PT pressiona pela instalação da CPI da Covid no Senado

  • Líder Paulo Rocha (PT-PA) diz que temor de Bolsonaro é prova de que foi omisso. “Ele é o presidente e deve ser responsabilizado por atos genocidas durante a pandemia”, avisa

O PT mantém pressão máxima pela instalação da CPI da Covid para apurar as responsabilidades do governo Bolsonaro na condução desastrosa do enfrentamento da pandemia, que já tirou a vida de 353 mil pessoas. Nesta segunda-feira, 12, o líder do PT, senador Paulo Rocha (PA), e os demais integrantes da bancada reacenderam as críticas ao presidente Jair Bolsonaro, flagrado em novas conversas constrangedoras no final de semana. Todos querem apurar as responsabilidades do ex-capitão do Exército.

“Bolsonaro está com medo e a conversa com o senador pode ser mais uma prova da sua omissão”, comentou Paulo Rocha. “Ele é o presidente e deve ser responsabilizado por suas omissões e seus atos genocidas durante a pandemia”, criticou. “A saída da crise é o impeachment”, reforça o senador Jean Paul Prates (PT-RN), líder da Minoria no Senado. “Bolsonaro passou de todos os limites. Ele já ‘ticou’ praticamente todas as condutas tipificadas como crime de responsabilidade em lei”.

No domingo, o senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) divulgou o áudio de uma conversa que teve com Bolsonaro, no sábado à noite, em que o presidente cobra a ampliação do escopo da CPI, que deve ser instalada nos próximos dias. Na conversa, Bolsonaro aponta que governadores e prefeitos devem ser investigados pela CPI – o que seria inconstitucional – e, de quebra, sugere a Kajuru pressão no STF para inviabilizar a CPI. O senador é autor do pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes.

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Senadores ditos independentes, combinam o jogo com o Bolsonaro para sabotar a CPI da Covid e salvar a pele do presidente, transferindo a responsabilidade da gestão de combate à pandemia para governadores e prefeitos. Além disso, conspiram contra ministros do STF. Querem enganar o povo. É uma vergonha, adverte o senador Rogério Carvalho (PT-SE)

“Do limão, uma limonada”

“Você tem de fazer do limão uma limonada. Tem de peticionar o Supremo para colocar em pauta o impeachment (de ministros) também”, disse Bolsonaro ao senador. “Sabe o que eu acho que vai acontecer, eles vão recuperar tudo. Não tem CPI… não tem investigação de ninguém do Supremo”, insistiu Bolsonaro, durante a conversa.

O senador Rogério Carvalho (PT-SE) reagiu indignado à conversa entre o presidente e Kajuru. “Senadores ditos independentes, combinam o jogo com o Bolsonaro para sabotar a CPI da Covid e salvar a pele do presidente, transferindo a responsabilidade da gestão de combate à pandemia para governadores e prefeitos. Além disso, conspiram contra ministros do STF. Querem enganar o povo. É uma vergonha”, advertiu o parlamentar.

Economia

Em março, apresentei uma notícia-crime para que o STF investigue a postura do presidente, que é réu confesso, insensato e insensível diante do sofrimento dos brasileiros e brasileiras, lembra o senador Jaques Wagner (PT-BA)

Jean Paul classifica como leviana a tese sustentada por Bolsonaro, que se insurgiu contra os governadores que vêm adotando medidas de isolamento social para tentar conter a propagação da doença, desde o ano passado. Nas redes sociais, o senador ainda divulgou manifesto contra ameaças à independência do Judiciário. Ele considera graves as movimentações do presidente para tentar distribuir as responsabilidades e criticou o comportamento de Bolsonaro. “Não é papel do Senado investigar governadores e prefeitos”, disse o senador petista.

Também o ex-ministro da Saúde no governo Lula, o senador Humberto Costa (PT-PE), reiterou a necessidade de instalação urgente da comissão. Ele disse que somente a instalação da CPI poderá ampliar a investigar e apurar as responsabilidades pela política genocida do governo federal. Nas redes sociais, Humberto divulgou vídeo antigo com Bolsonaro apelando ao STF para instalação de CPI nos governos do PT. “De que tem medo Bolsonaro?”, questionou.

O senador Jaques Wagner (PT-BA) foi às redes sociais para apontar que a responsabilidade pela catastrófica condução da crise sanitária e humanitária que o país enfrenta, com mais de 4 mil mortos por dia, é do presidente da República. “Em março, apresentei uma notícia-crime para que o STF investigue a postura do presidente, que é réu confesso, insensato e insensível diante do sofrimento dos brasileiros e brasileiras”, disse.