

A “notinha de repúdio” de Maia é apenas mais uma “notinha de repúdio”. No essencial, ele continua acelerando as votações de interesse de Bolsonaro, Paulo Guedes, dos banqueiros e da velha mídia. As pautas deles “unificadas” atacam os trabalhadores brasileiros.

Apesar do horror pela agressão física aos jornalistas e enfermeiros, eles [velha mídia, bancos, Bolsonaro, Guedes, et caterva] são farinha do mesmo saco. Agridem a todos nós com retirada de direitos. Nos roubam o presente e o futuro –e depois divulgam uma “notinha de repúdio”.

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Barracas do Véio da Havan no acampamento pró-Bolsonaro em Brasília

Bolsonaro vai nomear novo diretor-geral da PF nesta segunda-feira

O presidente Jair Bolsonaro disse neste domingo (3) que amanhã, segunda-feira (4), irá nomear o novo diretor-geral da Polícia Federal. Sem citar nome do futuro comandante do órgão, o presidente afirmou que “chegou no limite” e “daqui para frente não tem mais conversa” e a Constituição “será cumprida a qualquer preço”.

Bolsonaro ficou irritado a semana inteira por causa da decisão do ministro do STF, Alexandre de Moraes, que suspendeu a nomeação de Alexandre Ramagem para a PF. Até agora, a Polícia Federal segue com a estrutura antiga.

“Vocês sabem que o povo está conosco, as forças armadas ao lado da lei, da ordem, da democracia, liberdade também estão ao nosso lado. Vamos tocar o barco, peço a Deus que não tenhamos problema nessa semana, porque chegamos no limite, não tem mais conversa, daqui para frente, não só exigiremos, faremos cumprir a Constituição, ela será cumprida a qualquer preço. Amanhã nomeados novo diretor da PF, e o Brasil segue seu rumo”, afirmou em discurso publicado nas suas redes sociais.

Parte da Praça dos Três Poderes, em Brasília, foi tomada hoje por manifestantes pró-Bolsonaro. Eles acamparam em frente ao Congresso Nacional e, nesta tarde, se deslocara até o Palácio do Planalto, de onde o presidente da República os saudou.

Jair Bolsonaro recebeu a manifestação de apoio algumas horas depois de o ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, depor na Superintendência da Polícia Federal de Curitiba. Após 8 horas de interrogatório, o ex-juiz teria entregado áudios e mensagens que comprovariam a tentativa de interferência do presidente nas investigações da PF e do Supremo Tribunal Federal.

Apesar de as barracas serem padronizadas [Made in Véio da Havan], Bolsonaro jurou que a manifestação organizada em Brasília foi espontânea, com chefes de família, “pela governabilidade, democracia e liberdade”. Ele disse ainda que tem o povo ao seu lado e as Forças Armadas ao lado do povo pela “lei, ordem, democracia e liberdade.

Bolsonaro voltou a defender a volta ao trabalho e criticou governadores e prefeitos que estariam, de forma irresponsável, destruindo empregos. “Brasil como um todo reclama volta ao trabalho, essa distribuição de empregos irresponsável por parte de alguns governadores é inadmissível, o preço será muito alto na frente, desemprego, miséria”, afirmou.

Para o presidente Jair Bolsonaro, “o País de forma altiva vai enfrentar seus problemas, sabemos do efeito do vírus, mas infelizmente muitos serão infectados, infelizmente muitos perderão suas vidas também, mas é uma realidade, e nós temos que enfrentar. Não podemos fazer com o que o efeito colateral do tratamento do combate ao vírus, seja mais danoso que o próprio vírus”.

O Brasil tem 97.929 casos do novo coronavírus (Sars-CoV-2) confirmados e 6.777 mortes, neste domingo, segundo o Ministério da Saúde e secretarias estaduais de saúde.

Moro no Fantástico

Aumentam as apostas de que o ex-ministro Sérgio Moro reservou para o programa Fantástico, da Globo, a “bomba” contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Numa entrevista à Veja, esta semana, o ex-ministro disse ter provas de que o ex-chefe tentou interferir em investigações da Polícia Federal e do Supremo Tribunal Federal.

Após depoimento de mais de 8 horas, na Polícia Federal de Curitiba, em inquérito aberto a pedido da PGR, Moro ainda não falou com a imprensa e ele deve estar com tremedeira por causa dessa abstinência.

Até agora, o ex-ministro só escreveu um lacônico Twitter: “Há lealdades maiores do que as pessoais”.

Sempre foi uma praxe do ex-juiz da Lava Jato vazar seletivamente informações para a velha mídia, que vestiu sua camisa nos últimos seis anos. Possivelmente, Sergio Moro usara desse mesmo expediente para atingir Bolsonaro –seu hipotético adversário eleitoral em 2022.

Para o advogado Wadih Damous, ex-deputado e ex-presidente da OAB do Rio, acerca do depoimento, disse que “ou dali sai uma bomba nuclear que leva Bolsonaro e seu governo de roldão ou a montanha terá parido um rato”.

“Aliás, se ex-juiz tinha tantas provas por que não denunciou o seu ex-chefe a tempo e a hora? Prevaricou. E mostrou ser mau caráter”, disparou Damous.

Aparecendo ou não no Fantástico, na noite deste domingo (3), Sérgio Moro já está em franca campanha. O ex-ministro e ex-juiz espalhou outdoors pela cidade de Curitiba, com sua foto, dizendo “Faça a coisa certa, sempre!”. A peça publicitária é “assinada” pelas hashtags #somostodossergiomoro #somostodoslavajato e pelos movimentos fake “Vem Pra Rua” e “Lava Togas”.